Capítulo 17 - Você É Que É Maravilhosa

Mariana: Saio do hospital pensativa, encontro o Guilherme escorado no carro com flores, são lindas rosas vermelhas. Caminho ansiosa até ele com receio que alguém nos veja.

Guilherme: Sei que está assustada, mas me disse que não definimos o que somos e você não está ajudando querendo esconder. Não vou mais esconder que estou completamente apaixonado por você Mari.

Mariana: Pego as flores e abraço o Guilherme apertado.

Você é maravilhoso! Obrigada pelas flores, são lindas.

Guilherme: Não Mari, você é que é maravilhosa.

Abro a porta do carro para Mariana e seguimos para o apartamento. Ela não para de sorrir namorando as flores. Entramos no apartamento e ela fica maravilhada com a mesa de jantar que preparei para ela. Pego a sua mão e subo com ela até o terraço.

Mariana: Sigo por um caminho iluminado com pétalas de rosas, velas e luzes. Ao final tem um pedido de namoro com letras enormes. Levo as minhas mãos a boca e fico emocionada.

Guilherme: Aceita namorar comigo Mari?

Mariana: Sim! Sim! Sim!

Guilherme: Abraço a Mariana tirando ela do chão enquanto beijo os seus lábios com paixão.

Você não é um caso, não é um jogo, é alguém que em pouco tempo invadiu o meu coração fazendo ele voltar a bater forte como nunca. Me apaixonei pela mulher extraordinária que você é. Quero que se veja como os meus olhos e não medirei esforços para isso meu amor.

Mariana: Me faltam palavras para explicar como tem me feito feliz Gui, você é a luz em meio a toda escuridão que vivia.

Guilherme me leva até a mesa de jantar e noto um lindo colar nas rosas vermelhas.

Guilherme: É seu, já te dei um anel de noivado e seria estranho usá-lo com uma aliança de namoro. Comprei esse colar e tem um significado, ele representa o meu coração que agora te pertence e será a nossa aliança de namoro.

Coloco o colar na Mariana e limpo suas lágrimas.

Mariana: É lindo o colar, o significado, o pedido e tudo isso.

Guilherme: Não quero que essas lágrimas vençam meu amor.

Mariana: Diferente de todas as outras veses que chorei dessa vez é de alegria, uma felicidade tão grande que transbordou.

Me recomponho e janto com o Guilherme.

Guilherme: Disse que não me conhece, pergunte o que quiser.

Mariana: Gostaria de saber os seus gostos, quero poder te agradar também. Coisas bobas que se sentir bem para contar.

Guilherme: A minha cor favorita é preto. Prefiro o calor, me alimento saudável porque gosto e não sou fã de sobremesa. Faço academia, mas odeio. Gosto de futebol americano, o Henry é o meu único amigo e sem ele talvez não tivesse sobrevivido a morte da Alana. Por enquanto é isso que me lembro, mas pode perguntar qualquer coisa que quiser saber.

Mariana: Alana era a sua noiva?

Guilherme: Sim.

Mariana: Noto o desconforto do Guilherme.

Meu irmão era mais velho, quatro anos mais velho. Ele morreu em um acidente quando tinha 16 anos.

Guilherme: Mariana fica em silêncio. Pego a sua mão e sigo até o quarto dela, me deito e ela deita comigo. Permaneço calado ao seu lado.

Mariana: Ele era uma boa pessoa que se envolveu com as pessoas erradas. Ele queira viajar o mundo surfando, meu pai queria que ele estudasse, na faculdade a pressão foi grande ele começou a...

Guilherme: Não tenha medo ou vergonha meu amor.

Mariana: Estava usando drogas, no dia que morreu falei com ele e ele me prometeu que ficaria tudo bem. O meu pai é ele eram próximos antes das drogas, "era o filho favorito". Ele podia fazer tudo desde que estudasse, esse era o trato. Depois das drogas eles começaram a se desentender e o meu pai respondeu violência com violência. Quando eles usava drogas ficava muito agressivo, o meu pai não se controlava e era algo que estava afetando a todos nós. Ele seria internado, mas não deu tempo.

Guilherme: Tenho aversão a drogados, mas escuto tudo em silêncio cuidando da Mariana.

Mariana: A polícia chegou de madrugada para avisar que ele tinha morrido. Morreu na hora do acidente e não teve chance alguma. Acordei com a movimentação, a minha mãe gritava, o meu pai se desesperou e o vi chorar igual criança. A minha mãe teve um enfarto, o meu pai reanimou ela, mas ela demorou a voltar e a chegar no hospital. É como se tivesse voltado apenas o corpo dela, ela está acamada. Os exames não mostram nada de errado com o cérebro dela, o meu pai é quem cuida pessoalmente dela, já procurou todo o tipo de tratamento alternativo, mas ela não volta para gente. Ela morreu com o meu irmão e o meu pai com ela. Era o meu irmão que me chamava de Mari.

Guilherme: Sinto muito que tenha vivido tudo isso, sinto muito pelas suas perdas.

Mariana: O meu pai me chamava de princesa, eu era a princesa dele e a minha mãe a rainha. Ele tinha uma devoção por ela e eram lindos juntos. Agora ela está acamada sem reação alguma, os médicos concluíram que é depressão. O meu pai não desistiu, vem mensalmente médicos de todo o mundo ver o caso dela. Se puder e quiser sábado gostaria que a conhecesse.

Não consigo falar mais nada, fico quieta segurando para não chorar e gritar a dor que invade o meu peito.

Guilherme: Seria um prazer conhecer a sua mãe.

Mariana não foi a prioridade de ninguém, o pai e a mãe ignoraram que ela ainda estava viva e precisa deles. É compreensível toda a insegurança e medo dela. Viveu presa sobre regras absurdas e depois dos 16 anos sofreu sozinha e ainda teve que lidar com abusos físicos e psicológicos da pessoa que deveria amar e cuidar dela, sem amigos ou qualquer pessoa que lutasse por ela. Ela fica quietinha e dorme nos meus braços, penso em sair, mas não consigo deixa-la, não assim tão fragilizada. Perdido em milhões de pensamentos, pego no sono sem ao menos perceber, derrubando mais uma barreira que jamais pensei que derrubaria.

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Oi meus amores.

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