Capítulo 18

Mais do que sua preocupação com o que acabara de acontecer, Giovanna só pensava em como iria dividir a cama com Riccardo. As coisas não tinham como piorarem, do ponto de vista dela.

Assim que a porta do banheiro se abriu, Riccardo caminhou com uma toalha amarrada na cintura. Giovanna, com vergonha do ocorrido, fingiu que estava dormindo, mas não o fez antes de dar uma conferida no corpo do “marido”.

- Meu Deus, como ele é gostoso. – Pensou, sentindo o rosto enrubescer.

- O que disse? – Perguntou Riccardo de dentro do closet.

Ao invés de responder, Giovanna permaneceu imóvel fingindo estar dormindo. Já tinha passado vergonha demais num curto período de tempo. Riccardo deitou na cama, também bastante apreensivo com a situação.

Assim os dois ficaram deitados de costas um para o outro, torcendo para que a noite passasse rápido que seus corpos não cedessem à tentação. Afinal, ambos eram homem e mulher e a atração entre eles estava tornando-se palpável. A questão era: até quando iriam aguentar manter o celibato? Só o tempo dirá.

Na manhã seguinte, Giovanna acorda e percebe que está sozinha na cama. Olhando ao redor, ela não vê nenhum sinal da presença dele no quarto. Andando pelo cômodo e constatando que realmente estava sozinha, respirou aliviada.

Observando seu reflexo no espelho do banheiro, viu o quanto a noite não foi generosa com ela. Sem muitas opções do que fazer, vasculhou os armários atrás de uma escova de dentes nova que pudesse usar.

Quando encontrou, fez sua higiene pessoal e partiu em direção de encontrar Riccardo para pedir que a levasse às compras. Afinal, ela precisava de roupas, sapatos, acessórios e produtos de higiene.

Saindo para o corredor, sentiu um cheiro maravilhoso vindo da cozinha. Provavelmente a Dona Marilia estava providenciando o café da manhã. Giovanna acelerou para poder ajuda-la no que fosse possível, mesmo sabendo não ser uma cozinheira de mão cheia.

- A senhora chegou na hora certa. – Disse Dona Marilia com um sorriso singelo no rosto enquanto tirava do fogo uma panqueca.

- Huuuuum, a casa esta tomada de um cheiro maravilhoso, não poderia deixar de vir. – Respondeu Giovanna enquanto ia se sentando à mesa já posta. – Falando nisso, onde está Riccardo, a senhora o viu?

- Sim, o Senhor Riccardo saiu bem cedinho para sua corrida matinal. Todos os dias ele acorda antes do amanhecer e sai para correr. Mas quando retorna eu ainda estou terminando de preparar o café da manhã. Vejo que hoje ele decidiu prolongar o tempo, pois ainda não retornou.

- Entendi. A senhora trabalha a muito tempo pra ele, Dona Marilia? – Giovanna resolveu investigar mais sobre Riccardo.

- Sim, eu o conheço desde quando era um garoto. Eu trabalhava na casa dos seus pais, que Deus os tenha em bom lugar. Ele e o irmão, Nicola, sempre foram bastante alegres, cheios de vida, a casa vivia sempre movimentada, tinha churrascos, festas e eventos, mas desde a morte do pai, eles nunca mais voltaram à mansão. –Terminou a frase com um tom de pesar.

- Mas o que aconteceu com os pais deles?

- Pelo que eu escutei os seguranças falando, o pai foi brutalmente assassinado e a mãe, ao descobrir a morte do marido, entrou numa depressão profunda; não saia mais do quarto, não queria saber de comer, foi definhando na cama até que no primeiro aniversario que casamento sem o marido, ela se suicidou.

Giovanna colocou a mão à boca de espanto com os acontecimentos. Ficou imaginando Riccardo passando por tudo isso num curto espaço de tempo. Não poderia imaginar viver sua vida sem a presença dos pais. Ela não suportaria.

- Então, muito me alegra saber que o meu menino encontrou uma boa moça para formar uma família e desejo, do mais intimo do meu coração, que vocês sejam felizes.