Capítulo 5

— Eu peguei ele porque achei que deveria fazer algo senão a Soph não iria parar...— O garoto abaixou a cabeça, mas não achei certo que ele fizesse isso. Anthony só está me desobedecendo.

— Senhor Walkhen, podemos conversar um minuto?— Ellie pergunta, saindo de perto de meus filhos e caminhando lentamente até mim. Sua indiferença para minhas ações me deixa um pouco curioso sobre ela, era como se nada que eu fizesse lhe causaria uma reação, e eu não sei o porquê disso me incomodar.

— Sim, me siga.— Assim, ignorando qualquer olhar curioso, fomos para o meu escritório. Após ela entrar, eu fecho a porta e me direciono até a mesma, parando em sua frente.— Qual o motivo da senhorita querer falar comigo?

— Senhor Walkhen, eu sou a babá das crianças, qual o motivo do castigo que o senhor deu para Anthony?

— Ele está de castigo porque ficou jogando as coisas na sala e fez a maior confusão, só por conta de dois garotos de sua escola. Ah, e eu tenho que conversar com os pais desses garotos, havia me esquecido.— Desvio da garota e vou até minha mesa, sentando na cadeira e pegando alguns papéis que estavam com o número dos indivíduos que estou procurando.

— Senhor Walkhen?— Não olho para a garota, mantenho meu olhar no que estou procurando.— Senhor Walkhen, olhe para mim! Isto tem a ver com os seus filhos.— Solto um longo suspiro e a encaro, percebendo que a mulher está sentada na cadeira em minha frente, me olhando penetrantemente.— Senhor, acho que Anthony não merece esse castigo.

— Como?

— Anthony não merece o castigo que o senhor impôs para ele. Ele não é totalmente culpado, mas sim os garotos, que falaram aquilo, e o senhor, que não estava presente.— Sua fala me fez arquear uma sobrancelha e levantar de minha cadeira.

À medida que me aproximava dela, mais bravo eu ficava. Como ela ousa falar isso? Posso ver em seus olhos o reflexo dos meus, vendo que meu olhar está sombrio e frio, com nenhum pingo de piedade.

— Quem a senhorita pensa que é para falar isso?— Coloco meus dois braços ao lado dela, usando a mesa como suporte.— Senhorita Miller, você está aqui somente há um dia. Não deve falar sobre minhas ações. Eu sou uma pessoa ocupada para dar uma vida boa para eles! Então não me venha falar essas coisas.

— Ok, senhor Walkhen. Como o senhor queira. Mas e sobre a sua presença na vida das crianças? Aposto que o senhor nem considerou levá-los na viagem de amanhã, não é?— Sua expressão não mudou em momento algum, muito menos quando eu me aproximei mais ainda dela. Mas não preciso estar presente, só tenho que dar uma vida que não falte nada para eles, somente isso, senão Maitê os tirará de mim, o que não posso deixar. Não mesmo.

— Senhorita Miller, por qual motivo eu levaria meus filhos em uma viagem de negócios? É somente um ou dois dias e é no Canadá, duvido muito que eles vão gostar de lá.

— Como o senhor sabe se não nos pergunta?— Uma voz fraca fala, atrás de mim. Viro minha cabeça para o local que vinha a voz e vejo Anthony segurando a mão de Sophia.

— E outra, senhor Walkhen, eu sou sua secretária, teria que estar lá. Mas e como seus filhos ficariam aqui? Esqueceu que eu tenho duas funções importantes?— Me afasto dela e me direciono para perto de Anthony e Sophia, que corre ao lado de Ellie.

— Okay, Anthony, fale. Você quer ir ao Canadá?— O garoto olha para trás de mim, provavelmente olhando Ellie e Sophia.

— Não fique com medo, Anthony. Fale sua opinião.

— Tá...— ele volta a atenção para mim — eu quero ir, pai. Eu e Soph queremos, pelo menos estaremos mais perto de você.

— Ok, vocês venceram. Agora façam as malas que iremos sair amanhã de manhã.— O garoto sorri e Sophia bate palmas, provavelmente alegra.

— Venham, vou ajudar vocês.— Ellie passa ao meu lado com minha filha em seu colo e sai de meu escritório acompanhada dos dois.

Agora, sozinho e sem nenhum barulho por perto, me jogo no sofá preto de couro no canto de minha sala. Tenho que ter uma conversa séria com Ellie, ela tem que aprender a se portar de acordo com meus gostos.

Não deu nem um minuto que eles saíram de meu escritório e a porta se abre novamente.

— Já falei que não irei discutir isso novamente, senhorita Miller — apresso ao falar, não querendo conversar com mais ninguém, ou pelo menos com ela.

— Não sou a senhorita Miller, Chris — olho para a direção da porta e vejo Dylan — está tão encantado que agora só pensa nela?

Dou de ombros.

Ele fecha a porta e se aproxima de mim, tirando meus pés do sofá, o que me fez sentar e ele ficar ao meu lado. Reviro os olhos com sua ação.

— Estava discutindo com ela, não tem nada a ver com encanto.

— Ah, e era sobre o quê?— Ele questiona, curioso.

— Minha viagem de negócios amanhã. Ela é minha secretária e babá de Sophia e Anthony, então ter...

— O quê?! Ela é sua babá e secretária?— Dylan pergunta, me interrompendo.

— Ela não é minha babá, mas sim babá dos meus filhos. Fiz esse contrato com Ellie, pois achei que não tinha ninguém mais qualificado que ela para exercer essas duas funções.

— Ah, então é ela a mulher extraordinariamente linda que chegou às nove e quarenta e cinco da noite de ontem na empresa se candidatando para a vaga de sua secretária?

— Como você sabe disso?— Questiono. Franzindo o cenho.

— Melissa me contou.

— Tinha que ser...— suspiro.— Voltando ao assunto, eu terei que ir para a viagem com você, Ellie, Sophia e Anthony.

— Os monstrinhos vão também?— Assinto.— Uau, quero só ver o que vai acontecer. Você não acha que irão especular muito sobre você estar andando por aí com seus filhos e uma mulher misteriosa?

— Não — respondo firmemente, porém, a verdade é que sua pergunta me pegou de surpresa e me fez ficar reflexivo, porém, a única forma disso ser um problema é se vários fotógrafos de jornais estiverem no local, mas ninguém sabe dessa viagem além de mim, Dylan, Ellie, Sophia, Anthony e o CEO da empresa que irei comprar — eles não sabem dessa viagem.

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