Supremo Alpha

Minhas garras levantavam terra e poeira enquanto minhas patas corriam a toda velocidade pela floresta procurando por algo que possa saciar minha sede. Parei abruptamente tendo que firmar minhas garras no solo para não sair rolando pela floresta.

Levantei meu focinho captando todos os odores de sangue que me indicassem uma presa grande para alimentar minhas bestas, minhas orelhas no topo da cabeça atentos a qualquer som e meus olhos atentos a qualquer movimento.

Podia ouvir os pássaros cantando nas copas das árvores, o som das folhas balançando ao vento, o barulho das patas dos animais correndo e sentir o sangue fluir por suas veias. Podia ver uma formiga subindo em um tronco de uma árvore a um quilômetro daqui, podia sentir seus odores sem exceção, o odor de terra molhada e de lobos estava por todo lugar. Passei os meus olhos ao redor enquanto dava passos calmos pra frente que logo se tornaram uma correria, correndo e pulando todos os obstáculos com um único objetivo.

Meu alvo! Minha presa!

Pulei fincando minhas presas no pescoço do pobre alce que atravessou o meu caminho. Podia sentir o gosto quente e metálico do sangue correr pela minha garganta enquanto eu sugava cada vez mais rápido saciando minha sede predatória. O animal se debatia mais era impossível fugir, sempre era, quando senti minha sede saciada retirei minhas presas do pescoço do animal para morder de novo retirando uma boa parte de carne que era facilmente cortada pelas presas sanguinárias alimentando a minha loba.

Minhas forças aumentavam a cada dentada que dava saboreando a carne fresca adoçar minha boca. Limpei meu pêlo e focinho quando me senti satisfeita e não restava mais nada do que outrora fora o pobre animal. Sentei sobre as patas traseiras e depois me coloquei completamente deitada para voltar a forma humana.

Podia sentir meu corpo encolhendo, meus pelos desaparecendo, minhas garras se retraindo assim como minhas presas, minhas patas deram lugar a braços e pernas humanoides e meu focinho retraiu, meus pelos deram lugar a um cabelo prateado que está mais comprido do que me lembrava. Até que enfim satisfeita!

De nada Saphira! Sorri ouvindo os infinitos agradecimentos de Saphira como se até fosse necessário. Somos duas em uma. Ou talvez três em uma ou serão quatro?

- Scandeia - chamas azuis surgiram e em momentos o local onde havia as sobras do alce desapareceram como se não tivessem existido, coloquei minhas mãos sobre o local queimado - Fiore - grama verde surgiu acompanhado de brotos que iam se abrindo se revelando lírios tão brancos como a neve. Abri um sorriso com o acto, arranquei uma das belas flores sentindo o cheiro floral evadindo minhas narinas.

O lírio branco representa a pureza, algo que eu não possuía, monstros não possuem pureza, apenas usam de artifícios para enganar as presas mais fáceis até dar o bote final. Deixa de ser pessimista mulher!

Eu não estou sendo pessimista Saphira é a verdade!

A verdade não se baseia em se torturar com pensamentos tão sombrios Angeline!

Saphira não....

- Elas são lindas! - uma voz grossa e aveludada soou atrás de mim me despertando dos meus devaneios, levantei em um pulo me colocando em posição de defesa ainda com a flor na minha mão - assim como você!

Havia um homem parado a uns 5 metros de mim tinha um porte físico de dar inveja a qualquer um, possuía 1.99 provavelmente fazendo eu me sentir uma anã com os meus 1.72, os cabelos tão pretos como a noite estão penteados para trás mas ainda caindo alguns fios rebeldes caiam sobre o rosto lhe dando um ar de playboy, vestia uma calça jeans preta, camisa branca social dobrada até os cotovelos e calçava um tênis preto de uma marca que não me dei o trabalho de reparar. Os olhos cinzentos tão escuros e expressivos que podiam ser facilmente confundidos como pretos.

Como eu não percebi ele chegando? Se ele fosse um inimigo provavelmente já deveria estar morta!

Não ousei falar nada apenas fiquei o analisando, seu peito subia e descia como se tivesse corrido uma maratona, um sorriso aliviado pairava sobre o canto de seus lábios. Me pergunto se o motivo do alívio sou eu? Não! A única pessoa que já deve saber que eu acordei é Alexander por ele ser meu beta e eu definitivamente não conheço este homem. Ele é nosso Angeline! É ele!

- Eu não irei te machucar Angeline, mesmo que quisesse não poderia!

