Cap. 9 - Com sono

Depois da ligação que recebeu da mãe, Sofia perdeu totalmente o ânimo e não conseguiu jantar naquela noite, e tão pouco conseguiu dormir, revirando-se na cama a noite inteira sem conseguir esquecer da conversa que teve com a mãe, tentando entender porque sentia que a mãe não gostava dela.

Para Heitor a noite não foi diferente da de Sofia. Dormir poucas horas por noite era normal para Heitor que como motorista de aplicativo, as vezes, costumava trabalhar até o início madrugada, ou ficava acordado durante a noite quando o pesadelo com a mãe o atormentava. Mas pensar em Sofia era algo novo nas suas noites em claro.

Sentia-se fraco diante do que começava a sentir por ela, e esse sentimento de fraqueza contrastava com que a mãe sempre dizia a respeito dos bons sentimentos. Marie sempre dizia ao filho que os bons sentimentos fortalecem o ser humano, mas não era isso que Heitor estava sentindo ao tentar sufocar o que começava a sentir por Sofia.

Foi mais uma noite em claro e mais um nascer do sol que ele via atraves da janela do quarto. Levantou-se se sentindo cansado e se arrumou para ir trabalhar.

Sofia levantou assim que o dia clareou, tomou banho e se arrumou. Na sala encontrou com Luke que logo se aproximou olhando para ela com aqueles olhinhos pidões que todos os cachorros fazem em busca atenção, carinho e comida.

_ Oi amigão, estou tão cansada que não vou consegui te levar para passear. Falou fazendo um carinho em Luck. _ Vou começar a te deixar na creche mais dias na semana, três dias não está sendo suficiente para você gastar toda energia que tem, não é? Que tal ir para a creche hoje? Falou pegando a bolinha e jogando para ele buscar. Luck de repente ficou atento querendo sair de casa, e quando Sofia abriu a porta ele foi correndo em direção ao portão. _ Luck, o que aconteceu? Perguntou escutando o interfone tocar em seguida. No porteiro eletrônico, viu que era Heitor que já havia chegado. Destravou o portão para que Heitor entrasse, e ele foi recebido com festa por Luck que entregou a bolinha em suas mãos esperando ansioso que Heitor lancasse para que ele buscasse no quintal. Foi o que Heitor fez para alegria de Luck.

_ Bom dia. Cumprimentou Sofia.

_ Bom dia. Heitor não conseguiu se conter e sorriu para Sofia que ficou encantada pelo sorriso bonito que ele tinha ele._O Luck gostou de mim. Disse se abaixando para fazer um carinho na barriga do cachorro que estava totalmente familiarizado com Heitor.

_ Eh, o que é raro acontecer... Falou reparando mais uma vez em Heitor. _ Heitor, precisamos sair mais cedo para deixar o Luck na creche. Ele está precisando gastar um pouco de energia.

_ Creche?

_ Creche canina.

_ Ah, não sabia que existem creches para cachorros, conhecia só os hoteis que as pessoas deixam os pets para viajar.

_ Pois é, existem as creches para os peta tambem. De vem em quando deixo o Luck na creche para ele não ficar sozinho em casa o dia inteiro, e como hoje eu não consegui passear com ele como havia dito ontem, vou deixá-lo na creche. Tive uma noite péssima depois que falei com a minha ... Sofia percebeu que estava contando tudo que aconteceu com ela desde que Heitor a deixou em casa na noite anterior. _ Acho que é melhor nós sairmos agora senão vamos pegar um trânsito horrível perto da creche do Luck.

_ Sim, vamos.

_ Vou pegar a guia e o tapete de proteção para o carro. Sofia colocou Luck no banco de trás do carro e sentou-se no banco do carona, nervosa por ficar próxima a Heitor, e ele ficou da mesma forma.

Como Sofia temia, após deixarem Luck na creche, todo o trânsito estava parado justamente na via de acesso que eles precisavam acesar para chegar a empresa, e não teve jeito, eles ficaram presos no trânsito.

_ Você consegue ver o que aconteceu? Perguntou para Heitor.

_ Não, provavelmente teve algum acidente e não tem como sair daqui agora. Falou puxando o freio de mão e desligando o carro em seguida.

_ So faltava essa… Sofia enviou uma mensagem para Bruna informando dque que atrasaria por causa do trânsito, bocejando em seguida sentindo sono da noite chegar. Heitor também bocejou e os dois se olharam por alguns segundos.

_ Com sono? Perguntou Heitor olhando para frente sentindo um frio na barriga.

_ Um pouco. Respondeu Sofia sentindo os olhos pesados piscando devagar por causa do sono que sentia.  Voltaram a ficar em silêncio quando Heitor sentiu a cabeça de Sofia encostar no seu ombro. _ Desculpa… ah isso não é hora de cochilar. Falou dando alguns tapinhas no rosto tentando despertar. E em menos de um minuto depois, Heitor sentiu novamente a cabeça de Sofia encostar no seu ombro, mas dessa vez ela havia pegado no sono, segurando-se no seu braço. Heitor não apenas sentiu mas viu os pelos do braço se arrepiar com o contato de Sofia. Ele não sabia o que fazer diante daquela situação que fez seu coração disparar. Fechou os olhos sentindo o cheiro do perfume de Sofia que ele tanto havia gostado. Abriu os olhos olhando de perto para ela, levando amão em direção ao seu rosto, queria tocá-la, mas com um verdadeiro homem, sabia que não devia tocar em um mulher indefesa e sem o seu consentimento.

_ Devo ou não acorda-la? Falou baixinho lembrando que Sofia havia dito quando se encontraram pela manhã, então resolveu deixá-la descansar enquanto o trânsito continuava parado. Passaram-se dez, vinte, trinta minutos, e nada de liberarem o trânsito. Heitor começou a sentor os olhos cada vez mais pesados, não resistindo e também cedendo ao sono da noite anterior que chegou com força.

Sofia acordou assustada quando um motociclista bateu no vidro do lado do carona para mostrar que o trânsito tinha começado a fluir, e mais assustada ficou ao perceber que estava agarrada ao braço de Heitor e que havia dormido encostada no seu ombro. Não sabia como acordá-lo diante da vergonha que sentia. Alguns carros começaram a buzinar despertando Heitor que ao olhar para Sofia viu que ela estava com o rosto completamente vermelho.

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