Capítulo 18

Demorou para que eu dormisse na noite anterior. Eu estou casado agora, hoje já faz um dia, por que ela tinha que sair justo agora? Entendo o motivo de Dylan ter vindo para cá junto com Ayla, para que Maitê não nos encontre ou tente algo com meu filhos, já que Ellie eu consigo, e vou, proteger.

Assim que a mulher em meus braços acorda, noto que estranha um pouco ao olhar em volta, mas logo volta ao normal.

— Bom dia — falo.

— Bom dia — ela responde, bocejando. Nunca pensei que acharia alguém tão bonita bocejando, se bem que Ellie é linda de qualquer jeito.

Noto que seu olhar foi para meu braço, coberto de tatuagens. Então ela começa a contornar os desenhos com os dedos, me causando um formigamento estranho na barriga quando me tocou. O que está acontecendo comigo? Eu nunca me senti assim.

Então, achando que tudo se tratava de tesão por olhá-la, beijo seus lábios carnudos e levemente inchados, por ter acabado de acordar. As cortinas estão fechadas e as luzes continuam apagadas, até mesmo a do abajur.

— Nós não escovamos o dente, amor — ela fala, fechando os lábios.

— Não me importo com isso. Você me fez gastar muitas energias ontem à noite, não acha justo me deixar ao menos te beijar?

— Está beijando demais para uma relação falsa.— Ignoro sua fala, puxando seu cabelo, o que a fez levantar a cabeça, deixando o pescoço a amostra, então comecei a depositar beijos ali.

— Temos que desfrutar das coisas boas de uma relação, mesmo que seja falsa. Vai dizer que você também não sente um imenso desejo ao me olhar?

— É...não posso negar.— Subo em cima dela e seguro, com uma mão, suas duas mãos acima de sua cabeça. Me aproximei o suficiente para notar seus batimentos ficarem mais rápidos e sua respiração acelerar.

Começo a traçar um caminho sensual por sua clavícula, mas quando iria chegar em seus seios alguém bate na porta, então destranca e abre. Foi tudo tão rápido que nem tivemos reação.

— Christopher, v...— Era Dylan. Sua voz foi abaixando de acordo com que via a cena.

— O que foi, Dylan? Tira eles daí log...— Era Ayla, que também abaixa o tom de voz ao ver a cena. Ellie corou e fechou os olhos, parecia querer desaparecer dali. Sorrio ladino com sua reação.

— O que vocês querem?— Pergunto. Saindo de cima dela.

— Não vão me dizer que vocês passaram a noite toda acordados?

— Não. Acordamos quase agora.— A fito com o olhar, tenho certeza de que ela não tem ideia de que horas são, a sua frase só nos fez ficar mais encurralados.

— Ellie, são quase onze e vinte da manhã. Vocês não foram tomar café e, se demorarem mais, irão perder o almoço.

— Pai, mãe!— Ouço a voz de Anthony.— Eles estão aqui?

— Estão. Mas não precisa entrar no quarto, Thony. O que foi?

— Por que não posso entrar? É o quarto dos meus pais.

— Porque...esquece. Só fala, o que houve?

— Soph...de novo.

— O que aconteceu com ela?— Ellie pergunta, preocupada.

— Eu acho melhor você perguntar para ela, então façam o favor de tomarem banho, pois não quero ninguém cheirando a sexo, se vestirem e irem ver seus filhos. Okay?— Ayla falou baixo, para que meu filho não ouvisse.

Eles fecham a porta então nos levantamos, rápido. Indo tomar banho e trocar de roupa. Nunca havia visto Ellie tão desesperada assim, ela está com muita pressa, muita mesma.

Estava colocando meus últimos acessórios quando ela sai do quarto em disparada, então pego meu relógio e vou colocando no caminho, enquanto a seguia. Não entendi o motivo de sua euforia, mas nem tive tempo para pensar pois Dylan apareceu ao meu lado.

— Parece que está se apaixonando, Chris.

