Capítulo 3

Após eu falar isso ela fica em completo silêncio, só conseguia ouvir sua respiração.

— Como?

— A senhorita me falou que trabalhou em uma creche por cinco anos e fez pedagogia, então acho que a senhorita está muito qualificada para ser a babá dos meus filhos. Eu a pago para fazer isso. Trabalhará meio-período como minha secretária e o outro período como babá.

— Senhor Walkhen, eu não preciso de mais dinheiro. Posso ver as crianças primeiro? Pois quero ver se elas vão gostar de mim.

— Claro, mandarei meu motorista lhe buscar.

— Não precisa, senhor Walkhen. Me mande seu endereço e eu mesma vou.

— Okay, como queira.

— Estarei aí às oito, já que é o horário de que eu começaria a trabalhar.

— Tá.

— Boa noite, senhor Walkhen.

— Boa noite, senhorita Miller.— Ela desliga a ligação e eu coloco meu telefone em cima de minha mesa. Nunca ninguém havia falado que não receberia mais dinheiro e que queria ver Anthony e Sophia antes...Ellie é bem diferente das outras mulheres.

...•••••...

Desço as escadas e vejo que Anthony e Sophia estão sentados no sofá, esperando colocarem o café da manhã na mesa. Normalmente eu não costumo fazer quase nenhuma refeição com eles, sempre estou ocupado com algo.

— Pai? O que você ainda faz aqui?

Entendo sua dúvida, mas antes de poder responder, a campainha toca. Já sabia quem havia chegado. Logo, um funcionário vem até mim.

— Senhor Walkhen, uma jovem chamada Ellie Miller está aqui e falou que o senhor a chamou.

— Ah, sim, deixe-a entrar.— O funcionário sai e eu noto que todos olhavam curiosos, principalmente Anthony.

Logo, uma mulher morena de cabelos castanhos longos, entra em minha casa, o que atraiu o olhar de todos.

— Bom dia, senhorita Miller — falo, me aproximando dela.

— Bom dia, senhor Walkhen. Desculpa, eu quis vir um pouco mais cedo, pois teria que estar às oito no escritório, não aqui.

— Ah sim. Venha, irei mostrá-los para você.— A mulher me acompanha até a sala de jantar, que é aonde meus dois filhos estão sentados, comendo o café da manhã.

— Quem é ela?— Anthony é o primeiro que se pronuncia.

— É sua namorada, papai?— Pergunta Sophia. Me fazendo arregalar os olhos. Não era para ela saber dessas coisas com essa idade.

— Quê? Não! Sophia, quem lhe ensinou isso?

— Jurei segredo.— Ela fez um movimento em frente a sua boca, aonde fechava o "zíper", para ficar quieta. É cada coisa.

— Bom... Anthony e Sophia, esta será a nova babá de vocês, o nome dela é Ellie Miller.— Percebo que Anthony arqueia uma sobrancelha, ele costuma fazer isso com frequência quando desconfia de alguém.— Senhorita Miller, estes são meus filhos, Anthony tem sete anos e Sophia tem três.

— É um prazer conhecê-los.

— Pai, por que ela se parece muito com a Soph?— Essa questão que ele fez foi a que eu estava tentando evitar. Por mais que as duas se pareçam muito, elas não têm nenhum vínculo, mas tenho certeza que farão especulações sobre isso.

— Não sei, isso é bem estranho mesmo.— O fato de todos terem visto e acompanhado a gravidez de Maitê, onde ela estava gerando Sophia, é uma prova de que eu e Ellie nunca tivemos nenhum envolvimento. Porém, minha única preocupação é o que Sophia irá achar de toda essa semelhança.

Percebo que a pergunta de Anthony fez Ellie olhar para Sophia por muito tempo, acho que isso também foi um grande impacto. Mas, sem que eu pudesse fazer alguma pergunta, a pequena menina de cabelos castanhos sai de sua cadeira e anda em passos lentos até nós, parando na frente de Ellie.

— Você é muito bonita.

— Obrigada.— Ela se abaixa, ficando da altura de Sophia, que recua um passo.

— Vou deixá-los a sós. Daqui a trinta minutos nós teremos que ir, senhorita Miller.

— Okay, senhor Walkhen.— Após isso, saio dali e volto para meu quarto, tenho que continuar me arrumando.

Fico em frente ao espelho, percebendo que ainda tenho que fazer o penteado que costumo utilizar no dia a dia. Então pego minha escova e começo a pentear os fios pretos, de forma que ficassem todos alinhados e conforme o meu gosto.

