Capítulo 04 - É Sobre Ter Fé

Sete anos depois...

Mariana: Terminei a residência e agora sou uma staff no hospital central. Vou atender um casal que pelo que me falaram são importantes, trato eles como trato todos os pacientes, os dois apesar do "status elevado" são pessoas simples e gentis. Saio sorrindo do consultório, vi um homem de 1,80 e mais de 90 kg desmaiar com a notícia que a noiva está grávida de gêmeos. As semanas passam e a Nicole completa 15 semanas de gestação e a pressão dela está oscilando muito, chamo a Dr. Maria que é especialista em gestação de risco para acompanhar o caso dela comigo. Ela completa 32 semanas de gestação e entra em trabalho de parto prematuro, tento acalmar o Brayan e a Nicole, mas confesso que é grave o caso dela, a Dra. Maria me alertou que podemos ter que tomar uma decisão difícil no parto. As semanas passam e sou avisada que a Nicole está a caminho do hospital desacordada, ligo agora Dra. Maria e fico aflita aguardando ela na recepção. Ela chega nos braços do Brayan que está desesperado. Ele deita ela na maca e ela começa a ter uma confusão, a sua pressão deve estar muito alta. Tento falar com ele, mas ele não me escuta. Dois amigos conseguem afastá-lo e corro contra o tempo para salvar a vida da Nicole. Coloco ela no monitoramento e me preparo para uma cirurgia de emergência. Entro na sala de cirurgia e a Nicole está acordando, me aproximo tocando o seu rosto assustado com carinho.

(Brayan e Nicole, principais do livro "A Motorista Gata Do CEO")

Nicole: Sal... va... meus... bebês...

Mariana: Vou salvar os três. Teve uma convulsão Nicole, a sua pressão não tá abaixando, precisa ficar calma. Vou te sedar agora, a Sofia e o Ethan vão nascer.

Enfermeiro: Dra. Mariana chegou isso.

Mariana: Não! Não!

Nicole porque assinou uma ONR?

Me bate um desespero.

Nicole: Sinto uma lágrima rolar pelo meu rosto.

Quero... que... salve... eles...

Mariana: Por Deus Nicole! Porque não me consultou? Calma, preciso que respire.

Peço um tubo de oxigênio para Nicole. A equipe toda chega, a Dra. Maria entra para me auxiliar. A Liza entra sem falar nada na equipe, sei não é correto porque ela praticamente irmã da Nicole, mas ignoro porque posso precisar dela. Os monitores apitam, mesmo com a medicação intravenosa a pressão da Nicole sobe ainda mais.

Olha para mim, vai ser sedada agora, quando acordar vou te apresentar o rostinho dos seus filhos.

(Liza, 23 anos. Enfermeira)

Mariana: Nicole dorme e começamos os procedimentos para iniciar a cirurgia, fecho os olhos um instante. Venho de uma longa linhagem de médicos e nunca fui ensinada sobre Deus ou sobre ter fé. Todos esses meses ao lado da Nicole vendo ela orar e me pedindo para ter fé, me fez repensar sobre muitas coisas. Deixei de ser apenas a médica dela, comecei a me importar e pensei que deveria me afastar e não me afastei, porque a Nicole me deixou mais humana. Aprendi desde pequena a confiar apenas no bisturi a agora estou parada no centro cirúrgico pedindo que Deus guie as minhas mãos hoje e me ajude a salvar três vidas.

Maria: Dra. Mariana? Está tudo bem?

Mariana: Tudo ótimo.

Começo a cirurgia, os batimentos cardíacos dos bebês caem e a Nicole tem uma parada cardíaca. É tudo rápido, não tenho tempo para pensar. Começo a dar as ordens e rapidamente tiro o Ethan, nem olho ele e já entrego direto para o pediatra, sinto alívio quando escuto o seu choro, tiro em seguida a Sofia que demora mais chora e novamente entrego ela sem olhar no seu rosto, fico aliviada com choro forte da Sofia ecoando pela sala e se misturando ao do Ethan. Coloco várias gases no abdômen da Nicole e começo a massagem cardíaca.

Carreguem pás.

Peço e as enfermeiras se entre olham.

Maria: A paciente é ONR doutora. Sabe que se continuar vai arriscar a sua carreira!

