Capítulo 10

No dia seguinte em Nova York...

Joice se levantou cedinho e se arrumou para ir trabalhar na padaria, quando estava saindo se depara com o dono do prédio tirando algumas coisas da casa de sua amiga, acha estranho e se aproxima para entender melhor o que estava acontecendo.

Homem - Bom dia jovem!

Joice fica parada de frente a porta observando.

- Porque o senhor está tirando as coisas da Shaira para fora\, seu Marley?

Marley - Porque a garota não vai mais voltar!

Joice - Como assim não vai? Ela só foi no Brasil resolver algumas coisas familiares de urgência, mas irá retornar.

Marley - Não moça, ela não vai, já liquidou todo o aluguel, inclusive ligou ontem avisando.

Joice - Não é possível, que palhaçada, estou com uma raiva tão grande dela. Ela nem se quer me ligou, amiga falsa isso que ela é.

Marley - Já vou colocar para alugar esse apartamento, não quero que fique vazio por muito tempo, pois estou precisando de dinheiro.

Joice - Ah tá, já vou indo.

Ela se dá conta que estava devendo o mês e tenta sair antes de ele lembrar.

Marley - Ei mocinha, espere um pouco, por falar em aluguel, cadê o dinheiro do mês?

Joice coloca a mão na cabeça e vira sem graça com um sorriso amarelo no rosto.

- Sabe o que aconteceu seu Marley\, é... é...

Ele coloca as mãos na cintura e fica esperando a desculpa que ela iria inventar dessa vez.

Joice - Minha avó ficou doente, a coitadinha, imagine só, eu tive que me deslocar daqui para outra cidade e...

Marley - Pode parar por aí, todos os meses a tua avó fica doente, deveria ter inventado outra mentira nova, seria mais convincente. Vamos, me ajude a descer com essas sacolas.

Joice abre para ver o que tinha nela, e percebe ser livros e objetivos particulares da Shaira.

- Seu Marley\, o que o senhor vai fazer com essas coisas?

Marley - Doar, eu acho.

Joice - Posso ficar com elas?

O homem olha para a garota que estava com uma expressão de pedinte absurda, com as duas mãos juntas clamando aos céus por aquelas sacolas.

Marley - Tá, tá, leve antes que eu desista.

O homem tranca a porta do apartamento e desce as escadas e Joice entra com as sacolas para o dela. Xereta algumas anotações, mas ao olhar no relógio decide verificar essas coisas só depois, já que estava atrasada para o trabalho.

Joice - Depois eu vejo isso!

Ela saiu de casa praticamente correndo para chegar a tempo, antes que levasse uma dura do patrão.

...

No Caribe...

Depois de fazer sua higiene matinal, Shaira fica sentada na poltrona esperando alguém entrar no quarto, ela não tinha noção das horas e nem de datas mais, estava atemporal.

Cansada de esperar, ela se levanta e começa a esmurrar a porta.

Shaira - Eu quero sair daqui, me tirem daqui...

Ela chutava ao mesmo tempo que emitia gritos altos, que lógico, tirou Arthur do sério. Ele desceu as escadas furioso e abriu a porta do quarto dela já sem um pingo de paciência.

Arthur - O que você pensa que está fazendo, garota?

Shaira - Isso que vocês estão fazendo é crime, cárcere privado, viu?

Arthur - É, acertou! E quando você pensa em contar onde estão os arquivos que você escondeu? Porque você pegou algo que não era seu.

Shaira - Que arquivos? Eu não sei dessas porcarias que vocês tanto falam.

Arthur - Então vai continuar presa aqui?

Shaira - Isso não é justo!

Arthur - Também não é justo você ter posse de algo que não te pertence, deixa de frescura e diz logo onde estão.

Shaira - Não sei de nada!

Gritou ela correndo tentando sair, e ele não deixou.

Arthur - Já chega sua garota mimada!

Ele gritou bem alto com uma voz forte e firme que a fez recuar imediatamente e sentar na beirada da cama.

Arthur - Você está com todo o conforto do mundo, te dei comida boa e até te deixei livre no quarto, e tudo que você tem que fazer é falar a verdade. Mas fica fazendo essa cena ridícula.

Shaira - Porque deveria contar algo para vocês? Eu sei que vão me matar, aquele troglodita falou!

Gritou ela já caindo no choro.

Shaira - Que opções eu tenho? Agora me fala Arthur Baker? Você e seu pai são dois bandidos sem escrúpulos, eu tenho alguma chance? Eu morro calada mas nunca, nunca irei dizer nada.

Ele fica a olhando, estava com tanta raiva por ela o chamar de bandido, e ao mesmo tempo sentia pena dela. Mais do que ninguém, sabia que seu pai era capaz de tudo.

Arthur - Então você realmente sabe desses arquivos.

Shaira se dá conta que acabou falando demais e tenta reverter o que foi dito.

- Eu não disse nada\, você está colocando palavras na minha boca.

Arthur - Você tem dois meses!

Nesse momento sua espinha gela e o medo invade seu corpo.

Shaira - E depois disso?

O silêncio predominou naquele quarto, chegava a ser ensurdecedor, nem Arthur saberia o que aconteceria depois, ele apenas saiu do quarto sem falar nada fechando a porta novamente. Shaira enterrou a cabeça no travesseiro e começou um choro de desespero incontrolável.

Shaira - E agora meu Deus, o que vai ser de mim?

Entre seu choro de angústia gerou uma revolta e shaira começou a socar os travesseiros liberando toda aquela sensação de revolta que vinha se acumulando há vários dias.

Shaira - Isso é uma injustiça! Eu quero sair daqui...

Ela gritou tão alto que Luna escutou, estava justamente ajeitando o café da manhã dela para levar para o quarto.

Luna - Coitadinha!

Ela acabou falando alto e Matias que ia chegando na cozinha nesse instante escuta.

Matias - Porque coitadinha? Tem pena dela?

Luna - Eu...

Matias - Quer ficar no lugar dela, belezinha?

Ele se aproxima da Luna a assediando.

Luna - Preciso levar o café da manhã da senhorita Shaira.

Matias - Você não é de se jogar fora hein, podemos qualquer dia desses se conhecer melhor, o que acha?

Luna - Não posso, estou trabalhando, com licença!

Ela vai se afastando com a bandeja e ele fica a olhando maliciosamente encostado no balcão com um graveto na boca.