Assim que coloco minha gravata, olho meu relógio, vendo que já havia se passado os trinta minutos. Espero, realmente, que os dois gostem de Ellie… eu preciso de uma babá, mas ver mais gente nova— ela também é nova, entretanto será minha secretária — não me deixa confiante, não costumo confiar nas pessoas, elas têm que ter a minha confiança, o que é muito difícil.

Assim que volto para a sala de estar, vejo que Ellie está conversando com Sophia e Anthony normalmente, nenhum dos dois estão fazendo birra ou coisas do tipo, muito menos a constrangendo… enfim posso respirar aliviado.

— Ellie, você cuidará da gente e ainda será secretária do nosso pai? Isso não é de mais?

— Também pensei assim no início, mas vocês gostariam de ficar toda hora trocando de babá?— Eles negam.— Então, acho que o senhor Walkhen também não gosta de ficar contratando outras pessoas, por isso decidiu me fazer essa oferta.

— É, faz sentido.

— Ellie...— chama Sophia, que recebe a atenção da mulher em poucos segundos — você pode ser minha mamãe?

Tá, essa pergunta de Sophia me pegou de surpresa, e aposto que deva ter surpreendido Ellie também. Porém, fiquei olhando tudo parado, pois, pelo que a governanta havia me falado desde que contratei a primeira babá, era de que Sophia sempre fazia essas perguntas para elas. Entretanto, eu nunca fiquei tão surpreso como agora, senti até mesmo um suor frio escorrer pelo meu rosto.

— Soph, eu não posso ser sua mãe. Não tenho nenhum vínculo com vocês nem com o pai de vocês, e não é algo que eu queira. Mas eu posso ser sua amiga ou, se você preferir, somente sua babá. Ser sua mãe é algo íntimo e inatingível para mim.— Ellie respondeu à pergunta calmamente, e eu notei que Anthony amenizou sua expressão de desconfiança.

A única coisa que quero é que ela possa cuidar deles, somente isso, nada mais.

— Posso fazer outra pergunta?— Sinceramente, essas perguntas de Sophia me preocupam.

— Claro.

— O que é ina... inatingí...— ela tentava falar a palavra, entretanto não estava conseguindo, mas para sua idade isso é normal. Tem até adultos que não sabem pronunciar corretamente.

— Inatingível?

— Isso.

— É uma coisa que não pode ser atingida, conseguida ou alcançada. Na minha frase eu quis dizer que ser sua mãe é algo que eu não consigo, e não quero, alcançar e ser.

— Ah...— a expressão da mais nova se transformou em um rosto triste, o que eu não consegui entender, pois ela nunca agira assim com ninguém.

— Vamos, senhorita Miller? Já estamos atrasados.

— Claro, senhor Walkhen.— Ela se levanta do sofá e arruma sua bolsa.— Tchau, crianças. Nos vemos na hora do almoço.

— Tchau, Ellie.— Após se despedir deles, a mulher me acompanha até a porta de saída.

— Vamos, tenho uma reunião daqui a pouco.

— Eu sei, e a marquei para um horário que o senhor conseguirá chegar sem problemas, por conta do trânsito.— Essa ação dela me pegou de surpresa, Ellie é bem eficiente mesmo.

Assim que a mulher se direciona para o portão de saída, seguro seu braço, confundido com tal ação. Ela me olhou de cima a baixo e retirou seu braço de minha mão.

— Onde você vai?

— Vou para a empresa.

— A senhorita irá comigo.

— Mas eu iria pedir um táxi, e ir com o senhor não é nada profissional da minha parte.

— Senhorita Miller, para trabalhar comigo a senhorita tem que entender que terá que agir de acordo com meus gostos e o que eu quero. Fora que a senhorita terá que me acompanhar em várias reuniões. Você irá a todas elas a pé?— Nunca gostei que as pessoas fizessem o oposto que pedi, ela tem que saber se portar já que será minha secretária e babá dos meus filhos.

— ... Não, mas...

— Vamos. Já estamos atrasados — digo, a interrompendo. Então, cedendo ao meu pedido, ela me acompanha até o carro, entrando no banco traseiro ao meu lado.— Pode ir, senhor Hans — falo ao meu motorista, que começa a dirigir.

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Comments

Fatima Maria

Fatima Maria

ELLIE ESTÁ ESTRANHADO ISTO TUDO

2024-10-04

0

Fbiana De Santos

Fbiana De Santos

estou adorando a história

2024-08-14

0

Zete Campos

Zete Campos

tô gostando muito da história parabéns autora pelo seu trabalho.

2024-07-18

0

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