Décimo primeiro

No templo dos demônios

O templo era sombrio e frio, havia uma pouca iluminação vindo das velas que estavam no altar e suspensas na parede. O altar por sua vez era feito de pedra de turmalina, nele continham cálices de prata, tigelas de pedra, um pilão de tamanho mediano, velas negras e vermelhas, alguns livros grandes, de papel amarelado e envelhecido. E outras coisas mais.

Em volta do templo tinham crânios humanos adornando o local. No centro do templo ficava uma mesa de pedra, nesta mesa continham diversos símbolos e runas ritualísticas, ao longo de toda a sua estrutura. Algo que parecia estar saindo de um desses típicos filmes de terror. O que também se passou pela cabeça de Owen ao observar bem o local. O corpo do vampiro se arrepiou da planta dos pés até o topo da cabeça, ao se sentir tão atraído pela mulher envolta de escuridão que estava ali com ele.

— Agora estou oficialmente arrependido de ter pedido a sua ajuda — falou Owen, com sarcasmo.

— Ainda dá para desistir — retrucou Salya, em seu melhor tom de desafio.

— Irei até o fim — disse Owen, com seus olhos brilhando em pura determinação —, definitivamente.

— Retire a blusa e sente-se na mesa — ordenou Salya que agora estava separando os materiais que ela iria usar para realizar aquele ritual.

— É mesmo necessário que eu fique seminu? — debochou Owen, com um toque sutil de malícia em sua voz. Todavia, não foi sutil o suficiente para que passasse despercebido por Salya.

— Não que isso venha a ser um grande problema para você, afinal, está usando apenas dois dos botões de sua camisa — Salya retrucou à altura, gostando bastante de brincar com o lorde.

— Admita que você quer apenas ter o prazer de olhar o meu corpo — provocou Owen, sua voz baixa e rouca, o que lhe trouxe uma sensualidade poderosa.

— Aonde você quer receber a sua marca, lorde Dominic? — Salya desviou a conversa, tentando não mergulhar tão profundamente nas provocações do lorde. Nada que ela não estivesse amando.

— Uma marca igual a essas que você possui? — perguntou curioso, mais e mais ele se sentia fascinado pela escuridão de Salya.

— Exatamente, belas marcas negras — disse Salya, com os olhos ainda fixos nos de Owen.

— Pode ser aqui — disse Owen, enquanto apontava para o seu peito no lado esquerdo, bem acima de seu coração.

Salya se concentrou completamente, deixando todas as brincadeiras e provocações de lado. E quanto mais concentrada, mais linda ela ficava. Com a adaga e cálice em mãos ela foi até o lorde, puxou pela mão direita dele e fez um corte em seu pulso, mas quando ela foi virar o sangue que escorria no cálice, ele resistiu.

— O que está fazendo, lorde Dominic? — Salya perguntou confusa.

— Beba quente, direto do meu corpo — ele levou a mão esquerda até o rosto dela e lhe acariciou os lábios — retirar o meu sangue assim é quase como uma humilhação, querida imperatriz.

— Owen... — Salya sussurrou, seu tom sedutor era natural e hipnotizante, e era assim que o lorde se sentia com ela. Seduzido. Hipnotizado. Mas com uma força além do comum, como se fosse capaz de rasgar os céus e alcançar as estrelas.

— Eu vou beber, porém... — ela faz mais uma pausa — se me tocar tão casualmente outra vez, eu vou te cortar com as minhas próprias garras.

Era uma ameaça mas o lorde sorriu satisfeito, era essa resposta que ele esperava daquela mulher feroz e vil. Salya levou o pulso cortado de Owen até sua boca e provou de seu sangue, com os olhos fechados para saborear melhor o gosto dele. Sentir os lábios úmidos de Salya em sua pele, era algo que nitidamente agradava o lorde. Pois ele arfava de prazer.

— Não acha que já é o suficiente? — Owen perguntou, calmo e sereno, após Salya gastar bons segundos ali.

— Eu quase me esqueci... — Salya retirou os lábios do pulso do lorde, abrindo os olhos lentamente como se voltasse de um transe — Agora você tem que beber do meu, faça como preferir.

— Não devia ter falado isso — Owen sorriu, seus olhos brilhavam como o sol da manhã, em pura travessura.

— Lorde Dominic, não seja... — antes que ela pudesse concluir, Owen mostrou o porquê é chamado de 'Sopro da noite'.

Ele tomou Salya em seu colo e afastou os longos cabelos do pescoço dela, mordendo delicadamente a jugular da imperatriz, saboreando com fervor a cada gota do sangue doce que ela tinha. Ele ouviu o seu sussurro que fora cortado: "...não seja... tão ousado", e pôde sentir o corpo dela se arrepiar e estremecer em sua pele.

— É o bastante! — exclamou Salya, estava ofegante e por um momento desconcertada. Seu corpo estava quente e atordoado.

Ainda em seu colo, ela fez a marca no peito dele. A marca da ligação sanguínea. Salya evocou sua magia que envolveu o corpo de ambos e brilhou naquela marca.

— Eu sinto esse poder fluindo em mim, querida imperatriz — disse Owen, agora também ofegante, sentido a energia maligna da magia de Salya percorrer o corpo dele. De repente uma dor aguda tomou conta do seu ser — Salya, o que é isso?! — perguntou.

— Isso é normal, essa dor significa que todas as suas células estão sendo modificadas para não sofrer com nenhum tipo de veneno ou toxina — explicou Salya, que colocou sua mão direita por cima da marca no peito dele em forma de carinho. Algo que fez inconscientemente. Mas logo começou a sentir as suas próprias trevas a rasgando, mordendo a língua para suportar a dor.

Momentos depois a dor passou e a magia acalmou, o ritual estava completo.

Entretanto Salya estava diferente.

— Me entregue o que me deve — exigiu Salya, agora indiferente. Ela saiu do colo dele e ajeitou as roupas com desdém, seus olhos estavam frios e distantes, algo que o lorde percebeu.

— O colar, sim, aqui está. — ele retirou o colar do bolso e esticou para ela, mas antes que ela pegasse ele retirou a mão e puxou Salya para ele. Colando o corpo dela ao seu.

— Dominic, o que está fazendo?! — perguntou a imperatriz, furiosa.

— Essa era o maldito preço? — exigiu Owen, inconformado e determinado a esclarecer o que estava acontecendo.

— Sim — Salya respondeu friamente — e eu não te devo explicação alguma, vampiro.

Ela o olhou com frieza e superioridade, e concluiu: — Me dê o maldito colar.

— Aqui está — ele colocou o colar nas mãos dela, e a soltou.

Owen pegou sua camisa e antes de desaparecer por completo do alcance dos olhos da imperatriz, ele parou e olhou para ela mais uma vez. Nos olhos dele havia um misto de culpa, ódio e determinação.

— Isso não vai ficar assim — ele disse seriamente e se foi. Deixando Salya sozinha naquela sala escura e fria. Ela não se importava mais, mas aquela nova marca em seu corpo não a deixava esquecer, o momento que eles tiveram ali.

Ela se sentou novamente naquela mesa, e com todas as suas forças lutava contra aquela influência mágica, que a fazia se distanciar de seus reais sentimentos. O corpo de Salya suava pelo esforço e ela se pegava mirando a marca em sua coxa direita. Entretanto, sozinha ela não era capaz de alcançar a superfície.

É melhor assim, é melhor que ele se esqueça dessa aventura tola e insignificante, Salya pensou. Distante e cansada.

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