Me afasto de você porque sei que não sou quem você precisa, uma jóia não deveria ser confiada a um monstro - Steve Kane.
***
...Kessiane Black ...
O vento frio da madrugada entrou pelas fresas das enormes janelas da varanda me despertando.
Meus olhos pesaram e me forcei a abri-los, me sentei na cama num único movimento coçando os olhos e soltando um bocejo. Pude o relógio digital prostrado teatralmente pelo luxuosa criado mudo do meu quarto que não passavam de 04h25 da manhã.
Um suspiro frustrado saiu de meus lábios automaticamente quando me apercebi que o outro lado da cama estava vazio.
Ele não estava aqui - Riza minha loba comentou com pesar.
- De novo - murmurei comigo mesma, ainda sentindo alguns resquícios de seu perfume amadeirado pelo quarto provando que ele estava, mas não por muito tempo.
Meu coração se contorceu, já fazia quase três meses que eu estava aqui e ele ainda não consegue nem minha presença, como ele acha que nossa relação vá em frente se ele age como se fôssemos estranhos?
Talvez ele devesse me rejeitar, seria melhor pra nós dois de qualquer forma. Talvez ele só me ature porque se ele me rejeitar nós dois podemos morrer pela falta do companheiro.
Mas não é como se ele se importasse com isso.
Meu corpo se arrepiou quando meus pés tocaram no piso frio e brilhante do quarto. Caminhei a passos calmos até a varanda e as portas de vidro fizeram um barulho quase imperceptível quando às arrastei para o lado.
Uma lufada de vento perpassou sobre o meu corpo arrepiando os meus pelos e trazendo consigo o cheiro agradável de natureza. O céu estava escuro e cheio de estrelas que cintilavam despreocupadamente esperando o raiar da Aurora.
Ver aquela imagem tão linda e pura me fez ter inveja. Inveja pois eu não me sentia linda nem pura.
Uma pessoa pura não se envolveria com o traidor de sua alcateia, sua família. Sentia nojo de mim mesma por pensar que quase me deixei levar pelo rosto bonito e as palavras apaixonadas de Aaron Johnson. Não é como se nós sobessemos que ele é um canalha!
- Mas mesmo assim nos deixamos levar por mentiras! Nós deveríamos ter notado que ele não passava de uma farsa, a culpa é toda minha! - resmungei apertando os dedos sobre a camisa verde de seda que vestia.
- Para logo com isso Key, você apenas está procurando se culpar pela morte de nosso pai! - ela esbravejou - Mas não somos a culpada, a culpa disso tudo é de Aaron e de ninguém mais!
Me mantive em silêncio, porque eu sabia que ela estava certa, eu estava procurando me culpar pela morte de meu pai e pelo sequestro da minha irmã. Me sentia envergonhada por estar agindo agindo como uma garota mimada enquanto deveria estar agindo como uma Alfa, um suporte para minha alcateia e minha irmã.
- Obrigada Riza, amo você - falei realmente agradecida, ela sempre soube como me fazer sentir melhor.
- Não é como se tivesse te salvado da morte, apenas odeio ver você se comportando como uma idiota - ela falou presunçosa me fazendo soltar uma risada.
- É, eu também.
Entrei no quarto abandonando o clima sereno do lado de fora.
Meu quarto poderia ser bonito e extremamente luxuoso como tudo nesse castelo, mas parecia tão solitário, tão vazio como se faltasse alguma coisa. Meus pensamentos automaticamente me levaram para o dono daqueles olhos azuis tão profundos e enigmáticos que me hipnotizavam toda vez que os mirava para mim. Mas isso não mais importava.
Decidi deixar tais pensamentos para trás e me concentrar em mim mesma. Não ia ficar gastando meu tempo pensando em alguém que claramente não dava o mínimo para a minha existência.
Entrei no banheiro e parei enfrente ao espelho vendo o reflexo do meu rosto coberto por sardas, meus olhos verdes tão claros como da mulher que me deu a luz, meus cabelos vermelhos como o fogo estavam bagunçados caindo sobre meus ombros.
Não mais me prolongue i com tal observação e retirei minhas roupas me dirigindo ao box, prendi meu cabelo num coque bagunçado no alto da cabeça e deixei a água gelada cair sobre o meu corpo, peguei o gel de banho e despeje o na esponja passando pelo meu corpo numa massagem relaxante. Inevitavelmente pensei nele, como eu queria que fosse ele ali comigo, me tocando, me amando e sendo meu.
Automaticamente um calor se apoderou sobre o meu corpo, como se a água gelada não fosse capaz de suprimir aquele desejo obsceno. Minha intimidade pulsou clamando por atenção. Merda! - praguejei mentalmente colocando a água mais gelada ainda tentando suprimir aquela vontade obscena de querer sentir seu corpo no meu.
Suspeitei de alívio quando aquele desejo monstruoso se dissipou da minha pele. Desliguei o chuveiro e me enrolei numa toalha me dirigindo para o closet. Passei os dedos sobre aquele conjunto de cores procurando algo adequado para a ocasião. Depois de alguns minutos pensando no que vestir, optei em uma calça desportiva preta colada ao corpo, um top azul desportivo e um casaco preto folgado, escolhi uma lingerie também azul.
Terminando de me vestir, pentiei meus cabelos e os prendi em um rabo de cavalo alto. Me dirigi a sacado do quarto vendo a escuridão da madrugada me chamando silenciosa e hipnotizando minha mente. Subi no parapeito e me joguei sentindo a pressão no ar bailando ao meu redor, quando estava a uma distância segura dei um mortal no ar pousando os pés no chão silenciosamente.
