Capítulo 16

Matias estava deitado em um quarto de empregados, olhava para o nada como se estivesse arquitetando ideias na sua cabeça.

- Isso não vai ficar assim\, mais cedo ou mais tarde eu me vingarei\, ainda não sei como\, mas acharei uma maneira.

Ele se levanta da cama e entra no banheiro, fica olhando seu reflexo no espelho, não gostando do que vê, seu rosto todo estourado de tão inchado que estava.

Matias - E essa Luna vai me pagar, aquela maldita.

Ele sai do quarto onde estava e entra com tudo no da Luna, ela pega um susto enquanto assistia televisão deitada.

Luna - Como se atreve a entrar no meu quarto sem bater?

Matias - Não se faça de sonsa sua empregadinha sem noção, realmente você não tem medo de morrer, né?

Luna - Tá me ameaçando? Você é um monstro desprezível, machucou sim a garota, e sempre que tiver uma oportunidade irei interceder por ela.

Matias - Ah vai? Cuidado Luna, você não me conhece, tem ideia do que eu sou capaz de fazer?

Ela continua firme o olhando, percebendo que não poderia demonstrar fraqueza, pois ele gostava de brincar com pessoas vulneráveis.

Matias - Sua hora vai chegar, mas antes de eu te matar irei te comer para sentir o prazer carnal e morrer feliz.

Luna - Saia do meu quarto seu nojento.

Ela se levantou da cama e jogou um objetivo de decoração em cima dele, no entanto, ele achou engraçado aquela reação e saiu do quarto assobiando.

...

Em Nova York...

Joice chegou do trabalho exausta, estava com os pés vermelhos e doloridos de ficar praticamente o dia inteiro em pé atendendo os clientes na padaria. Toma um banho rapidinho e veste uma camisola de algodão, algo bem confortável e fresco.

Joice - Aí que dia!

Reclamou ela ao se jogar no sofá, levanta os pés e nota calos que estavam causando dores. Suspira de tédio e vira o rosto para o lado fitando seu celular em cima da mesinha de centro.

Estava em dúvida se ligaria ou não para a Shaira, lembra dos conselhos do Caio e decide ligar. Tentou inúmeras vezes mas todas caiam direto na caixa postal.

Joice - É, como eu previ, a Shaira realmente não quer falar comigo e eu tonta aqui preocupada com essa amiga ingrata. Isso é para eu aprender a escolher melhor minhas amizades sinceras.

Ela balança a cabeça desencanando e vai para a cozinha preparar um macarrão instantâneo para jantar, estava muito cansada e achou a melhor opção para finalizar a sua noite.

...

Em algum lugar do Caribe...

Shaira tinha cochilado na poltrona do quarto presidencial do iate, Arthur se aproxima dela.

- Ei garota\, acorda!

Ele insiste a chamando até ela acordar meio zonza, era visível que estava caindo de sono.

Arthur - Chegamos, venha!

Ela o segue sem falar uma palavra, ao sair do quarto se dá conta que estavam em um cais, descem do iate e saem caminhando calmamente, Shaira não perdia um detalhe mesmo com dor, tentava observar tudo em sua volta.

Tinha um carro já os esperando, Arthur logo se mostrou cavalheiro abrindo a porta para ela entrar, mesmo que fosse só para manter as aparências, ele continuava indecifrável.

O motorista os leva para o hospital local. Ele a olha fixamente nos olhos como se não tivesse afim de falar nada.

Arthur - Já sabe o que tem que fazer!

Ela fecha a cara, ambos saem do carro e entram no hospital, ao visualizarem o ambiente interno, estava quase vazio com apenas um punhado de pacientes e enfermeiros transitando.

Só foi preciso o Arthur falar seu nome que foram atendidos rapidamente, a enfermeira os encaminhou para a sala de consulta onde Roger, o médico amigo de Arthur, estava de plantão atendendo os pacientes.

Ao ver o amigo, vai ao seu encontro o cumprimentando com simpatia.

Roger -  Há quanto tempo meu amigo, acho que não nos vemos faz uns dois anos.

Arthur - É, mudamos de ilha!

Roger - Como está seu pai?

Arthur - O mesmo de sempre!

Roger sorri e olha para Shaira que estava parada de frente a porta segurando a mão doente.

- Perdão\, e essa moça?

Arthur - Ah… é minha namorada! Shaira, venha aqui amor, vou lhe apresentar um amigo antigo.

Shaira revira os olhos e se aproxima.

Roger - Prazer!

Shaira - Você pode me ajudar, estou com o dedo quebrado.

Arthur - Ela caiu por cima da mão!

Ela o olha com uma cara emburrada, mas não nega a desculpa que ele havia dito.

O Doutor Roger enfaixou o dedo da Shaira e passou um anti-inflamatório para ela tomar, inclusive mandou aplicar uma injeção para a dor na enfermaria. Voltam para o consultório e ficam conversando mais um pouco.

Shaira ficou bastante sonolenta depois que tomou os medicamentos na veia, Arthur percebe e se despede do amigo.

Arthur - Bom, já vou indo!

Doutor Roger - Qualquer dia vamos marcar um passeio pelas ilhas distantes e levamos nossas namoradas.

Arthur - Pode ser, até logo!

Doutor Roger - Melhoras Shaira!

Shaira - Obrigada doutor!

Ela estava extremamente sem jeito e com muita vergonha, pois a todo instante Arthur pousava a mão nas pernas dela, como um casal qualquer. Estava tão convincente que por um momento os dois começaram a gostar da situação, mas nunca admitiriam tal coisa, eram orgulhosos demais para ter uma visão ampla de tudo que estava acontecendo.

Arthur olha para Shaira que desvia o olhar no mesmo segundo e eles saem de mãos dadas sem trocar nenhuma palavra.

Ao saírem do hospital sentem o vento frio bater em seus rostos, ficaram parados olhando ao redor, a vila praiana estava deserta transmitindo melancolia.

Arthur tira o celular do bolso e liga para o motorista vir buscá-los.

- Tudo bem? A dor passou?

Ela faz um gesto com a cabeça confirmando que sim, coça os olhos e ele sorri.

Arthur - Vamos, o carro chegou!

Logo chegam no cais e sobem no iate.

Arthur - Pode dormir se quiser.

Shaira - Você não vai para o quarto? Eu posso mesmo?

Arthur - Sim, fique tranquila, se eu for para um quarto será em outro sem problemas.

Eles ficaram se olhando e Shaira acaba ficando com raiva, pois preferia ele não sendo gentil, assim poderia continuar o odiando por motivos plausíveis.

- Não precisa fingir gentileza comigo\, a atuação acabou\, não estamos mais no hospital.

Arthur - É, realmente, para quem disse não ter vocação para ser atriz, você atuou bem. Para mim, foi bastante convincente.

Shaira - Exatamente, quando se está com a cabeça no gume de uma faca fica mais fácil, vale tudo pela sobrevivência, até mesmo fingir.

Ela sobe para o quarto e Arthur fica olhando o mar.

Arthur - Que garota insuportável, totalmente detestável!

Ele se aproxima do marinheiro e dá algumas coordenadas, depois sobe para um quarto qualquer.

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