— Não enche.

— Então o que foram aquelas cenas que flagramos vocês. Segurar uma mulher daquela forma e estar de manhã em cima dela prova uma coisa que você nega.— Reviro os olhos.— Ah, e vocês traumatizaram a pequena Soph, ela está tão preocupada com a mãe dela.

— Como a traumatizamos?— Termino de colocar meu relógio e arrumar as mangas de meu terno, então entro no quarto de minha filha, vendo que ela chorava enquanto Ellie conversava com ela.

— Soph, o que foi?

— Mamãe, cuidado. Ele está aqui. Não vou deixar que ele faça isso com você novamente — ela aponta para mim enquanto falava. O que ela quer dizer com isso?

— Me explique, filha. O que seu pai fez para mim?— Ellie pega Sophia no colo, limpando suas lágrimas, a fazendo parar de chorar.

— Ontem eu vi o papai prensando você na parede, mamãe. Então a tia Ayla e o tio Dylan falaram que se eu tivesse uma dúvida era para pesquisar na internet. E foi o que eu fiz. Pelas fotos não parecia ser nada bom. Mas eu não vou deixar o papai fazer isso novamente — ela coloca os braços na frente de Ellie, que a colocou no chão. Arqueio uma sobrancelha e fico perplexo pelo que ela achou que eu estava fazendo com Ellie.

Me aproximo delas e Sophia não parou de me encarar. Travo meu maxilar e fico a olhando. Então ela corre para trás de Ellie.

— Filha, o que você viu foi isso? — Pego Ellie no colo e a prenso na parede.

— Sim. Papai, não machuque a minha mãe...

— Soph, olhe o que aconteceu antes — beijo os lábios de Ellie, que retribuiu, como se fosse o de ontem à noite. Então a desço e olho para a pequena que insiste em me acusar.

— Mas...

— Eu explico. Vem aqui.— Ela pega a pequena no colo, que a olha curiosa.— Olhe para mim e para seu pai, você não vê que ele é maior que eu? Então, ontem ele queria me beijar, mas ficaria muito incômodo se ele ficasse abaixado, por isso o deixei me pegar no colo para que não fosse incômodo para ninguém. Não é nenhuma forma dele me causar medo, mas sim de demonstrar seu amor.— Demonstrar seu amor? Não era o que eu queria naquele momento, não mesmo.

Ela falou tudo muito naturalmente, o que pareceu fazer Sophia acreditar. Ainda bem. O que eu menos queria era minha filha falando que tem que proteger sua mãe de mim. É cada coisa.

— Bom, já que tudo está resolvido e todos estão prontos — Ayla fala, entrando no quarto — o que acham de fazermos um passeio? Aqui na Noruega tem tantos lugares legais e bonitos.

— Ok, vamos.

— Mas vocês dois tratem de trocar de roupa, está muito calor. Chris, você não tem nenhuma roupa além do terno?

— Tenho.

— Então vão vestir outras roupas — Ayla ordena. Enfim, saímos do quarto após eu garantir para Sophia que não irei machucar sua mãe.

Fui até o closet e peguei uma camiseta azul marinho, mas quando ia sair eu ouço uma conversa, parecia ser de Ayla e Ellie.

— O que você achou de ontem?— Ayla perguntou.

— Posso falar que me surpreendeu, estava lindo, perfeito, todas as decorações estavam exatamente como planejamos. Vocês fizeram um ótimo trabalho.— Sinceramente, achei que ela estava falando de mim no início da frase.

— Não é disso que eu estou falando. Como foi com Christopher? Ele é o Deus grego dos negócios, o perfeito em tudo...

— Realmente, perfeito em tudo — Ellie responde, interrompendo sua amiga. Sorrio com sua resposta.— Você acredita que ele tem o braço fechado de tatuagens? Fora que o corpo dele é muito definido.

— Mentira! Sério? Tô falando das tatuagens, do corpo já era evidente.

