capítulo 8 Sem apoio

Daniela enfrentou tudo com muita certeza de estar sendo coerente com tudo que sempre acreditou, se uma mulher diz. Não é Nao!

Só não contava que o seu próprio tio viesse a Delegacia para pedir que ela retirasse a queixa e mudasse a sua versão do acontecido, afinal, eles sempre foram amigos e os pais do Ivan era seu cliente e ele estava ali para tentar liberar o rapaz. Então ela percebeu que para os tios o mais importante era dinheiro que o escritório recebia por representar os negócios daquela família e se ele a tivesse estuprado como era seu intento, ela seria a culpada.

- Sinto muito, mas não vou retirar a queixa. Esse cara vive me seguindo e os senhores sabem disso, e hoje resolveu me atacar, tentativa de estupro é muito sério. NÃO É NÃO!!

O seu tio era um excelente advogado e claro conseguiu livrar Ivan da cadeia em menos de vinte e quatro horas.

Contudo, a relação familiar estava péssima, os tios praticamente não falavam com ela além do estritamente necessário. Após uma semana os tios a chamaram. Para uma conversa séria sobre o ocorrido. Lembraram que ela era sempre vista com o rapaz e poderia mudar o seu depoimento dizendo que foi uma briga de namorados e limpar a barra do sujeito que mesmo em liberdade estava respondendo ao processo.

- Daniela, nós te acolhemos na nossa casa quando os seus pais faleceram te demos a melhor educação possível,carinho, está na hora de você retribuir a nossa bondade para que o seu tio não perca a conta da Empresa do pai do Ivan. É muito importante para nós manter esse vínculo com a família e os negócios. - Disse a sua tia com autoridade.

- Então se ele tivesse conseguido me estuprar, ainda assim vocês o defenderiam? Sou parte da sua família, e ainda assim valho menos que um contrato empresarial?- Defendeu-se.

- Então, você vai escolher, entre retirar a queixa contra o Ivan e continuar a viver na nossa casa.

- O quê? Vocês estão me expulsando de casa por agir corretamente, é isso? - perguntou com as lágrimas nos olhos.

- Estamos te dando a oportunidade de escolha.- reiterou a tia. - Te criamos com amor e carinho, mas hoje percebemos a sua ingratidão.

- Sou muito grata a vocês por tudo que fazem e fizeram por mim, amo vocês como se fossem meus pais, mas, não posso fazer o que está me pedindo.- manteve a sua resolução.

Depois dessa conversa, ela ficou meio sem saber o que fazer, tinha algumas economias, mas certamente ficaria sem trabalho saindo de casa e até reorganizar a sua vida como faria para sobreviver?

— Bia, estou com um problema sério, podemos conversar? - procurou a amiga

- Claro que sim, vamos jantar na Cantareira logo mais? - combinaram.

Daniela pediu um tempo a sua tia para pensar sobre o assunto, mas já estava decidida a sair de casa, só não sabia para onde. Então a noite as amigas se encontraram e foram até n barzinho de costume. Daniela contou toda a história para Bia e também a sua decisão de sair de casa.

- Entendo perfeitamente a sua indignação com os seus tios, mas sair de casa pode não ser a melhor opção.

- Então você livraria o Ivan para ficar bem com a família que coloca o dinheiro em primeiro lugar?- Irritou-se com o ponto de vista da amiga.

Então ela viu-o, estava lá com os amigos de sempre e a cumprimentou de longe. Ela retribuiu o cumprimento e depois de algum tempo, Breno aproximou-se delas e perguntou sobre o motivo dela estar tão séria. Ela resumiu a história e começou a chorar. Então ele abraçou-a carinhoso e beijou os seus cabelos.

- Amanhã será um novo dia e tudo pode mudar, até a decisão da sua família. - Ele disse atencioso.

— Tomara que vocês estejam certos. - Disse a enxugar uma lágrima teimosa, referindo-se a Bia e Breno.

Quando estavam saindo do barzinho, o carrapato apareceu.

- Daniela, posso falar com você? É rápido.

- Não quero falar com você! Acabou! Nem a sua amizade eu quero seu escroto.

- Por favor, retira a queixa de abuso para eu poder voltar a estudar e trabalhar com o meu pai.- Argumentou com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudanças.

- Você nunca trabalhou, não estuda, e agora vem com essa conversa! Eu não acredito em Papai Noel. Vai se tratar e aprenda a respeitar uma mulher.- Disse com raiva sem altear a voz.

- Então tá! Você vai manter a queixa? - perguntou completamente mudado da forma como chegou - Então aguente as consequências. Vou ferrar com a sua vida.- Disse em tom ameaçador.

- Da minha vida cuido eu, e não vai ser um safado que nem Você a me ameaçar e se dar bem.- retrucou na hora.

Deu as costas e elas saíram em direção ao carro da amiga que estava próximo.

- Daniela, esse cara mais perigoso do que nós pensamos. Converse com os seus tios sobre esse encontro e as ameaças. - Aconselhou a amiga.

- vou tentar conversar, mas, para eles o importante é manter a conta da Empresa dos pais desse canalha. - Disse triste.

Daniela entrou em casa por volta das onze horas da noite e foi direto para o seu quarto. Encontrou três malas no canto e ao verificar o seu armário percebeu que a maioria de suas roupas não estavam mais lá.

-Então é sério estão me expulsando de casa.- constatou.

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