Cap. 6 - Mentindo

Sofia detestava escutar o som que o salto fazia ao bater com força no chão, mas caminhava com pressa e com raiva, tinha que revisar um contrato e em meia hora sair para um compromisso fora da empresa.

Passou perto de Heitor que sentiu o cheiro gostoso do perfume dela se espalhar pelo ambiente, vendo ela somente de costa, tendo a impressão que conhecia aquele cheiro e a forma dela andar. Quando olhou para os pés de Sofia, reconhecendo o sapato que havia escolhido para ela na festa de lançamento da Ceus-pes. Sentiu o corpo vacilar quando pensou na possibilidade dela ser a mesma mulher que o ajudou a fugir dos seguranças de Marcus.

_ Bom dia. Detesto o trânsito dessa cidade... muitos os motorista acham que devem furar a fila de veículos, que são os únicos atrasados pela manhã. Chegou reclamando visivelmente irritada. _ Tive vontade de travar o transito, por pouco não atravessei o carro na rua, dizendo que ele tinha estragado, e ai mandar todo mundo para aquele lugar.

_ Bom dia, e acalme-se, respire, o dia está apenas começando. Falou Bruna que tentava não rir da forma engraçada que Sofia falava quando estava irritada. _Ah, deixe eu te apresentar ao Heitor, o seu motorista, e a partir de hoje, não precisará mais dirigir pela manhã. Quando Sofia se virou para Heitor ele a reconheceu no mesmo instante, era ela.

_ Bom dia Heitor. Sofia estendeu mão para cumprimentá-lo. Quando suas mãos se tocaram um choque elétrico percorreu as suas mãos fazendo eles se afastarem. _ Aí... e a segunda vez que isso acontece esses dias. Sofia puxou a mão olhando diretamente para Heitor primeira vez e os seus olhos chamaram sua atenção. _ Nós nos conhecemos? Perguntou sentindo o coração errar batidas quando olhou diretamente nos olhos de Heitor.

_ Não... Mentiu Heitor olhando vidrado para Sofia._ Nós nunca nos vimos antes. Falou desviando o olhar.

_ Sofia, vamos... você precisa revisar o contrato das modelos antes de ir para a distribuidora de tecidos vê se dessa vez eles fizeram o pedido certo.

_ Está bem... Se não fosse por Bruna lembrar Sofia dos seus compromissos naquela manhã, ela não conseguia para de analisar Heitor. _ Heitor, seja bem vindo. As chaves, nos espere no carro, vamos sair em alguns minutos.

_ Certo. Falou pegando as chaves na mão de Sofia que seguiu com Bruna.

_ É ela... nossa, ela é tão linda... Falou baixinho seguindo Sofia com o olhar até que ela entrasse no elevador. _ Por que eu disse que não nos conhecemos? Colocou a mão na cabeça tentando entender porque mentiu para Sofia. _ Mas o que ela pensaria de mim, se soubesse que eu sou o cara que ela ajudou a fugir da festa? Ela pode pensar que eu sou alguém perigoso e mandar me demitir... É melhor não contar a ela que eu sou aquele cara... Falava consigo enquanto ia em direção ao estacionamento. Usou a chave para identificar o carro de Sofia, um SUV cinza chumbo. Sentou-se ao volante e ficou aguardando pela chegada das duas. A perna batia nervosa no assoalho do veiculo, as mãos estavam mais frias do que no dia da entrevista. _ Será destino nós nos encontramos novamente? Heitor não conseguia parar de pensar em Sofia, no seu jeito, no seu cheiro... _ Ela nunca olhará para mim, e eu não posso me apaixonar antes de conseguir me vingar daquele maldito, não tenho nada de bom para oferecer a ninguém nesse momento... Dizia, mas seus sentidos pareciam discordar dele.

Sofia foi direto para a sua sala e começou a ler o contrato das modelos, mas se perdeu na leitura quando se lembrou de Heitor.

_ Mas ele disse que não nos conhecemos... A sensação de conhecer Heitor mexia com Sofia.

_ Terminou de revisar o contrato? Perguntou Bruna abrindo a porta da sala de Sofia, vendo que ela estava completamente aérea.

_ Estou quase ... Sofia tentou se concentrar novamente na leitura do contrato.

_ Estou te esperando na minha mesa, quando terminar temos que sair, senão vamos nos atrasar. Avisou.

_ Em cinco minutos terminarei de revisar esse documentos.

_ Ok, chefinha.

Sofia concluiu a leitura do contrato, e desceu com Beuna para o estacionamento. Heitor viu as duas se aproximarem pelo retrovisor, o que fez seu coração, que estava se acalmando, disparar novamente. Desceu do veículo e gentilmente abriu porta para elas entrarem.

_ Obrigada. Agradeceu Bruna. _ Sabe chegar nesse endereço? Perguntou entregando o endereço da distribuidora de tecidos para Heitor.

_ Sim, já rodei muito nessa região quando trabalhava com a aplicativo de transporte.

_ Que bom, precisamos chegar o mais rápido possível.

_ Conheço um atalho, chegaremos no horário. Garantiu Heitor dando partida no veículo.

Bruna e Sofia estavam sentadas no banco de trás, e Sofia mexia no celular desde que sairam da Lamoda. Heitor tentava se concentrar no trânsito, enquanto o coração continuava contrariá-lo. Sempre que parava num sinal vermelho, não perdia a oportunidade de olhar Sofia pelo retrovisor, sendo quase foi pego em flagrante quando ela olhou na sua direção.

_ Esse sapato é o que escolheu no lançamento da Ceus-pes? Perguntou Bruna.

_ Sim, ele é lindo não é?

_ Sim, e pelo visto você gostou muito dele, já está usando.

_ Gostei bastante, confortável apesar da altura do salto. Sempre gostei dos sapatos dessa marca, mas teve um período que a qualidade dos sapatos dessa marca caiu bastante e eu deixei de comprar. Mas esse sapato é perfeito, é como se a mesma designer que fazia os modelos no passado tivesse voltado a trabalhar, mas o que não é possível, pois a Marie, a designer criadora da marca, infelizmente já faleceu. Eu amava os sapatos que ela criava, acho que foi por isso que comecei a me interessar por sapatos. Heitor se emocionou ao escutar Sofia falar da mãe e os seus olhos se encheram de lágrimas, e ela observou ele esfregar o rosto como se estivesse enxugando lágrimas. _ Mamãe tem uma coleção de sapatos feitos por ela, mas ela nunca me deixou chegar perto, só deixa a Débora pode usar.

_ Você calça o mesmo que sua mãe?

_Provavelmente não, as duas são altas, devem calçar duas numerações a mais que minha.

_ Estranho, você é a Débora são tão diferentes, ela alta e você baixinha,  você é morena e ela tem cabelos claros

_ Eu devo ter puxado a família do papai e a Debora a da mamãe.

_ Você parece adotada, isso sim.

_ Deixa de falar besteira... quando era adolescente cheguei a pensar nessa hipótese, mas papai me garantiu que eu era filha deles, dizia se eu quisesse fazer um teste de DNA,  ele me levaria para fazer até o laboratório, meu pai jamais mentiria para mim. Falou ficando triste.

_ Você sente muitas saudades dele.

_ Sim, papai não fazia distinção entre a Débora e eu como nossa mãe faz, mas infelizmente ele teve que partir cedo...

_ Chega, não vamos falar em coisas tristes. Bruna não gostava de ver Sofia triste, apesar de trabalharem juntas, eram amigas.

_ Não vamos mais ... Falou observando Heitor através do retrovisor, vendo que ele parecia estar com os olhos vermelhos.

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