Capítulo 17

Nova York...

Ana tinha feito um jantarzinho romântico para seu marido, preparou o prato dele preferido com sobremesa surpresa, tomou um banho e se arrumou ficando bem bonita e cheirosa para esperá-lo chegar do trabalho.

Ele trabalhava bastante e sempre chegava tarde da noite, pois ia tomar coquetéis com grandes nomes do ramo da tecnologia, isso a deixava demasiadamente chateada, por não se sentir tão importante na vida dele.

Quando Charles a conheceu era viúvo e se apaixonou logo de cara ao vê-la, ela era uma modelo bastante famosa na época e ele fez de tudo para conquistá-la. A princípio, Ana não queria um relacionamento com um homem mais velho, mas o dinheiro fez seus olhos brilharem como cristais. No decorrer do tempo ela realmente se apaixonou por ele, já que ele a tratava como uma verdadeira rainha.

Só tem uma coisa que ela se arrependeu nessa vida, de ter aberto mão do sonho de ser mãe. Charles nunca quis ter um filho com ela, tanto que fez vasectomia tirando qualquer possibilidade desse sonho se tornar realidade. Mas Ana nunca foi capaz de enfrentá-lo e reivindicar seu direito como esposa, era fraca demais para tal ação.

Mas uma vez estava o esperando até tarde da noite para jantar e ganhar algumas migalhas da atenção dele.

Ela pega o celular e liga para ele, não sendo atendida e isso a deixa chorosa. Senta-se no sofá e fica aguardando um retorno, mas para a sua surpresa a maçaneta da porta gira e Charles entra com um sorriso nos lábios trazendo com sigo um buquê de rosas vermelhas.

Ana - Nossa querido, você não me atendia...

Ele a interrompeu com um leve selinho nos lábios, colocou sua maleta no sofá e entregou o buquê para ela.

Charles - Sabe que sempre estico as reuniões mais importantes para um coquetel.

Ana - Sim, verdade, por isso lhe fiz um jantarzinho especial.

Ela retribuiu o selinho e pegou o buquê com um sorriso largo e bobo.

Charles - Dispensou as empregadas, sua danadinha?

Ana - Sim! Risos...

Ele tira o casaco marrom escuro e o coloca no sofá se encaminhando para a sala de jantar.

Charles - Vamos comer então!

Ele puxou a cadeira para ela sentar e se sentou na ponta. Tiveram um jantar agradável, depois foram para a sala. Ele gostava de assistir o noticiário noturno, Ana como sempre aproveita esse momento para lhe fazer uma massagem no ombro e tirar toda aquela tensão do dia a dia dele. Por sinal, funcionava muito bem essa técnica.

Ana - Notícias do Arthur, querido?

Charles - Meu filho está sempre me desafiando, não atende minhas ligações, faz o que quer e isso me incomoda bastante.

Ana - Mas você não disse que ele foi resolver um assunto muito importante? Ele jamais faria isso se quisesse lhe desafiar.

Charles - Ele me testa o tempo inteiro, eu sei disso! Querida, pega o meu charuto cubano, por favor?

Ele dá um tapinha nas nádegas dela a fazendo se levantar, ela abre uma caixinha retangular de madeira e tira um charuto levando para ele.

Charles cheira e fecha os olhos de prazer.

- Esse cheiro é vida!

Ana somente sorriu com o comentário se sentando ao lado dele acendendo o charuto do marido com um isqueiro de ouro.

Charles traga e joga a fumaça para cima liberando em seguida um sorriso mafioso de poder supremo.

- É\, tudo está sob o meu controle!

...

Na ilha...

Luna estava sentada fora da casa na escadinha de quatro degraus com os pés descalços na areia, abre um sorriso de orelha a orelha quando percebe o marinheiro vindo deixá-los na praia de barco.

Arthur - Espere o cretino, ele vai com você para o iate.

Lógico que ele se referia ao Matias, que também avistou o barco e logo veio caminhando em sua direção. Arthur nem sequer falou com ele, sua cabeça ainda estava quente com toda essa situação desagradável e ainda não seria uma boa hora para uma conversa.

Shaira vai caminhando na frente e Luna vem correndo ao seu encontro e as duas se abraçam.

Luna - Que bom que tudo ocorreu bem, senhorita.

Shaira - Ainda tem janta, Luna? Estou morrendo de fome.

Luna - Claro, tem um filé de peixe no azeite, está uma delícia.

Shaira fita o Matias e cospe no chão.

- Nojento\, asqueroso!

Elas vão para a cozinha e Shaira come com uma ganância incontrolável, seus bons modos passaram longe dessa vez. Ela só queria forrar o estômago com algo quentinho antes de dormir.

...

Arthur sobe para o quarto e vai direto no armário do banheiro pegar um analgésico para dor de cabeça, não era nada fácil está na sua situação, por um lado a pressão que sofria do seu pai e pelo o outro a Shaira que era insuportável a convivência com ela.

Arthur - Já estou perdendo a paciência com essa garota mal agradecida.

Ele tira toda a roupa ficando nu, enrola uma toalha branca na cintura e vai para varanda do seu quarto onde se deita em um sofá de bambu com almofadas confortáveis.

Arthur - Mimadinha e respondona, sempre  com uma palavra na ponta da língua.

Por um instante ele para e pensa o porquê se sentia tão incomodado já que tinha convicção que só seriam os dois meses com ela e depois disso nunca mais precisaria vê-la novamente.

Ele boceja e fecha os olhos, seu celular começa a tocar e ele sem um pingo de pressa o pega no sofá já sabendo ser seu pai. Apenas ignorou a chamada insistente como todas as outras vezes.

A lua estava cheia e iluminada e o som das ondas do mar eram como uma mágica que lhe fazia adormecer profundamente, logo começando um sonho.

Acabou sonhando que estava de branco na ilha e Shaira estava parada em frente ao mar olhando para o infinito. Os cabelos dela dançavam ao ritmo do vento, ele se aproximou e tocou seu ombro.

Shaira - Vai me deixar morrer aqui, Arthur?

Ela perguntou já se virando lentamente o olhando nos olhos.

Arthur - Eu...

Shaira - Você é o único que pode me tirar daqui, por favor, salve a minha vida!

Arthur - Eu não posso!

Shaira - Então eu irei desaparecer.

Aos poucos Shaira foi adentrado no mar e acabou sumindo nele, Arthur tentava se mover do lugar mas não conseguia sair.

Arthur - Não... não... Shairaaaa...

A voz dele saia como se estivesse dentro de um túnel cheio de ecos e o mar começando a se agitar.

...

Arthur acabou acordando do tal pesadelo, se levanta escorando o corpo no parapeito da sacada levando a visão para o mar que estava calmo. Ele fecha os olhos sentindo o vento secar aquele suor frio do seu rosto.

Arthur - Céus!

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