Alguns guardas que estavam fazendo a ronda se aproximaram notando o movimento estranho, mas logo disputaram de alívio vendo que era eu.
- Senhora Kessy! - eles cumprimentaram fazendo uma singela reverência, revirei os olhos com aquela cena. Eles nunca aprendem.
- Bom dia rapazes - os cumprimentei com um sorriso no rosto - Mas por favor parem com essa cena de senhora e reverência, vocês fazem eu me sentir uma velha - comentei fingindo estar ofendida e eles soltaram uma risada divertida mas logo ficaram sérios.
- Bem... É que senhora, se o general nos ouvir chamar sua mulher apenas pelo nome podemos nos sair muito mal, não é a primeira vez que ele nos repreende a respeitar sua luna - Cris falou coçando a nuca sem jeito.
- Não é como se ele se importasse - murmurei contrariada.
- Ah?! - Lucas inclinou a cabeça pra o lado sem entender.
- Desculpe tomar o vosso tempo rapazes, já estou saindo tenham um óptimo dia - falei me distanciando.
- Igualmente senhora! - os dois responderam em uníssono me fazendo dar uma careta de desgosto e eles apenas sorriram.
Aumentei meus passos e começando a correr em direção a floresta que cercava a alcateia. As árvores passavam por mim como um borrão, o ar se ricocheteando sobre a minha pele, os pés afundando na terra e os cabelos balançando ao ritmo da corrida me fizeram sorrir e sentir aquela sensação de liberdade que me apoderava sempre que me conectava com a natureza.
Os grilos e as cigarras enchiam a floresta com seus sons dando a um clima mais misterioso, o cheiro de terra molhada e das flores inundaram meu olfacto sensível me fazendo relaxar e me concentrar apenas nos sons e cheiros tão complexos mais tão exóticos que se emaranhavam naquela imensidão de verde.
Meus olhos vez ou outra captavam os animais da floresta correndo e saindo de suas tocas para começar mais um dia na luta pela sobrevivência da cadeia alimentar. Parei de correr ofegante quando cheguei no penhasco que ficava no ponto mais alto de todos me dando a visão periférica das casas rústicas e modernas da alcateia moon beast.
Ofeguei quando vi os primeiros raios solares despontando no horizonte, tão lindo, magnífico e imponente ele vinha surgindo honrando a todos com sua presença tão magnética, acordando os animais da floresta e fazendo os monstros noturnos se esconderem nas sombras.
- Simplesmente magnífico - soltei exasperada, mesmo depois de ter visto aquela visão todas as manhãs ainda assim era impossível não se apaixonar por ela.
Me sentei em posição de lótus, cruzei minhas mãos sobre minhas coxas e fechei os olhos, soltei o ar pela boca sentindo meu corpo relaxando gradativamente como se estivesse caindo em um abismo.
Meus olhos estavam fechados mas eu podia ver tudo, ouvir tudo e sentir tudo que estivesse sobre os limites desta floresta desde os passos apressados de um soldado tentando acompanhar seus companheiros, dos zumbidos da mosca que foi presa em uma teia de aranha, uma planta florescendo e a extensão da terra. Eu podia sentir a terra, a água, o vento, o sol batendo nas copas das árvores. Podia sentir a natureza e meu poder fluindo pela terra a fortificando, a reconstruindo e purificando.
Desliguei todos os meus sentidos e me concentrei apenas em curar, reerguer e dar vida aquele ecossistema cheio de vida e de uma fauna exótica tão rica e selvagem.
***
O sol escaldante beijava a minha pele, o ar fresco da manhã se tornou mais agradável, mais puro, e mais vívido. Abri meus olhos e pisquei várias vezes até que me acostumei com a claridade repentina. Me levantei e estiquei os braços me espreguiçando.
- Melhor agora - comentei satisfeita vendo as flores desabrocharem sobre meus pés, o cheiro floral evadindo minhas narinas foi como sentir como se elas estivessem me abraçando.
Olhei para o astro rei reluzindo solitariamente no céu e pude constatar que não passavam pouco menos das 10h. Droga perdi o pequeno almoço.
Quem raios perde o pequeno almoço?
Suspirei frustrada, eu odeio perder o pequeno almoço, apenas pareceu que tinha passado apenas alguns minutos não parecia que passou tanto tempo assim, outro suspiro. Retomei a corrida voltando para o trilho que dava para o castelo.
Mas parei bruscamente quando senti dois cheiros no ar e um deles eu conhecia de cor, era o cheiro dele me aproximei seguindo o seu cheiro apreensiva, minhas mãos estavam tremendo e suando e eu apenas queria fugir dali, não porque eu tinha medo dele mas porquê o outro cheiro era de uma fêmea e seus cheiros estavam misturados com desejo e sangue.
Eu sabia o que ia encontrar aí mas mesmo assim me neguei a crer. Tomando coragem forçei meus pés a se moverem e a saírem desse estado de torpor. O som de água correndo me fez ter a certeza que eu estava perto do rio.
Meu corpo paralisou com a cena a minha frente. Eu não sabia se saía daí o mais rápido possível, chorava ou ficava com raiva, mas o facto foi que eu paralisei.
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Atualizado até capítulo 101
Comments
Magna Figueiredo
Eu tô em surto aqui /Curse//Curse//Curse//Curse/
2024-05-25
3
Magna Figueiredo
IDIOTAAAAAA
2024-05-25
0
Magna Figueiredo
Ah q triste, ela achou o companheiro, mas ainda não estão juntos /Brokenheart//Brokenheart//Brokenheart/
2024-05-25
0