Então ela gosta de ver minhas tatuagens? Okay, farei como queira. Voltei e vesti uma camiseta regata branca. Eu nunca havia mostrado minhas tatuagens para ninguém, somente o meu tatuador e, agora, Ellie, sabem disso. Nem mesmo para Dylan ou meus filhos eu mostrei.

Assim que saio do closet, vejo que Ellie sai do dela, ela colocou essa roupa para me perturbar, certeza. Um cropped preto e uma calça jeans larga, rasgada nos joelhos.

Me aproximo dela, que me olhava boquiaberta.

— O que foi?— Pergunto.

— Achei que você só tinha ternos.

— E eu achei que você não tinha roupas provocativas. Você está querendo me testar?— Passo minha mão em sua cintura, a trazendo para bem perto de mim. O cheiro de seu perfume me deixa em total êxtase.— Acho que é melhor irmos.

Assim saímos do quarto, ninguém estava nesse andar, mas quando descemos vimos mais duas pessoas sentadas no sofá, cujo foram os primeiros a nos olharem.

— Ethan?— Ellie fala.

— Daisy?— Eu digo.

Todos olham para a gente, noto que quando viram meu braço fechado de tatuagens eles ficaram surpresos, paralisados, sem falarem uma palavra. Nos aproximamos e sentamos ao lado de Ethan, que está à esquerda de Ellie, e Soph, que está à minha direita.

— Chris, quando você fez todas essas tatuagens?— Dylan é o primeiro que se pronuncia.

— Já faz tempo. Bom, o que os padrinhos vieram fazer aqui?

— Ah, deixa eu explicar — começa Ayla.— A casa está muito quieta e não tem nenhum funcionário, já que vocês não quiseram. Temos que ter alguém que cozinhe bem en...

— Christopher sabe cozinhar — fala Dylan.

— Sério?— Todos me olham.

— Sim.

— Que bom, Ethan também sabe. Acho que poderemos fazer uma competição.— Tinha que ser ele? Não gosto nada desse homem, não gosto mesmo!

Noto que ele olhava a todo momento para Ellie e colocou a mão em sua coxa, ela pareceu não se importar com isso, ou não notar.

Pego Sophia e a coloco em meu colo, então vou para o lado e puxo a cintura de minha esposa, a trazendo para mais perto de mim. Logo, Soph vai para o colo dela. Muito bem, filha.

— Vamos?— Assim, levantamos e todos fomos para fora da casa, eles decidiram ir a pé, já que estamos no sul do país, no litoral. Então eles querem ver tudo.

Sophia andava com Ayla e Ellie na frente, e os homens estavam os arredores, conversando. Logo, Daisy, que está ao meu lado, fala comigo.

— Você gosta dela?

— Não deu para perceber ainda? Seu eu não gostasse da minha esposa, por qual motivo eu casaria com ela?

— Não sei. Mas ela é nove anos mais nova que você. Chris, você deveria ter escolhido alguém com uma idade perto da sua, que tem a mesma cabeça.

— Alguém como você?— A olho, esperando sua resposta.

— N-não, m...

— Eu tenho a liberdade de escolha, Daisy. Como minha amiga, me apoie.— Vou para mais perto dos outros e Daisy fica ao lado de Ayla.

— Você percebeu como Ethan está olhando para sua esposa?— Dylan pergunta. Nossa, parece que não terei um minuto de paz!

— Vi, Dylan. Mas vou dar um jeito, vou colocá-lo em seu lugar.

De repente, quando todos estavam concentrados em Ellie, Ethan a para, fazendo todos pararem de andar.

— Ellie, eu tenho um presente para lhe dar.— Cruzo meus braços, olhando para o que ele terá a ousadia de fazer.— Feche os olhos.— Ela faz o que ele pede.

Ethan vai para atrás dela, aonde eu estou, mas como estou um pouco afastado ele conseguiu ficar ali, colocando algo no pescoço dela. Assim que acaba, ela abre os olhos e ele volta para a frente de Ellie.

