Capítulo 13

Kessiane Black

Meu companheiro estava sentado em uma pedra com a calça arreada para baixo enquanto uma mulher de cabelos pretos estava nua cavalgando sem pudor no seu membro.

Me senti humilhada, traída e manipulada enquanto via meu companheiro aquele que deveria me acompanhar pelo resto da vida e me amar num acto tão íntimo com outra mulher que não fosse eu e senti inveja disso.

Steve agarrava firmemente nas coxas da fêmea a pressionando com força em seu membro enquanto suas presas estavam cravadas no pescoço da mesma sugando seu sangue, num acto de pura entrega enquanto seus gemidos ecoavam pela floresta. Me senti uma intrusa por estar os observando assim, uma lágrima quente rolou sobre o meu rosto.

- Steve...- meus lábios se moveram automaticamente pronunciando seu nome. E como se aquilo fosse tudo que precisasse Steve paralisou e seus olhos azuis se chocaram com os meus atordoados, cheios de surpresa e pena.

A mulher notando sua inércia seguiu seu olhar até se chocaram com os meus e pude notar o quão deslumbrante ela é, parecia até que tinha acabado de sair de uma revista de moda. Assombro tomou conta de seus olhos chocolates  e se desvencilhou do corpo de meu parceiro se vestindo urgentemente. Steve também se levantou e ajeitou sua calça em movimentos mecânico ainda com os olhos fixos nos meus.

- Kessiane....eu..- ele tentou chegar perto mais finalmente meu corpo se moveu e me afastei dele.

- Não tente se justificar por algo que está mais do que óbvio - minha voz saiu fria e amargurada enquanto as lágrimas insistiam em cair sem permissão.

Seus olhos carregavam o sentimento de culpa, mas isso não importava ele não se sentiu culpado quando se deitou com aquela mulher. Seus cabelos loiros acastanhados estavam bagunçados, os lábios estavam manchados de sangue assim como suas presas. O sangue caia teatralmente pelo queixo, pescoço e pelo seu peito. Se não estivesse tão magoada provavelmente acharia aquela cena irresistivelmente sexy.

- Continuem, não era minha intenção acabar com o vosso show - falei olhando em seus olhos o mostrando quão decepcionada eu estava com ele.

Me virei e saí correndo o mais rápido possível daquele clima tóxico, mas pude ouvir claramente a voz de Steve chamando pelo meu nome mas eu apenas continuem correndo enquanto as lágrimas insistiam em cair do meu rosto.

Meu peito doía como se meu coração estivesse se quebrando era uma dor tão avassaladora que podia facilmente me derrubar, meus soluços se misturavam o som da floresta que agora já não parecia tão encantada ou linda como antes, meu coração sangrava, sangrava por ele. Porque eu fui idiota o suficiente para acreditar que ele podia mudar, que podia me amar.

É assim a dor de um coração partido?

Acho que sim, os dois homens que eu amei me traíram tão descaradamente como se eu não valesse nada. E o que mais doeu é que um desses homens é o meu parceiro, e é isso que torna tudo ainda mais insuportável.

Quando cheguei nos enormes portões do castelo passei como um raio nos guardas que me olharam sem entender, ultrapassei o jardim como um furacão selvagem e entorpecido sem me importar com nada.

Abri a porta da frente num baque endurecedor e alguns funcionários me olharam assustados e curiosos. Talvez pela minha entrada dramática ou pelo simples facto de eu estar uma merda.

Ignorando todos os olhares curiosos passei por Cass que me olhava inexpressiva e quando eu estava prestes a subir o primeiro degrau um braço forte e gelado segurou meu pulso me fazendo chocar contra seu corpo.

Puxei meu pulso de seus braços e me afastei do seu corpo, ele estava mais apresentável mais o cheiro de sexo e o  filete de sangue que corria por seu lábio inferior me fez ter a certeza que aquilo tudo é real e não uma fantasia da minha mente.

