No castelo D’Lux
Vlad confortava Kiara que estava em seus braços, a cena anterior havia afetado as emoções da doce demônio.
— Esse povo é nojento e cruel, querido! — a voz dela era suave e trêmula — Todos eles são iguais, não importa o país ou a quantidade de suas riquezas, os seres humanos são odiosos.
— Minha doce Kiara, você precisa se acalmar. Nós temos um objetivo aqui, não se deixe levar completamente pelas emoções — Vlad dizia gentilmente enquanto acariciava as orelhas pontudas dela.
— Eu vi a maldade nele, ele fez de propósito para que eu perdesse a cabeça e avançasse nele — ela olhou nos olhos de Vlad e exclamou com raiva, os dentes trincados fazendo seus lábios tremerem.
— Eu também percebi, ele vai usar as leis de Suyare ao seu favor mas aqui, apenas demi humanos ainda são escravizados — Vlad acariciou o rosto de Kiara delicadamente — contrapartida, violência gratuita contra alguém do patamar dele é considerado um crime grave, temos que ser o mais civilizados possível.
— Se tentarem alguma coisa, esteja certo que irei responder à altura — ela disse com determinação, com brilho nos olhos e afinco em seu tom.
— Quer saber, vamos dar uma volta, conhecer um pouco melhor este lugar — Vlad se levantou e a puxou pela mão — você está realmente linda com esse laço vermelho amarrado em seus cabelos.
— Sempre tão cavalheiro, meu Vlad — ela sorria enquanto Vlad a girava como se estivessem dançando.
Eles saíram do quarto e avançaram pelo castelo até encontrar a saída, onde na porta havia dois guardas que impediram sua passagem, mas após uma conversa amistosa e gentil com Kiara, rapidamente os deixaram passar. Atravessando o grande e longo jardim do D'Lux eles admiraram a estrutura esquisita do local em volta que lembrava a Roma antiga, com enormes monumentos e algumas espécies de templos. O jardim era adornado por flores e plantas de diversas espécies, entretanto o que mais chamava a atenção de Kiara e Vlad era a quantidade de escravos mantendo o lugar impecável.
— Estrangeiros não podem interagir com os escravos, a não ser que estejam na presença dos nativos de Suyare — disse Vlad enquanto olhava com desgosto.
— Eu imaginei, com toda a certeza não se pode libertar nenhum também — disse ela, pensativa.
Ao chegar no centro de Pandora, uma praça consideravelmente grande, com muitas lojas comerciais — açougue, padaria, perfumaria, lojas de artefatos mágicos e muitas outras coisas, o casal chamava muita atenção, além de causar cochichos e comentários por toda parte.
"Olha querido, são estrangeiros!"
"Já faz tanto tempo que eu não via estrangeiros por aqui."
"De onde será que aqueles dois são?"
Vlad e Kiara entraram numa confeitaria, o lugar era confortável mas simples, os doces aparentavam ser de alta qualidade e os atendentes os olhavam com certa cautela, evitando contato visual direto. Eles fizeram os pedidos e foram se sentar, ainda podendo ouvir os comentários das pessoas que estavam na mesa atrás deles, mas não era nada que os incomodasse.
— Estou ansioso para o baile — disse Vlad, quebrando o silêncio e atiçando ainda mais a curiosidade dos olhos e ouvidos nativos ao redor.
— Quanto mais rápido for, mais rápido tudo isso acaba — Kiara completou e logo em seguida deu uma mordida na sua torta de creme branco com uma cobertura vermelha. Que pela cara de prazer e surpresa, devia estar deliciosa.
— Exatamente, minha doce Kiara — Vlad sorri ao perceber a expressão de Kiara — vou roubar um pedaço do seu!
Ele deu uma pequena garfada na torta de Kiara comprovando a sua teoria, Kiara fez o mesmo provando a torta de Vlad. Kiara olhava cautelosamente ao redor, confirmando cada olhar de sorrateiro e até mesmo alguns sorrisos disfarçados. Pouco tempo depois eles saem da confeitaria e avistam a loja de artefatos mágicos, mas Vlad é puxado para dentro de um beco escuro que tinha logo antes da loja.