— Que lindo, Ethan. Muito obrigada!— Era um colar prateado, com uma borboleta laranja, a monarca, e no meio está a letra "E", mas algo me diz que isso é mais para remeter ao nome dele, do que ao dela.

Quando todos ficaram quietos, Ayla mudou de assunto e voltamos a andar. Ellie havia se afastado um pouco de todos, eles estavam mais na frente e Ethan está ao seu lado, e eu atrás.

Então, aproveitando a oportunidade, chego mais perto dela e seguro o cinto de sua calça jeans, a fazendo girar e parar de frente comigo, que a puxo para mais perto, fazendo seu corpo colar ao meu.

— Você está usando essas roupas para me provocar?— Sussurro, em seu ouvido.

— Como?

— Sabe o quanto isso está provocativo? Me dá uma enorme vontade de querer fuder você agora.— Achei que ela iria corar, mas fez totalmente o contrário.

— E quem disse que eu não quero isso?— A aperto ainda mais contra o meu corpo, notando Ethan ficar muito desconfortável.

— Já te falei que minha mão fica bem melhor em seu pescoço do que esse maldito colar?

— E eu já falei que eu fico bem melhor ao seu lado do que aquela maldita mulher que você chama de amiga?— Estamos com ciúmes, os dois. A diferença é que são de pessoas que o outro protege.

— Então vamos resolver isso.— Seguro seu braço e a puxo para longe dali, indo até um local cheio de árvores, que não havia ninguém além de nós. A paro em minha frente.— Se aquele seu amigo continuar te dando presentes eu não vou aguentar.

— Se aquela sua amiga ficar toda hora perto de você eu também não vou aguentar. Lembre-se que no contrato tem a cláusula de manter-se fiel.

— Ela me deu algum presente? O único que lhe deu um foi Ethan.— Arranco o colar de seu pescoço, guardando em meu bolso.

— Me devolve! Christopher, nós estamos em uma relação falsa. Para quê tudo isso?!

— Realmente, isso é só a porra de uma relação falsa. Ok, você quer esse colar? Pegue — o coloco em sua mão.— Agora vamos voltar para junto deles, já que você quer tanto assim ficar perto de seu amigo.

Passo ao seu lado e ela segura meu braço, não quero mais conversar, se ela quer ficar com ele, que fique, não me importa mais. Me solto de sua mão.

— Chistopher, vamos conversar.— A ignoro, saindo dali e avistando todos de longe, então vou indo até eles.— Christopher!

Continuo a ignorando, dando de ombros. Quando estava perto dos outros, noto que Ethan não tirava os olhos de nós. Mas antes de pensar em algo, ela segura meu braço e me para.

— Tá, você está certo. Mas eu aceitar um presente de meu amigo não significa que gosto dele. Se é o colar que está te deixando assim, toma — ela pega minha mão e coloca o colar nela— pode ficar com ele e faça o que você quiser, queime ou jogue fora, não me importa. Somente não fique bravo comigo.

Jogo essa jóia longe, sem ver aonde parou, então a trago para mais perto de mim e, dessa vez, ela foi mais rápida que eu e me beijou, levantando as pontas de seu pé.

Seguro firmemente sua cintura e retribuo seu beijo, assim que mordo seu lábio e ela arfa baixinho, coloco minha língua dentro de sua boca e aprofundo mais o beijo. Ellie estava perdendo o ar, então puxo seu cabelo, movendo meus beijos para seu pescoço.

— Chris...— sua frase é interrompida por um gemido quando aperto sua bunda.

— Vamos nos juntar a eles, senão vão ficar nos procurando, inclusive Sophia.

— Ok.— Seguro sua mão e voltamos para junto dos outros.

A partir daí Ethan parou de ficar tão próximo de Ellie, já que fiquei ao seu lado a todo momento, segurando sua mão. Notei que ele percebeu que o colar que deu para Ellie não estava mais em seu pescoço e tenho certeza que ele viu a cena em que o joguei fora, o que foi bom.

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