- Nunca mais toca em mim! - rosnei sentindo meus olhos ficarem vermelhos e a irá dominando o meu ser, mas parece que aquilo não o afetou.

- Nós precisamos conversar Kessy - sua voz estava impassível e seu rosto também mas seus olhos azuis demonstravam o quanto ele estava inquieto e se sentindo culpado.

- Nós não...temos nada para conversar! Nada! - gritei impaciente, as lágrimas insistiam em cair e eu me sentia uma idiota por estar chorando na frente dele e fazendo o maior escândalo.

Steve tentou me tocar mas eu recuei  me afastando de seu toque como se fosse lepra contaminando a minha pele, ele tentou falar alguma coisa mais a voz potente de Mikael o impediu.

- O que está acontecendo aqui? - Mikael surgiu acompanhado de Alex e  Diego e não demorou pra minha irmã, Lya, Cass, Aurora e Analise se juntassem ao espetáculo. Desviei meus olhos deles porque não queria ver suas expressões de pena e a frase " eu te avisei" escrita na testa de cada um deles.

- Não aconteceu nada Mike - Steve respondeu na maior cara de pau e eu contive o impulso de socar a cara dele.

-  Não é o que está parecendo! - ele rugiu alternando os olhos entre mim e o meu companheiro mas nenhum de nós respondeu apenas fixei meus olhos em qualquer outro ponto em que não fosse nenhum deles.

- Kessy..- a voz calma e inexpressiva de Angeline me tirou do torpor e automaticamente a olhei - O que se passa?

Sua voz tão calma e dócil fez um arrepio subir pela minha espinha sabia que se eu respondesse que algo se passasse ela não pensaria duas vezes antes de fazer meu companheiro implorar pela morte e mesmo que eu queira ver ele sofrer eu ainda sou idiota o suficiente para ama ló e não querer ver ele machucado, mas mesmo assim Angeline não é burra ela já entendeu perfeitamente o que está acontecendo aqui.

- Não é nada Angel, fique calma - pedi me aproximando dela. Lya que estava grudada ao colo da mãe me olhou curiosa.

- Tia polque cê tá cholando? - sua voz infantil soou embolada e curiosa, dei um sorriso triste e toquei o seu rosto.

- Não se passou nada meu amor, a titia apenas se lembrou de coisas tristes - falei calma limpando minhas lágrimas - Mas já estou bem melhor.

- Titia sabe o que a mamãe falou pla mim quando eu lemblar de coisas tristes assim como o vovô? - ela perguntou num sussurro.

- Não, o que ela disse meu amor? - perguntei sussurrando de volta. Ela tocou as mãozinhas no coração antes de falar.

- Ela disse que quando eu lemblar dessas coisas é só colocal a mão no colação e lemblar que ainda tem muita gente que me ama e vai me fazer feliz - eu sorri pra ela, um sorriso sincero e olhei pra minha irmã que em nenhum momento tirou seus olhos cinzentos banhados com raiva do meu companheiro.

- É muito lindo meu amor, a titia vai lembrar com certeza - falei bagunçado seus cabelos escuros - A titi precisa descansar ok? Te amo.

- Também te amo dinda - sorri feliz, me virei e sem olhar pra trás subi as enormes escadas como o vento desaparecendo entre os corredores. Caminhei a passos largos e quando entrei no meu quarto bati a porta em um baque.

Suspirei frustrada e passei meus dedos sobre os meus cabelos irritada, desfiz o rabo de cavalo deixando os cabelos caírem em meus ombros e me sentei na cama com a cabeça baixa.

Me sinto ridícula!

Passos apressados foram surgindo pelo corredor e a porta foi aberta num rompante, não foi preciso erguer os olhos pra saber quem era a figura que decidiu dar as caras, a porta foi fechada silenciosamente e pude ver sua silhueta parado a poucos passos de mim.

