Capítulo 07 - Coração Partido

Mariana: Todos esses dias aqui Guilherme e eu mal nos falamos, ele é um homem reservado e até frio, ainda sim fico ansiosa para vê-lo sem ao menos entender o motivo. Ele me apresentou a biblioteca e praticamente estou morando nela. Usei esse tempo para estudar.

Guilherme: Chego tarde mais uma vez para evitar a Mariana, vejo a luz acessa da biblioteca e a encontro dormindo. Passo as pontas dos dedos pelo rosto dela com cuidado. Tiro os fios de cabelos do seu rosto e coloco atrás da orelha, a minha mente grita para sair daqui, contra o meu bom senso a pego nos meus braços e a levo para cama dela. Ela se aninha no meu colo e continua dormindo, deito ela na cama e ela praticamente me puxa, tento me desvencilhar em vão, me ajeito e fico admirando a Mariana dormir agarrada ao meu corpo. Sinto uma estranha paz após anos, me incomoda os sentimentos que ela me desperta e não posso dormir com ela. Saio rapidamente da cama, sigo para o meu quarto e tenho dificuldade para dormir. Acordo antes do horário e saio rapidamente de casa para não encontrar a Mariana.

Mariana: Acordo atordoada sem saber como cheguei na cama. Me levanto, tomo café da manhã e sigo para a biblioteca onde passo o dia lendo. Me levanto um pouco e vou para sala para esticar as pernas e o meu telefone toca.

📱Mariana: Alo.

📱Nicole: Oi Mariana, temos novidades! Conseguimos, o processo foi encerrado "Dra. Mariana". Foi excluído e o Tales disse que não terá medida disciplinar e que para a sua carreira será como se não tivesse acontecido. Mais uma vez me desculpe, sinto muito por tudo que passou por minha causa.

📱Mariana: Estou muito feliz, muito obrigada. Nem sei o que dizer porque mal consigo segurar a emoção.

📱Brayan: Você merece ter a sua vida de volta. Poderia me encontrar no hospital amanhã de manhã?

📱Mariana: Posso sim, tá tudo bem?

📱Brayan: Amanhã te explico tudo.

Mariana: Conversamos um pouco mais, a verdade é que quase não consegui falar, a emoção foi tão grande. Nem posso acreditar que está tudo resolvido, Brayan me fala que foi graças ao Guilherme também e fico sem entender porque ele não queria que soubesse que me apoiou. Me sento no sofá e choro de alegria, alívio e felicidade

Guilherme: Entro no apartamento e vejo a Mariana chorando, no impulso corro até ela e a envolvo nos meus braços, se o pai dela tiver feito algo a ela de novo eu acabo com aquele velho maldito. Me mantive distante dela, ainda sim o seu cheiro e o seu sorriso me atormentou e me tirou o sono todos esses dias. Pego o seu rosto com carinho observando que ela está mais calma procurando por qualquer machucado preocupado.

Mariana: Estou bem.

Vejo a preocupação nos olhos do Guilherme.

Guilherme: O que houve?

Mariana: Acabou, o processo, tudo, estou feliz! Esse choro é de alívio, estava apavorada, com medo e agora acabou!

Guilherme: Que bom!

Mariana: Guilherme solta o meu rosto e se afasta um pouco do meu corpo. Seguro a sua mão.

Obrigada, eu sei que ficou ao meu lado e o seu nome teve grande importância para esse resultado.

Guilherme: Mariana pega a minha mão, me olha nos olhos e sinto que ele pode ver a minha alma. Me levanto rápido.

Não me agradeça, fiz o que deveria ter sido feito e faria por qualquer colega de profissão.

Sinto a sua expressão mudar e os seus olhos ficam tristes.

Mariana: Entendo, ainda sim, obrigada. Eu vou embora amanhã, foi gentil em me aceitar aqui e sou muito grata por tudo, mas preciso tomar as rédeas da minha vida. O meu nome está limpo e preciso procurar um emprego agora.

Guilherme: Não vai ainda. Espere até encontrar um emprego, eu posso te ajudar. Não está me incomodando em nada tê-la aqui, é uma companhia agradável.

