Capítulo 12

Quando terminou o jantar, Shaira voltou para o quarto novamente, se deitou na cama e ficou olhando para teto esperando o tempo passar, mas parecia uma eternidade, era como se os minutos demorassem a passar mais que o habitual.

Como passava metade do seu tempo dormindo, ficou sem sono nenhum, se levanta e fica andando pelo imenso quarto, na verdade ela estava a ponto de enlouquecer.

Shaira - Se a intenção de me manter trancada nesse quarto for para me deixar perturbada da cabeça, estão conseguindo. Eu não aguento mais.

Ela encosta o ouvido na porta para ouvir uma possível conversa lá fora, mas estava praticamente inaudível, o silêncio reinava como uma praga aterrorizante. Shaira começa a bater na porta novamente com o intuito de ser ouvida.

Shaira - Abra a porta, por favor!

Ela pedia para abrir repetidamente até que Luna aparece e abre a bendita porta.

Luna - O que aconteceu, senhorita?

Shaira - Eu quero sair, não aguento mais ficar olhando para essas paredes brancas.

Luna - Sinto muito, mas não tenho ordens para isso, eu vim para perguntar se está precisando de alguma coisa.

Shaira nesse momento fica olhando para Luna, ela não era tão forte assim para impedi-la de sair.

- Somente com um sopapo eu a derrubaria… acorda sua tonta… você está numa ilha no meio do mar.

Shaira pensava mil e uma possibilidades de fugir, mas todas voltavam para a estaca zero.

- Onde seu patrão dorme?

Luna - No andar de cima, senhorita, e ele já está dormindo, pediu para não ser incomodado.

Shaira - Pediu foi? E se eu inferniza-lo.

Luna - Oi? Eu não escutei a senhorita.

Shaira - Vá lá e o chame!

Luna - Eu? Mas ele pediu para não ser incomodado, vai brigar comigo se for lá!

Shaira - Eu quero falar com ele!

Luna coça a cabeça de preocupação.

Shaira - Se ele não vir vou ficar chutando essa porta a madrugada inteira.

Luna - Oh, estou ferrada!

A mulher sai do quarto, tranca a porta e sobe para chamá-lo, respira bem antes de bater na porta do patrão.

...

Arthur estava na cama lendo um livro deitado sem camisa, somente com um short confortável de dormir.

Batidas na porta...

Ele arqueia as sobrancelhas em direção a porta, pois não estava acreditando na audácia da Luna de vir lhe incomodar, mesmo depois de ter dito que queria privacidade.

Arthur - Pode entrar!

Ela entra toda desconcertada e ao vê-lo sem camisa engoliu a seco, a vergonha subiu para o último estágio.

Arthur - O que quer?

Luna - Perdão senhor, não queria incomodá-lo.

Arthur - Se não queria, porque veio então?

Luna - É que a senhorita Shaira está pedindo sua presença no quarto dela.

Arthur - Não, diga a ela que não irei.

Luna - Mas ela disse que vai continuar chutando a porta se o senhor não descer.

Arthur - Então era ela outra vez batendo naquela porta, que garota insuportável. Deixa ela chutar, vá dormir!

Luna - Mas...

Ele a interrompeu com cara de poucos amigos.

Arthur - Me obedeça, só faça o que eu disse, vá dormir!

A voz firme dele a fez recuar, pedindo licença e se recolhendo aos seus aposentos.

...

Shaira estava desenhando o Arthur igual um monstro, ainda colocou uma frase : "Eu te odeio Arthur Baker"

Ela se deu conta que já tinha passado muito tempo desde a hora que a Luna saiu para chamá-lo e não voltou, então deduziu que ele nem ligou para o pedido dela e ainda deve ter dado uma bronca na coitada.

Shaira - Isso não vai ficar assim, se eu não durmo você também não vai.

Ela abre uma de suas malas e tira um sapato de salto alto, o mais pesado que tinha e começa a bater na porta com toda força possível, essa ação acaba gerando um barulho absurdo que ecoava por toda a casa.

Luna escuta e sorri, ficando na dela, achou melhor não se envolver nesse assunto já que o patrão tinha mandado ela se recolher.

...

Arthur fecha o livro e tira os óculos de grau, descendo aqueles degraus na força do ódio,  ele abre a porta do quarto. Shaira estava parada com os dois sapatos nas mãos o olhando um pouco acuada.

Arthur - O que você pensa que está fazendo?

Shaira - Eu queria sair para sala ou tomar um ar puro na praia, estou em crise de ansiedade.

Ele a analisa percebendo que ela estava com as mãos trêmulas e com uma expressão de medo, seus olhos escorriam lágrimas e parecia mesmo que não estava inventando.

Shaira - Eu fui diagnosticada com ansiedade, por isso eu patino, para afastar os maus pensamentos.

Ela solta os sapatos no chão e fica parada em pé o olhando, ele desvia o olhar fitando sua caricatura em cima da mesa.

Arthur - Me odeia tanto assim?

Shaira - Com todas as minhas forças.

Eles voltam a se encarar.

Arthur - Não te julgo, também me odiaria se estivesse na sua pele.

Ele abre a porta.

- Pode sair!

Shaira - Você vai deixar?

Arthur - Sim, se tentar fugir morrerá afogada, então tanto faz se você estiver no quarto ou andando pela ilha.

Shaira - Porque você está fazendo isso comigo?

Arthur - Você sabe o motivo, porque pergunta? Só depende de você a sua liberdade.

Shaira - Não, depende de você!

Essas palavras o fez parar para pensar.

Shaira - Você conhece mesmo o seu pai, Arthur? Sabe que ele não vai me deixar sair viva daqui, eu entregando os arquivos ou não.

Arthur - Pois me entregue esses arquivos Shaira, porque você está complicando as coisas?

Shaira - Porque envolveram a minha família nessa, se eu estivesse sozinha não me importaria de morrer.

Arthur a olhou mais um pouco e saiu do quarto deixando a porta aberta, ela apenas continuou parada no mesmo lugar por mais alguns minutos.

Sai do quarto e vai para sala, se senta no sofá e pega o controle da televisão, para sua surpresa, todos os canais locais estavam bloqueados, tendo acesso somente ao site de filmes e séries.

Acabou colocando em um documentário sobre vida marinha, isso baixou sua ansiedade e a fez ficar mais tranquila naquele momento.

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