- Sabe eu sempre fui uma grande idiota! - falei antes que ele começasse com o típico discurso de eu não tenho culpa - Eu achava que quando eu encontrasse o meu companheiro séria amor a primeira vista e que nós nos amaríamos pra sempre, mas vejo que isso não passou tudo de um engano, que o nosso laço não é nada mais que a porra de um engano da deusa - falei erguendo o olhar e meus olhos se encontrarem com os seus tão límpidos como o oceano.  

- O nosso laço não é um engano! - ele rebateu e eu revirei os olhos. Não bastava me enganar ainda viria se fazer de um bom samaritano?

- Não é? - perguntei sarcástica me levantando e me aproximando mais do seu corpo.

- Não, não é! - ele rebateu firme.

- Então nós apenas é que somos as pessoas erradas - comentei com pesar e vi sua garganta oscilar e quando prendeu a respiração - Por favor vá embora e me deixe sozinha, nós dois estamos perdendo nosso tempo, e não se preocupe quando a barreira da minha alcateia for removida eu me mudarei e fingiremos que nada disso aconteceu e que não somos companheiros - falei tentando me manter firme, mas falhando inutilmente mais lágrimas insistiam em cair e eu tinha certeza que eu não pararia tão rápido.

Steve agarrou forte meu braço me puxando para mais perto do seu.

- Você não pode me deixar, você é minha - ele rugiu - E eu sou seu companheiro!

Me afastei de seu toque rapidamente, sentindo meu sangue inflamar.

- Meu companheiro? - soltei uma risada seca - Onde estava o meu companheiro quando eu cheguei nessa droga de alcateia? Onde está o meu companheiro quando descobri que o meu pai morreu? Onde estava o meu companheiro quando descobri que o meu ex namorado era a porra de um espião? - gritei enumerando cada pergunta enquanto olhava bem no fundo de seus olhos deixando o saber o quanto o seu afastamento me machucou.

Seus olhos desviaram dos meus fugindo da verdade contida em minhas palavras. Me sentei na cama tapando o rosto com as mãos chorando.

- Você nunca esteve... você nunca foi o meu companheiro então não tentes se ló agora - minha garganta estava doendo e eu só queria apagar e sair desse desastre.

- Jóias não foram feitas para monstros como eu - sua voz me tirou do torpor, quando ergui meus olhos pude ver claramente seus rosto se contorcendo de dor. Ele estava sentindo o mesmo que eu!

- Você não entenderia, não agora, não nesse momento! - sua voz saiu como um sussurro.

- O que eu não entenderia? - falei me levantando da cama - Que o meu companheiro não suporta nem a minha simples existência? Que ele sente nojo de mim? Que você estava fodendo  aquela mulher na floresta? O que eu não seria capaz de entender Steve? - perguntei indignada - E sabe o que mais me doeu, foi eu sentir inveja daquela mulher, saber que você esteve tão entregue a ela como nunca foi...como nunca será comigo e isso me quebrou. Me quebrou saber que nós nunca trocamos mais do que três palavras, me doeu saber que eu nunca te toquei, que você nunca me tocou, me doeu saber que eu nunca serei suficiente pra você - os soluços saiam desgovernadamente da minha garganta e as lágrimas já molhavam o meu casaco. Ele desviou seus olhos dos meus e pude ver algumas lágrimas caindo sobre o seu rosto pálido.

- Você não entenderia que por te amar, eu prefiro ficar longe de ti ao invés de te causar mais dor como agora, eu sou um monstro e a minha natureza é destruir e machucar aqueles que eu amo e isso nunca mudará Kessy - sua voz tão carregada de culpa, horror e dor me fez hesitar.

Me sentei na cama impactada, porque ele tinha que complicar mais as coisas? E o que ele estava falando ao se referir sobre monstro?. Não pude terminar meu raciocínio pois Steve beijou meu cabelo e se afastou indo em direção a porta, mas antes de se sair ele se virou e me olhou por cima do ombro.

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