PONTO DE VISTA DE ANTHONY
Os dez dias de viagem foram produtivos.
Participei de várias reuniões, apontei erros ou soluções conforme demanda de cada filial visitada.
Trabalhei muito e só tinha tempo para pensar na minha vida quando chegava no hotel a noite.
Concluí que a dedicação ao trabalho era o melhor remédio para me livrar dos meus tormentos pessoais.
Realmente, eu precisava de um tempo para colocar os meus pensamentos e os meus sentimentos em ordem.
Desta maneira, consegui enxergar o fracasso do meu casamento e entender o significado de amor verdadeiro.
Eu amava Sophia!
Perdi a possibilidade de viver um grande amor por uma atitude precipitada no passado, um casamento por conveniência. E quando eu tive a oportunidade de mudar isso, feri a única pessoa que queria ao meu lado.
Talvez eu nunca consiguisse o perdão de Sophia pela humilhação que a fiz passar, mas a única coisa que desejava de coração era que ela fosse feliz.
Sophia escolheu outra pessoa para se casar, já tinha dois filhos. Não me restava outra opção a não ser deixá-la viver a sua vida. Ou seja, aceitar a sua escolha.
Contudo, gostaria de encontrá-la, pelo menos, uma única vez para consolar o meu pobre coração... Mas não podia forçá-la a me ver…
Diariamente, eu tentava fortalecer os seguintes pensamentos:
"Se um dia, o destino quiser colocar nós dois frente a frente, estarei disponível para falar, me desculpar, ouvi-la, ajudá-la ou amá-la. O que ela quiser de mim, ela terá."
"Se Sophia quiser distância, eu darei."
"Se ela aceitar o meu amor ou a minha amizade, serei o homem mais feliz do mundo. Só anseio não ser tratado como inimigo, pois nunca conseguirei odiá-la."
Sendo assim, resolvi voltar para casa. Com a Nick ou sem ela, eu decidi que buscaria uma forma de seguir a minha vida e tentar ser feliz. Pretendia não viver como antes.
"Tomara que ela tenha entendido o meu recado."
Queria mudanças.
Por isso, vislumbrei um futuro harmonioso e a única certeza que tinha era que o meu filho estaria nele.
Quanto à Nick, só o tempo diria. Não queria mais viver com uma pessoa que se importava só com ela mesma.
Mesmo tendo decidido o que eu queria, a minha própria consciência me traia no segundo seguinte ao imaginar como seria…
Queria chegar em casa junto ou separado da minha mulher, dependeria dela escolher ficar em casa ou trabalhar. Contudo, a cena de uma família rindo e conversando na hora do jantar e crianças felizes correndo pela casa, sem restrições, era algo que me faria muito feliz.
Quando pensei sobre essa possibilidade, a cena se consolidou e os personagens eram eu e Sophia chegando dos nossos trabalhos e os nossos filhos vindo na nossa direção para nos abraçar, a cena da mesa de jantar seria com ela também. Todavia, era apenas um sonho quase impossível.
Nessa hora, como nos desenhos animados o meu diabinho, ou melhor, a minha consciência do mau tentava achar brechas para mudar o atual cenário.
A voz dizia:
"Conforme relatório, o marido dela estava no exterior fazendo um tratamento de saúde, não que deseje a morte dele, mas você tem que ser egoísta e enxergar que ainda há uma luz fraca no final do túnel, há um fio de esperança. Talvez não seja tão impossível assim..."
" Alguns dizem que o amor pode ser altruísta, mas também pode ser egoísta. Hoje, eu sei que isso é verdade." — Pensei.
Olhei pela janela do avião e quando olhava as nuvens, a lembrança daquela noite voltou.
Eu e Sophia conversando e rindo:
— Sr. Kriger vai me dizer que você nunca se apaixonou na sua adolescência?
— Não.
— Tem certeza? — O sorriso dela era encantador, assim como o som da sua risada.
— E você?
— Várias vezes. — Ela disse e riu mais alto.
— Tantas vezes assim? — Perguntei incrédulo.
