Capítulo 12

Assim que Lucca e Nicola saíram do carro, Riccardo se voltou para Giovanna, pegou os documentos que estavam dentro do seu paletó e disse-lhe:

- Espero que me escute com bastante atenção, Giovanna. Primeiro, porque eu não sou o tipo de homem que gosta de ficar repetindo as coisas; segundo, porque o que eu vou lhe dizer a partir de agora poderá ser um divisor de águas para as nossas vidas.

Giovanna, que encarava os olhos de Riccardo com leveza, sentiu um frio na espinha ao escutar aquelas palavras: o que iria acontecer a partir de agora?

- Ao aceitar entrar neste avião, a senhorita estará deixando para trás tudo o que viveu até este momento. Quero que a senhora apague toda e qualquer lembrança de todos que a cercaram até esse dia. A senhorita terá uma nova vida, em outro lugar e será obrigada a deixar tudo para trás, nunca mais irá ver nem ouvir falar das pessoas que aqui estarão.

- Nem a minha família?

- De início, nem a sua família. Depois podemos estudar a hipótese de traze-los para o nosso lado. Mas não pense que isso será num período curto de tempo.

- Porque o senhor está me ajudando? Até agora eu não entendi a razão por detrás do senhor ter vindo até aqui para me sequestrar.

- A razão pela qual a senhora está dentro desse carro agora tendo a oportunidade de sair dessa cidade de m*rda é que temos um, digamos, inimigo em comum.

- O senhor está se referindo ao Diego?

- Sim, seu esposo é um assassino. Há alguns anos atrás ele e seus homens mataram o meu pai. E eu não sou homem de deixar isso passar impune, ele terá o que merece e isso estará começando a partir de agora, se a senhora vir comigo.

- O senhor vai me matar? O que o senhor pretende fazer comigo? – Era visível que o pânico estava tomando conta de Giovanna, só pelo aumento de volume nas suas palavras – Eu não tenho nada a ver com os negócios dele, eu juro.

- Eu sei que a senhora não tem nada a ver com os assuntos dele. E eu não pretendo matar a senhora, eu tenho outros planos: eu vou me casar com a senhora.

Ao ouvir os planos do homem, Giovanna sentiu um zumbido nos seus ouvidos, não poderia estar ouvindo direito. – Se casar comigo? O senhor andou bebendo? Eu já sou casada.

- Eu sei e já tenho os meus meios de resolver esse impasse. Acontece que eu não vou obriga-la a fazer isso, por isso estou tendo essa conversa com a senhora: se a senhora estiver disposta a largar tudo pra trás, se unir a mim e aos meus homens para se vingar do Diego, a senhora poderá ter sua vida de volta ao lado daqueles com quem se importam de verdade com a senhora e eu terei me vingado do homem que matou meu pai. Todos saímos ganhando. E, então, o que me diz?

- Eu não sei... eu preciso de tempo pra pensar... não posso decidir dessa forma, eu preciso de tempo... – Giovanna estava completamente alheia, era muita informação para processar. Ela ameaçou sair do carro, precisava de ar.

Ao levar a mão para a porta, Riccardo a segurou pelo braço, entregou os documentos que tirou das suas mãos mais cedo e disse:

- Não demore muito, eu te darei 15 minutos pra senhora pensar, nada mais do que isso. Espero que pense com cuidado. Sei que não está sendo fácil, mas as coisas podem se tornar caso a senhora venha conosco. Terás a chance de recomeçar num lugar longe do lixo do seu marido.

E dizendo isso, ele saiu do carro primeiro, deixando-a completamente perdida em seus pensamentos.

- O que fazer? Se eu for, terei de ser a esposa de um homem que eu não conheço, nunca ouvi falar, não sei ao menos o seu nome. Mas se eu ficar e Diego conseguir descobrir onde estou? Ele irá me matar com suas próprias mãos. Jamais, não posso correr o risco de ser capturada pelo Diego novamente.

Giovanna abriu a porta do carro, olhou em volta procurando o homem que lhe fez a proposta. Quando o avistou há alguns metros de distância, de costas para ela, olhando para o celular.

Decidida, caminhou até ele e disse:

- Posso ao menos saber o nome do meu futuro marido? – Ela tentou parecer corajosa, mas não conseguiu esconder o medo quando ele se virou para trás e a encarou.

- Claro que pode, minha querida e amada esposa. – com um sorriso no canto dos lábios, ele guardou o celular no bolso e abotoou o botão do paletó - Me chamo Riccardo. Riccardo Salvatore.

Ao dizer o seu nome, Riccardo deu um passo, se aproximou ainda mais de Giovanna, que ficou imóvel (não conseguia se mexer), hipnotizada por aquele olhar, abraçou a sua cintura, a trouxe mais para perto (seus corpos colados um no outro), olhou no mais profundo dos seus olhos e disse:

- Espero que tenhamos uma vida longa juntos, Sra. Salvatore.

Ao dizer isso, ele a soltou pegou os documentos e sua mão e caminharam juntos até o avião. Enquanto caminhava ao seu lado, Giovanna tentava fazer com que seu coração desacelerasse, esperando em Deus que ela tivesse feito a escolha certa.

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