PONTO DE VISTA DE SOPHIA
Durante o café da manhã, estávamos só eu e o meu padrinho Gilberto à mesa.
As crianças ainda dormiam.
Falamos um pouco sobre o andamento dos negócios e acabamos em silêncio por um tempo. Até que ele perguntou:
— Posso saber o que foi tudo aquilo ontem?
— Aquilo o quê? Desculpe-me, mas não entendi. — Dei uma de desentendida.
— Sophia, você é inteligente. E eu também. Não queira me fazer de bobo.
Olhei para o meu padrinho Gilberto e fiquei sem saber o que dizer.
— Você nunca foi tão intimidadora fora da empresa como foi no hall do restaurante ontem. Sei que você estava protegendo Millie, mas lembro-me que já ouviu coisa pior e não agiu assim.
— Padrinho, apenas não gostei da minha filha ser tratada como mentirosa e mal educada. O Senhor sabe como ela é.
— Sim, eu sei. Mas exatamente porque conheço você e ela bem que sei que existe algo mais.
Ele segurou no meu braço e olhou nos meus olhos:
— Sophia, a Millie é a cópia daquele homem.
Fiquei sem fala novamente.
— Eu tenho anos de profissão e um dos meus talentos é reconhecer as fisionomias das pessoas, assim como ler as suas expressões faciais. Aquele homem parecia muito feliz em te ver, porém, estava se segurando em frente à esposa.
— Pa…
— Não tente argumentar, pois, a sua causa será perdida. Ele é o pai da Millie, estou certo?
No passado apenas contei sobre o caso de uma noite com um chefe casado, mas não contei quem era realmente.
— Padrinho, eu prometi a ele que não contaria a ninguém o que aconteceu naquela noite. Agora, eu quebrei a minha palavra.
— Você manteve a sua promessa. Fui eu que descobri a verdade. Sabe que eu jamais contarei a ninguém sem a sua autorização.
— Obrigada!
— Então, já que eu sei qual é a fisionomia dele, quero saber o resto.
Eu contei tudo a ele e o que aconteceu na noite passada, inclusive toda a conversa que tive com a esposa do meu ex-chefe.
— Você realmente o odeia? — Ele perguntou quando terminei.
— No começo sim. Mas depois que a Millie nasceu, comecei a pensar em tudo com calma e o ódio foi se dissipando. Hoje, eu não o odeio, até entendo a atitude dele, naquela época.
— Desculpe-me, mas acho que ele foi um canalha.
— Sim. No entanto, cedemos ao desejo após bebermos várias doses de whisky. Sei que estávamos lúcidos, mas a bebida nos encoraja a fazer algo que às vezes a sobriedade não deixa. Acredito que a consciência dele falou mais alto ao lembrar da esposa que estava no "hospital" e "grávida". Foi a primeira vez que traiu a sua mulher. E sem saber o que fazer e dizer para mim, acabou falando o que não devia.
Ele começou a rir.
— Padrinho!
— Você está falando por ele. Defendendo-o. — Ele voltou a rir.
— O Senhor acha que estou errada?
Ele se controlou e disse:
— Faz sentido, depois de ter visto como ele te olhou.
— Pare de dizer isso.
— Ok. Então, por que disse a esposa dele que os odeia e a chantageou?
Lembrei de toda a conversa e realmente, eu exagerei um pouco.
— Só queria que ela me deixasse em paz. E quanto aquela chantagem ridícula, eu queria que ela realmente tentasse mudar. Ela fez tanta coisa errada e nunca considerou o que o marido vai sentir no dia que a verdade for exposta. Porque vai acontecer. Nenhuma mentira pode ser mantida para sempre. Quando penso na preocupação e no cuidado dele com ela…
Suspirei.
— Fico com pena, porque ele não recebe o mesmo tratamento em troca. O Senhor, não tem noção do quanto ela era esnobe na frente de todos os funcionários na empresa. Nas interações com ele era evidente o quanto ela queria só o status e o dinheiro dele. E quando a Millie nos contou o que aconteceu, eu entendi que ela provavelmente não é uma boa mãe.
— Você está me dizendo que fez tudo isso para que o pai e o filho recebam atenção e cuidado daquela mulher? Quer que eles sejam uma família de verdade? Quer sejam felizes?
— Por isso, eu amo o meu padrinho. Ele sabe ler nas entrelinhas. — Eu disse e comecei a rir.
— Será que ela vai cair nessa? Convenhamos que a condição da chantagem é realmente ridícula, como você mesmo disse.
— Eu sei. Não consegui pensar em nada naquela hora. — Comecei a rir.
— Pelo que contou, ele quer falar com você. Vai ouvi-lo?
Lembrei do contato da mão dele sobre a minha pele, segurando o meu pulso.
Foi como se o meu corpo pedisse por ele. Senti uma energia percorrendo cada centímetro de mim.
Ouvir o meu nome pela voz daquele homem, acelerou o meu coração.
Não consegui olhar nos seus olhos por constrangimento.
Nunca fui tímida, mas pensar na forma como me entreguei a ele e depois como fui humilhada por isso, fez com que o meu sentimento de autoproteção fosse intensificado.
Vou ouvi-lo?
— Não sei, padrinho. Na verdade, não quero. O que adianta se eu escutar talvez um pedido de desculpas? Se é isso que pensa que ele vai dizer...
— Talvez seja importante essa conversa para vocês fecharem o ciclo.
— Não. O ciclo já foi fechado naquela madrugada. Onde ele deixou claro que eu não deveria entrar na vida pessoal dele. Eu errei em entregar-me a um homem casado. Prefiro assumir sozinha a minha parte, do que ter esperanças de uma conciliação com alguém que não poderá estar ao meu lado.
— Se ele te procurar ou for no restaurante? Ele deve ter entendido que vamos lá com frequência.
— Tanto faz. Ele sabe da existência do Igor conforme as informações manipuladas que divulgamos. Conhecendo o perfil dele, mesmo que nos encontremos, será discreto.
— Não vai contar a ele toda a verdade?
— Não, por agora. Primeiro, ele precisa saber se esse casamento que tanto preza é o que ele quer para o resto da vida dele. Não vou fazer nada que possa impactá-lo negativamente. No entanto, se não for o caso... O destino decidirá.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Beth Alves
verdade vc tem lê primeiro pra depois dá o seu parecer
2024-11-06
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Fatima Vieira
inteligente Sophia
2024-11-04
0
Marli Franroz Hofildmann
muito bem sofhia! estou amando a história autora. que a cobra seja desmascarada, essa víbora ( coitada da cobra kkkk)
2024-08-08
4