Mariana: Não posso mais, não entenderia.

Guilherme: Me explica.

A Mariana levanta e se aproxima, ela passa as mãos pelo meu pescoço com delicadeza fazendo todo o meu corpo arrepiar e me beija. Não consigo me afastar dela mesmo sabendo que preciso, o beijo é calmo e estranhamente ela parece não saber o que está fazendo. Começo a guiá-la e aprofundo o beijo, puxo ela para mais perto e exploro toda a sua boca deliciosa sem pressa. Me afasto por falta de ar e a Mariana fica vermelha.

Mariana: Fico com vergonha, não sei nem se fiz isso certo. Nunca beijei alguém ou fui beijada, o meu pai nunca me deixou fazer nada além de estudar. Estudei em casa e a faculdade foi um tormento, os meus passos eram vigiandos, a Evelyn me acompanhava até no banheiro.

Nunca fiz isso, desculpa.

Guilherme: Tomar a iniciativa?

Mariana: Não, foi o meu primeiro beijo.

Falo envergonhada.

Guilherme: Notei a inexperiência da Mariana, mas julguei que poderia ser o nervosismo e não que esse era o seu primeiro beijo. Ela é uma mulher, uma mulher linda e com milhões de outras qualidades, como pode nunca ter beijado alguém?

Mariana...

Mariana: Não fala nada, deve ter sido horrível. Sinto muito, foi um impulso. Eu queria te explicar e não achei as palavras então te mostrei porque preciso sair daqui. Estou me apaixonado por você e nem sei explicar como, já que trocamos tão poucas palavras. É um sentimento novo para mim, nunca me senti assim como me sinto ao seu lado. A sua aproximação faz o meu coração disparar, fico ansiosa para te ver e quando me abraça, não quero sair dos seus braços.

Guilherme: Deve estar confusa Mariana. Eu te ajudei e cuidei de você, é normal se sentir assim. Eu não te mereço e não serei bom para você. Merece alguém melhor!

Mariana: Talvez, como te disse não tenho experiência com nada. Me... desculpa...

Saio antes que as minhas lágrimas comecem a descer e não consiga controlar. Entro no quarto e me sento com as costas escorada na porta abraçada aos joelhos e choro sem conseguir controlar a tristeza que sinto. Eu sei que não estou confundindo e que me apaixonei por homem que não tem interesse algum em mim.

Guilherme: Vejo a tristeza nos olhos da Mariana, ela termina a frase com a voz embargada e os olhos marejados. Sai rapidamente e entra no quarto dela, vou atrás dela e escuto ela chorar baixinho. Coloco a testa na porta com os punhos cerrados, mas não consigo bater na porta, saio com raiva de mim mesmo. Eu sei que tem algo rolando entre a gente, mas não posso, não posso me aproximar dela. Ela merece alguém com um coração, que a ame e a valorize, merece alguém que a trate como prioridade e eu jamais conseguiria fazer isso. Saio de casa um pouco para respirar volto horas depois e não encontro a Mariana, na cama que ela dormiu tem o seu cheiro impregnado, a governanta me entrega um bilhete dela e me sinto horrível lendo.

"Guilherme, queria te agradecer por tudo que fez por mim. Desculpa ter confundido as coisas entre nos dois e ter ultrapassado os limites com você. Entendi os sinais errados, como te disse não tenho experiência alguma. Quanto ao que sinto eu tenho certeza que me apaixonei por você, e não precisa se sentir mal por mim, foi unilateral desde o início e só agora me dei conta. Vou apagar e tirar esse sentimento do meu peito e espero um dia te ver apenas como um bom amigo. Não tive coragem falar pessoalmente e espero que me entenda. Mais uma vez, obrigada. Com carinho, Mariana."

Olho o bilhete e tem a marca de uma lágrima, me sinto um crápula porque a verdade é que ela não entendeu os sinais errados. Falei do pai dela e fui um covarde com ela. Agora não sei para onde ela foi e nem se a verei novamente e isso está me doendo de um jeito que não sei explicar.

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Oi meu povo lindo.

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