Capítulo 14

Tudo já estava totalmente preparado para o casamento. A última coisa que faltava era chamarmos nossos parentes e amigos. É por isso que eu e Ellie estamos em meu quarto conversando sobre isso nesse momento.

— Quantas pessoas você acha que virão da sua parte?— Ellie pergunta, me olhando.

— Acho que muitas. Eu só irei chamar três pessoas, mas essas três pessoas chamarão muitos outros parentes. Acho que por volta de umas cinquenta pessoas.

— Nossa. São muitos. Eu só irei chamar duas pessoas mesmo. Quem são as que você irá chamar?

— Meus pais e minha amiga de infância, Daisy Alves. E você?

— Na verdade só irei chamar o Ethan, meu amigo. Pois Ayla será a madrinha. Ah, agora eu me lembrei, você escolheu a mulher que vai ser a madrinha junto com Ethan?

— Sim. A Daisy. Ela já confirmou.

— Que bom. Sinceramente, eu estou ansiosa e nervosa demais para algo que nem é verdadeiro.

— Mas será para a vida toda. Tem que ser memorável. É normal ficar nervosa.

— Você está tão calmo, até parece que já casou.— Quando Ellie falou isso eu a olhei confuso e ela fez uma expressão de espanto.— Ah, eu esqueci! Você já foi casado. Desculpa, eu falei que não iria te fazer relembrar mais da sua ex...

— Okay, Ellie. Tudo bem.— Quando eu falei isso um pingo de curiosidade surgiu em minha mente. Por qual motivo ela só vai chamar as duas pessoas que são madrinha e padrinho do casamento? Ellie não irá chamar a família?— Ellie, posso lhe fazer uma pergunta?

— Claro. Se for sobre o trabalho eu prometo que estou cuidando de tudo, não estou deixando nad...

— Não é sobre isso — a interrompo.

— Então o que é?

— Você não vai chamar a sua família? Seu pai e sua mãe não gostariam de lhe ver casar?

— Gostariam...e muito...— Sua expressão ficou muito triste e eu pude notar que uma lágrima insistia em não rolar de seu olho esquerdo.

— Então por que...

— Eles morreram mês passado em um acidente de carro.— Quando ela disse isso eu me arrependi imediatamente de ter perguntado. As lágrimas que ela prendia agora rolavam descontroladamente pelo seu rosto.— Eles foram procurar minha irmã que desapareceu depois do que fez comigo, mas acabaram morrendo porque um caminhão perdeu o controle e bateu no carro deles.

Me aproximo dela e a abraço. Passei minhas mãos gentilmente em suas costas enquanto a acalmava. Nem imagino a dor de perder os pais no mesmo dia e de um jeito tão brutal e inesperado...

Ellie retribuiu meu abraço e eu beijo o topo de sua cabeça. Qualquer um que nos visse agora achariam que éramos um casal de verdade.

De repente a porta se abriu, lentamente. Olho para a direção e vejo Sophia e Anthony. Ambos ficaram com expressões preocupadas ao verem Ellie chorando. Coloco meu dedo indicador em frente dos meus lábios, indicando para os dois ficarem quietos.

— Eu queria ter conseguido salvar eles. Por que só eu sobrevivi?...— Sua voz estava baixa e muito triste, me causando um aperto no coração.

— Tudo bem. A culpa não é sua. Não se culpe tanto. Não tinha o que você fazer naquele momento, querida.— A abraço mais firmemente e Ayla e Dylan aparecem na porta. Suas expressões foram de completo espanto ao nos ver.

— Precisa da minha ajuda?— Ayla gesticula com os lábios.

Nego com a cabeça, então os dois tentam tirar Sophia e Anthony dali, mas Soph não quis ir com eles. Então assenti, dando permissão para ela entrar no quarto.

Eles a deixam dentro do quarto e fecham a porta. A menina de cabelos ondulados fica parada ao nosso lado, seu olhar estava muito triste, Soph nunca gostou de ver ninguém triste, ela costuma chorar junto.

— Está tudo bem, meu amor. Descanse um pouco, vai ser melhor.— Coloco uma mão atrás de sua cabeça e ela tira a cabeça de meu peito, então limpo suas lágrimas.— Um rosto tão bonito não pode ser afetado por lágrimas tão pesadas assim.

Pego a mulher de cabelos ondulados no colo, indo até a cama e a deitando. Ela precisa dormir para melhorar um pouco, será melhor. Foi uma perda muito grande e dolorosa.

Ellie tentou sair dali, mas eu impedi, queria o melhor para ela. Não entendo o motivo de eu estar agindo assim com ela, deve ser somente empatia. Mesmo que estejamos casando em uma relação totalmente falsa, quero que ela seja feliz, assim meus filhos ficarão felizes.

A cubro com o cobertor preto e subo Sophia na cama, que deita ao lado da mulher que ela não desgruda mais. Ao vê-la, Ellie abraça Soph. Pareciam, realmente, mãe e filha.

Sento no lado vazio da cama e fico as admirando. A semelhança das duas, a compaixão, tudo isso é incrível e totalmente confuso. Deixo de lado meus pensamentos e coloco uma mecha do cabelo de Ellie atrás de sua orelha.

Não gostei de vê-la chorar, não mesmo. E não imaginava que ela tivesse uma histórias tão triste e pesada assim. Por isso mandei mensagem ao meu investigador particular, pedindo para que ele investigasse todo esse acidente.

Saio do quarto e dou de cara com Dylan e Ayla, que me olhavam com uma sobrancelha arqueada e braços cruzados.

— O que vocês querem?

— O que você fez para a minha amiga, Christopher?

— Você acha que eu fiz algo para ela? Se eu tivesse feito por qual motivo ela estaria abraçada comigo e dormindo em meu quarto?

— Então o que aconteceu com Ellie? A princípio nós achávamos que vocês estavam transando por conta das expressões de Anthony e Sophia, mas ver aquela cena nos pegou de surpresa — fala Dylan. Não pude deixar de ficar espantado com o que eles achavam que nós estávamos fazendo. Eles acham que seríamos tão irresponsáveis ao ponto de deixar a porta destrancada?

— É sobre a família dela.

— De novo isso?— Ayla suspira.— Ela tinha me falado que estava bem, mas pelo jeito não está. Chris, você promete que vai cuidar da minha pequena, não é? Se você fizer algo de ruim para ela eu corto seu dois testículos, entendeu?

— Entendi, Ayla. E por que você chama ela de pequena? Ellie tem 1,69m e você 1,72m. São três centímetros de diferença.

— Mas são esses três centímetros que me fazem querer cuidar dela. Bom, vamos deixá-los a sós, Dylan. Amanhã é o casamento.

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