— Sr. Kriger, quando digo apaixonar na adolescência, não digo amar, mas ter um sentimento puro e ilusório que faz você pensar que a outra pessoa é a melhor ou a mais linda, idealizar algum momento com ela. Entendeu? Agora me diz, alguma vez você fantasiou algo com uma professora sexy ou com a colega de escola mais popular, ou a mais inteligente ou com uma vizinha gostosa?
Começamos a rir, já estávamos na nossa terceira dose de whisky.
— Está vendo, até você passou por isso. — Ela notou que fiquei um pouco pensativo e leu a minha atitude, acertando em cheio.
Rimos de novo e falei sem pensar muito:
— Tenho uma fantasia agora.— Eu disse.
Nesse momento, olhávamos um para o outro profundamente e como um imã, quando desci o olhar para os seus lábios, o beijo aconteceu.
Suspirei ao voltar para realidade.
"Sophia, será que conseguirei te esquecer?"
Acabei adormecendo em seguida.
Acordei com a comissária de bordo pedindo para eu colocar o cinto de segurança, pois o avião estava prestes a pousar.
Ao sair do aeroporto, Henrique aguardava a minha chegada e fui levado direto para casa.
Quando cheguei, a casa estava num silêncio mórbido.
— Maria, onde estão todos? — Perguntei para a funcionária.
— A Senhora Nickoly está no banho e o Gregory está no quarto jogando vídeo game.
— Nick passou algum tempo com ele na minha ausência?
Ela abaixou a cabeça e eu entendi a resposta.
Respirei fundo e fui ver o meu filho.
Abri a porta, Greg continuou jogando sem perceber a minha presença.
Fui lentamente, sem fazer barulho até onde ele estava.
O abracei e ele gritou exultante com um grande sorriso:
— Papai!!! Você voltou! Que saudade!— Falou e agarrou no meu pescoço.
— E aí, garotão? Como você passou esses dias? Fez muita bagunça?
— Me comportei muito.
Não sei se fiquei orgulhoso ou triste com essa resposta.
— Passou o seu tempo livre só no quarto?
— Sim, papai. Esses dias choveu muito, então não tinha como sair.
— A sua mãe ficou algum tempo com você ou te levou na casa do seu avô?
— Não. Ela pediu para eu comportar e te dizer que estava chovendo esses dias.
Como é linda a inocência de uma criança!
— Então, quer dizer que não choveu e ela pediu que não saísse do quarto.
Greg colocou uma mão sobre a outra tapando a sua boca, como se tivesse falado demais e os olhos ficaram vermelhos.
— Fique tranquilo, o papai não contará para ela. Mas não quero que você tenha segredos comigo. Está ouvindo? Promete que me contará tudo? Sem mentiras?
— Eu prometo.
Beijei a sua testa e fiquei com ele por um bom tempo.
Nick descobriu que eu cheguei e foi até onde estávamos.
— Por que não foi me procurar primeiro?
Que vontade mandá-la para aquele lugar… Respirei para não ser grosseiro na frente do meu filho.
— Você estava no banho. Então, vim cumprimentar o meu garotão. — Falei sem olhar para ela e comecei a fazer cócegas em Greg.
— Vá tomar banho e se arrumar, nós três vamos jantar fora. — Ela disse e cruzou os braços, impaciente.
— Nick, vamos deixar para amanhã. Eu estou cansado da viagem.
— Não quero saber de desculpas. Eu comprei roupas e uma bolsa de edição limitada para sairmos hoje. Portanto, nós vamos.
— Nick, a cada dia que passa, você é ainda mais incrível. — Falei de forma sarcástica.
Não discutiria com ela na frente do nosso filho.
Beijei a testa de Greg, o levei até o closet e peguei algumas roupas que combinaria com as quais eu vestiria.
Enquanto, ele se trocava, fui tomar banho e me vestir para sair.
"Nick, continue assim e você vai descobrir que falei sério da última vez." — Pensei.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Fatima Vieira
ele esqueceu das câmeras
2024-11-04
1
Sy
E as câmeras??
2024-08-27
1
Marli Franroz Hofildmann
acorda homem!!!! seu amigo Matheus tem razão cara.
da um sacode nesse moço autora. kkkkk
2024-08-08
2