— Ei! O que é isso?! — perguntou Kiara, enquanto olhava para os lados tentando encontrar o causador de tamanha travessura.
— Aqui embaixo! — uma voz infantil sussurrou, chamando atenção dos dois ali.
— Espera, esta pequenina? — Vlad se abaixou ficando na altura da demi-humana metade gato, que lambia as costas da mão. Seus olhos estavam assustados mas ainda guardavam um brilho de esperança.
— Eu vi vocês na confeitaria, vocês vão ao baile da rainha? — perguntou a pequena gatinha.
— Vamos sim, mas… — Kiara também se abaixou, e manteve seus olhos conectados aos da pequena — porque estava nos espionando?
— Eu… é… — a demi-humana começou a balançar a cauda e desviar o olhar repetidas vezes — me chamo Zoe.
— Que belo nome, eu sou Kiara e este é o Vlad, agora responda o que te perguntei! — disse Kiara com firmeza mas sem perder sua doçura de sempre.
— Quando vocês voltarem para casa, podem levar a Zoe? Eu sei que vocês não são daqui — disse a menina, cuidando de cada palavra dita com receio. Seu coração batia forte e ela segurava uma mão na outra para aliviar a ansiedade que sentia.
Vlad e Kiara se entreolharam, era um misto de repulsa e tristeza o que sentiam, eles não podiam fazer nada ainda, mas Kiara estava determinada a dar um jeito nessa situação.
— Você é uma linda gatinha… — Kiara aproximou-se lentamente, esticando sua mão para alcançar o rosto de Zoe, mas ela recuou.
— Por favor… a Zoe não… — disse Zoe de cabeça baixa, com um pé atrás do outro, como se estivesse pronta para correr a qualquer momento. Mesmo na escuridão do beco em que estavam, dava pra ver as orelhinhas dela abaixadas.
— Você fica sempre aqui? — perguntou Vlad.
— Sim, a Zoe mora dentro daquela parede, se vocês vierem aqui de novo, a Zoe vai sentir o cheiro de vocês — ela olhou para os lados, sua expressão ficou tensa e seus olhos rígidos — Vocês precisam ir, nao esqueçam da Zoe!
A menina então adentrou ainda mais na escuridão daquele beco e sumiu. Vlad que tinha super audição já não escutava mais os passos da pequena gatinha, mas escutava outros passos pesados e velozes.
— Vamos sair daqui, não podemos denunciar o local onde ela se esconde — por puro instinto ele puxou Kiara para fora daquele beco distinto, do lado de fora toda aquela escuridão nunca havia existido.
O sol estava altivo e brilhante, assim como quando eles saíram do castelo, eles se entreolharam e sorriram sem preocupação. Zoe estava segura. Seguindo o caminho planejado até a loja de artefatos mágicos, foram alcançados pelo capitão North e seus homens no momento em que iriam adentrar o local.
— O que pensam que estão fazendo? — indagou North, olhando de cima do cavalo.
— Estávamos tentando entrar na loja, acho que era óbvio — respondeu Vlad, com ironia, fazendo Kiara soltar uma risadinha.
— Quem lhes deu permissão para andar tão livremente pelo castelo, pela cidade e ainda dar ordens aos nossos homens?! — North indagou novamente, aparentemente mais irritado que a primeira vez.
— Eu não preciso de permissão para andar, agora se me der licença — Kiara retrucou com suavidade e em seguida deu as costas para os três que ali estavam.
— Vocês precisam sim, ninguém ordenou que deixassem o castelo! — North estava levemente alterado, desceu do cavalo rapidamente e alcançou Kiara, mas falhou na tentativa de agarrar no braço dela.
— O que pensa que está fazendo? — Vlad segurou a mão de North antes que ele tocasse a pele de Kiara, seus olhos dourados brilhavam de fúria e disposição. O olhar mortal e as presas do vampiro se apresentaram para North.
— Estamos em Suyare como convidados, não como escravos ou prisioneiros, não se engane, eu acabo com você agora mesmo se for necessário — Kiara falou pausadamente, deixando sua aura mágica vazar pela sua derme, os olhos brilhando num vermelho cor de sangue.
— Porque você não tenta?, disparou North com seus olhos brilhando em maldade.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 29
Comments