- Tu não irás supremo, sei disso. - uma sobra de um sorriso passou pelo seu rosto bonito, mas desapareceu tão rápido quanto apareceu.

Sai de minha posição de defesa ficando um pouco mais relaxada em sua presença, ele avançou aos poucos e seu cheiro ficou mais evidente, ele cheirava a terra molhada e eucalipto, um cheiro meio doce e meio amargo que fez minhas presas arderem para cravar no seu pescoço alvo pra saber se o seu sangue era tão atraente como o cheiro, minhas mãos suplicavam para tocar cada pedacinho dele mas me contive eu sequer o conheço. Ele é seu companheiro então tecnicamente tu podes fazer tudo isso!

Ser meu companheiro não muda nada, é o laço de companheirismo que está me causando toda essa atração!

- Creio que não nos apresentamos devidamente - sua voz ecoou me fazendo ver o quão perto ele está de mim, a única distância que nos mantinha era de cinco míseros passos.

- Angeline Black Alpha da alcateia Moon Black, é um prazer conhecê-lo supremo - fiz um leve cumprimento com a cabeça.

Melhor ser formal já que ele é o supremo né,? Não é porque ele é meu companheiro que não posso ser educada, ele ainda continua sendo o supremo!

Ele arrumou a postura um pouco desconfortável talvez não gostasse de ser abordado desse jeito. Não por mim.

- Mikael Demon supremo alpha o prazer é meu alpha. - Ele segurou minha mão depositando um beijo demorado, minha pele automaticamente se arrepiou com seu toque implorando para ter mais contacto.

- Não sabe a quanto tempo te espero minha peeira! - em um único movimento ele me puxou para seus braços me prendendo em um abraço apertado, Mikael afundou sua cabeça na curvatura do meu pescoço, sua respiração no lugar exposto me causava arrepios.

Podia ouvir claramente as batidas frenéticas do meu coração bombardeando sangue mais rápido, meu estômago se revirava como se houvesse mil borboletas dançando na minha barriga. Me sentia nervosa, extasiada, feliz e ansiosa com o seu próximo movimento.

Tentei me soltar de seu aperto mas parece que isso só serviu de motivação para ele me apertar mais sobre seu corpo e arrancar um rosnado dele.

- Suprem...- tentei intervir mas ele me cortou com um rosnado de aviso.

- Mikael! Me chame de Mikael companheira! - sua respiração no meu pescoço me fez soltar um pequeno gemido de satisfação e podia sentir meu ventre se contraindo enquanto suas mãos deslizavam sobre meu corpo. Céus, que homem é esse minha deusa!?

- Melhor nós pararmos - falei torcendo que isso o chamasse a razão e não deixasse sua fera assumir o controlo.

- Você quer que eu pare? - ele perguntou calmamente, e eu queria muito gritar não, mas eu mal o conhecia e não podia ficar atracando numa floresta com ele como se fosse uma cadela no cio.

Quando estava para responder fomos interrompidos com alguém forçando uma tosse falsa e eu não sei se agradeceria essa pessoa ou a matava por estar nos interrompendo. Mikael me soltou delicadamente e podemos ver Kessy apoiada a uma árvore descontraidamente.

- Quê isso gente, não conhecem um quarto não? - ela falou divertida.

- Vamos pensar nisso na próxima - Mikael falou seguindo sua sugestão  - Mas se as belas damas me permitem, terei que me retirar.

Ele se aproximou de mim e me deu um beijo casto na testa.

- Nos vemos no pequeno almoço minha peeira! - eu apenas assenti - Cuide dela pra mim Kessy.

- Claro, pode ir tranquilo Mike!

Ele assentiu e se virou desaparecendo floresta adentro.

- Quê isso dona Angeline, se pegando com o supremo na floresta? Que exemplos irás dar a Lya com comportamentos tão sórdidos como estes?

Ela colocou a mão no coração fingindo estar profundamente indignada.

- Não começa Kessiane Black!

- Pronto, pronto, já parei - ela riu levantando as mãos em rendição - Mas me diz ele é lindo não? - quis saber curiosa.

- Não tenho porque negar algo tão óbvia - respondi e ela soltou uma gargalhada entrelaçando seus braços aos meus.

- Certo, certo. Tu precisas de um banho, ver Lya, te alimentar e conhecer o pessoal de casa!

- Tudo isso? - sorri

- Ainda não viste nada irmãzinha - ela deu uma piscadela.

Que a minha deusa me ajude.

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