Descoberta dos sentimentos

PONTO DE VISTA: ANTHONY 

Saber da verdade, fez com que eu assumisse que o que eu sentia por Sophia não era apenas culpa, eu sempre tive sentimentos por ela. 

Desde os primeiros dias que foi trabalhar no cargo de secretária, eu já havia notado a sua inteligência, o seu carisma, a sua beleza... Sentia tranquilo quando trabalhávamos juntos, diferente da outra secretária na época.

Após pensar muito e relembrar das nossas interações, eu entendi que eu já estava apaixonado e nem percebi. 

O martírio de todos esses anos não foi só por culpa, mas sim, por perdê-la.

Só parei para analisar os meus sentimentos por causa do que senti quando Matheus comentou sobre Sophia ser gostosa e que queria ter flertado com ela.

Eu estava morto de ciúmes.

Isso significava o quanto, Sophia era importante para mim. Sendo assim, entendi que existia um sentimento maior e só podia ser... amor.

Eu a amava como nunca amei ninguém.

Essa família que ela construiu deveria ser minha e não do Igor Albuquerque. 

Quem era esse homem? 

Por que ela se casou tão rapidamente com ele? 

Seria seu namorado de infância? 

Lembrei da nossa conversa sobre a nossa adolescência.

Três meses depois de deixar São Paulo, ela se casou.

Sophia estava ainda em luto, sozinha, desamparada… Ela se casou para não ficar sozinha? Ou ela já o amava? 

Foram tantos os questionamentos sem resposta.

O meu escritório estava se tornando uma prisão, resolvi viajar e visitar as filiais da minha Concessionária. 

Voltei para casa, fiz a minha própria mala, enquanto Nick estava no celular, deitada no sofá da sala.

Sequer olhou para mim quando a cumprimentei.

Onde estava aquela história de me chamar de Amor há poucos dias? 

Sei que essa criança não tem culpa, mas não era um bom momento para vir ao mundo…

Ter uma mãe como Nicki era decepcionante. Ela mal cuidava do Greg. Quem zelava dele eram as duas babás. 

Quem dava atenção, era eu quando estava em casa.

Ela apenas engravidou e entregou a criança para o mundo, ou melhor, para as babás. Isso é ser mãe? 

Terminei de fazer as minhas malas, fui até o quarto de Greg.

Ele estava jogando no vídeo game.

— Oi, papai. Vem jogar comigo.

Fui até ele, peguei um controle extra e comecei a jogar. Ver a sua carinha de felicidade trazia paz ao meu coração. 

Enquanto jogávamos, falei sobre a minha viagem e que ficaria alguns dias fora.

Greg chorou e pediu que não demorasse muito, pois sentiria muito a minha falta. Ao consolá-lo, percebi o quanto o meu filho era carente de atenção.

O meu coração sangrou. 

Nick precisava mudar. Tinha que aprender a ser uma mãe melhor. 

Despedi do meu filho e fui em direção à sala. 

— Nick, ficarei alguns dias fora. Dê atenção ao nosso filho. 

— Estou grávida, preciso de paz e sossego.

— Que absurdo é esse que você está dizendo?  Desde quando uma grávida não pode dar atenção ao seu outro filho. 

Depois de ouvir esse absurdo, o meu sangue subiu e a minha raiva acumulada explodiu.

— Se você não mudar o seu comportamento, independente de estar grávida ou não, eu vou me divorciar de você e pedirei a guarda total do Greg.

Essa foi a primeira vez que falei sobre separação. Nesses 7 anos, eu aturei muita coisa. 

Hoje vejo o quanto eu errei. Eu deveria ter colocado um ponto final nessa história quando ela se recuperou do aborto.

Nick arregalou os olhos e gritou comigo:

— Experimenta pedir o divórcio, farei da sua vida um inferno.

— Então, vamos ver quem será  indenizado. Volto em dez dias. Pense bem no meu aviso.

Saí de casa e liguei para o Henrique. 

— Mande instalar câmeras ocultas em todos os cômodos da minha casa e no jardim. Não quero pontos cegos. Arruma qualquer desculpa para todos saírem amanhã, ninguém deverá saber.

— Ok, senhor.

Eu decidi monitorar as ações de Nick quanto ao nosso filho.

Precisarei de evidências, caso o divórcio aconteça, pois pedirei a guarda total de Greg.

Atualmente há câmeras no quarto de Greg, na sala de estar, sala de jantar e no corredor dos quartos, porém há vários pontos cegos.

O Greg nunca reclamou de maus tratos da mãe, mas da sua alienação. 

Não sei o porquê, mas lembrei das palavras do meu amigo Matheus quando contei sobre a primeira gravidez de Nick:

— Thony, não seja idiota. Não se case sem ter certeza que é o pai dessa criança. Se essa gravidez for verdadeira, é um golpe da barriga. Para ser pai, você não precisa casar com quem não ama. Basta dar uma pensão alimentícia e pedir a guarda compartilhada ou total da criança. Independente de qualquer coisa, você tem direito de participar da criação e da vida dela. Não precisa assumir uma pessoa que não tem sentimentos.

— Posso amá-la futuramente. — Respondi.

— E se não acontecer e você se apaixonar por outra mulher? O divórcio pode trazer transtornos para você e para a criança. Pense bem!

Matheus realmente tinha razão.

Por que fui tão precipitado? 

Preciso decidir o que fazer…

Sabia que ao me divorciar, eu estaria sozinho para seguir a minha vida, pois Sophia já refeito sua. Ela estava casada com outro.

Eu estava preparado para esquecê-la?

O que fazer?

Essas eram as minhas perguntas. Não sabia que doeria tanto pensar que eu não me importaria mais com Sophia no futuro.

"Sophia, onde está você? Preciso te encontrar pelo menos uma última vez. Antes de decidir o que fazer." — Pensei.

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