Mariana: Quando foi que um diploma valeu mais do que uma vida? Saiam daqui todos que não estão dispostos a fazer o necessário para salvar a vida dessa mãe que por medo e desespero assinou uma ONR, ela preferia morrer a deixar os filhos morrem, achando que essa era a única opção que tinha. AGORA ME DE O DESFIBRILADOR E CARREGUEM AS PÁS.

Algumas pessoas deixam a sala, inclusive a Dra. Maria para minha surpresa, peço a uma enfermeira para chamar o Dr. Guilherme para me auxiliar e não paro a massagem cardíaca da Nicole. Ela já está a muitos minutos sem batimentos e vou até o fim para trazer ela de volta. Como imaginei a Liza fica ao meu lado, ela pega o carinho de parada e começamos o trabalho em equipe.

Carrega... Afasta!

Volto a massagem o peito da Nicole. Já estou suando.

Guilherme: Dra. Mariana se afasta!

Mariana: Lágrimas rolam pelo meu rosto, nunca havia me desesperado durante uma cirurgia. Não paro um minuto, os meus braços e o meu corpo inteiro dói. Liza não sai do meu lado.

Carrega! Afasta!

Guilherme: Vejo que a Dra. Mariana não vai parar. Ela está exausta, peço a um enfermeiro que segure ela e começo a massagem no seu lugar.

Mariana: Alguém me segura com força me afastando da Nicole, luto para voltar, não vou desistir. Observo o Dr. Guilherme assumir a massagem e agradeço por ele me apoiar. Descanso um pouco, me dão água. Alongo os braços e revezou com o Dr. Guilherme.

Carrega... Afasta...

O monitor apita finalmente, todos comemoram. Lágrimas rolam sem controle pelo meu rosto, agradeço a Deus mentalmente e sinto a Liza secar as minhas lágrimas com uma gaze e trocar a minha máscara. Dou um largo sorriso agradecendo ao Dr. Guilherme e começamos a fechar a cirurgia da Nicole. Finalizo tudo e libero ela na UTI, vai ficar 24 horas em observação. Eu sei que ainda não acabou a luta, agora ela precisa acordar e não sabemos se pode ter alguma sequela. Olho bem o rosto dela e dou um sorriso em meios as lágrimas. Saio do centro cirúrgico e sento no chão no corredor.

Guilherme: Tá tudo bem, você foi extraordinária!

Encontro a Dra. Mariana no chão chorando.

Mariana: Preciso falar com a família, obrigada. Não iria conseguir salvar a vida dela sem você.

Guilherme: Conseguiria sim, porque você é uma médica incrível! Conte comigo sempre.

Mariana: No impulso abraço o Dr. Guilherme e solto sem graça. Saio para falar com a família da Nicole, limpo as minhas lágrimas e tento me recompor caminhando em passos lentos.

Brayan: Vejo a Dra. Mariana caminhar na nossa direção, seu rosto tá vermelho, os seus olhos estão inchados e o meu coração começa a doer.

Não... Não... Por favor, não...

Mariana: Escuto a voz embargada do Brayan e me aproximo rápido dele. Seguro firme o seu rosto e faço ele olhar para mim.

Nasceram Brayan, os seus filhos estão bem e a Nicole está na UTI lutando pela vida. Não joga a toalha, ela é forte!

Brayan: Abraço a Dra. Mariana, e choro igual criança.

Mariana: Vem comigo, vamos conhecer os seus filhos. Serão eles que vão te fortalecer e já estão no quarto lhe esperando.

Brayan e toda a família me acompanha até o quarto. Estão todos emocionados e sofrendo. Liza está com os bebês nos aguardando. Abro a porta e os dois estão dormindo juntos no berço. Brayan se aproxima e vejo todos muito emocionados.

Eles são lindos, parabéns papai.

Brayan: Meu Deus obrigado. Obrigado!

Vejo os meus filhos dormindo e o meu coração transborda, dispara batendo rápido e forte no peito. Liza me pede para sentar na cama e coloca os dois nos meus braços. Os nossos amigos se aproximam e ficamos vendo como são tranquilos.

Não vão precisar de UTI?

Mariana: Não! O Ethan nasceu primeiro com 2760kg e 48cm e a Sofia um minuto depois com 2500kg e 46cm, o apgar deles foi 8 Brayan. Estão muito bem, os dois.

Explico toda a situação da Nicole, e o Brayan me pergunta sobre a amamentação dos bebês e a Anna que é amiga da Nicole pede para amamentar os gêmeos, uma linda atitude, ajudo ela a amamentar e confesso que fiquei emocionada.

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Oi meu povo lindo.

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