Capítulo 20

20h em ponto como previsto, Arthur desceu para o jantar, Shaira já estava sentada à mesa com as mãos entre as pernas.

Arthur - Boa noite!

Shaira - Boa...

Definitivamente ela não tinha um pingo de vontade de ser cordial com ele, porém não demonstrava mais o quanto odiava. Passaram o jantar todo em silêncio nem parecia que tinham duas pessoas ali. Luna trás o bolo e coloca em cima da mesa como sobremesa.

Luna - Bolo senhor?

Arthur - Não!

Shaira - Vai recusar? Como um lorde que é, não deveria recusar e me fazer essa desfeita, fiz com tanto amor e carinho.

Ele a olha bravo com o grau daquele deboche.

Shaira - Já que ele não quer, corte um pedaço para mim, Luna!

Luna fica olhando para a cara dos dois e não entende aquela situação constrangedora, Arthur continuava a encará-la com raiva.

Shaira - Vamos Arthur Barker, coma só um pedacinho, fiz esse bolo pensado em você.

Arthur - Provavelmente deve ter colocado veneno.

Luna - Não senhor, eu estava presente o tempo inteiro, a senhorita não colocou veneno.

Shaira somente sorriu e esticou o braço para pegar seu pedaço de bolo, pegou o garfo de sobremesa tirando um pedacinho e levando até a boca, chegando a fechar os olhos de satisfação enquanto degustava.

Arthur somente balançou a cabeça com desaprovação, na realidade ele estava achando ridículo ela agir daquela forma afrontosa e debochada com ele.

- Você está pedindo\, quase implorando para eu te trancar no quarto novamente\, né?

Agora era a vez dele retrucar, Luna estava suando frio com toda aquela cena, Arthur olha para ela que entendeu no mesmo instante que tinha que se retirar e foi para a cozinha roendo as unhas de preocupação com a Shaira.

Shaira - Ué, porquê? Eu apenas te ofereci um pedacinho de bolo e você mal educado não aceitou.

Ele se levanta e dá um sorriso cínico, pega o garfo, tira um pedaço de bolo e coloca na boca.

Arthur - É, está mais ou menos, dá para comer se a pessoa estiver numa ilha deserta sem comida. Quebra o galho!

Eles se encaram e ele sai caminhando lentamente a deixando com cara de tacho, a raiva subiu na hora e Shaira se levanta indo atrás dele, mas Arthur já tinha subido as escadas para o quarto.

Ela nunca subiu no segundo andar, então não fazia ideia de como era lá em cima e qual era o quarto dele. De repente Shaira queria ir atrás dele e falar tudo e mais um pouco.

...

Arthur estava trocando de roupa e se arrumado para sair, ele fez uma ligação para o Roger, seu amigo médico, para tomarem uns drinks em um barzinho qualquer na vila praiana.

Liga para o marinheiro vir com o barco para levá-lo para o iate, nesse momento alguém bate na porta, pensando ser a Luna vai atender e dá de cara com a Shaira.

Arthur - Quem te deu liberdade de subir nessa ala?

Shaira - Ninguém, eu quero falar com você, é importante.

Arthur - Sei… agora não posso, irei sair.

Shaira - Vai para a vila?

Ele não respondeu, voltou para o closet e ela entrou indo em direção a varanda.

Arthur - Vai falando o que de tão importante tem para me dizer, é sobre os arquivos? Agora definitivamente decidiu me contar onde estão?

Ela volta para o quarto e se senta na pontinha da cama.

Arthur olha para ela esperando uma resposta.

Shaira - Posso ir com você na vila?

Nesse momento Arthur dá uma gargalhada.

- Se enxerga Shaira\, você é uma prisioneira\, porque eu te levaria? Isso não tem cabimento.

Shaira - Sabe Arthur, eu tenho só dois meses de vida, né?

Arthur - Não, eu nunca falei que você iria morrer.

Shaira - Eu sei que quando passar esse tempo você vai se mandar e me deixar aqui nas mãos do seu pai.

Arthur - Sim, e daí? Onde está querendo chegar? Você não é problema meu Shaira, entenda isso de uma vez por todas. Só estou aqui porque as indústrias Bakers são meu patrimônio também e não vou deixar uma fedelha colocar tudo a perder.

Shaira - Então está decidido!

Arthur- Decidido o que garota?

Shaira - É coisa minha.

Arthur- O que está planejando? Porque coisa boa não deve ser, tenho certeza.

Shaira - Eu não vou ficar de braços cruzados para ser torturada e morta, eu saberei dar um fim antes que isso aconteça. Me recuso a morrer desse jeito, sempre fui uma pessoa honrada e não vou deixar que me mutilem.

Arthur estava perplexo ouvindo tudo que Shaira estava dizendo.

- Tem que ter muita coragem para se matar\, tudo o que você está falando é da boca para fora\, você está blefando.

Shaira - Não, pode ter certeza que não. O desespero leva o ser humano a fazer coisas inimagináveis.

Ela abaixa a cabeça levando a visão ao chão.

Por um momento ele ficou com os olhos lubrificados, porque doeu tanto nele aquelas palavras que parecia que tinha cravado um punhal no seu coração. Ele não desejava nada de ruim para ela, mas o tempo dela estava acabando e não sabia o que o seu pai faria com ela depois disso.

Shaira enxuga as lágrimas e sai do quarto, por um momento ele queria correr atrás dela, mas ao chegar na porta desistiu, pois não fazia sentido ele querer confortá-la.

Arthur - Que merda!

Ele vai para a sacada e deita no sofá de bambú para tomar um ar, pois ficou muito mal com a situação.

O celular dele toca, era o marinheiro, depois dessa conversa fúnebre ele agora mais do antes precisa sair para espairecer as ideias. Se levanta, coloca o celular no bolso e sai.

...

Shaira estava no quarto deitada chorando, era tão difícil ter alto controle emocional em uma situação já definida como essa, mas ela iria continuar com seu plano de não se deixar ser mutilada por ninguém, acabaria com isso antes de começarem.

Ela rolou na cama de um lado para o outro procurando a melhor posição para relaxar. De tanto chorar ela acabou se entregando ao sono e dormindo de cansaço mental com a roupa que estava mesmo, nem sequer vestiu algo confortável para ter uma boa noite de sono leve.

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