Qi Liang havia perdido sua paciência com Xue Ming-Yue, a arrastando consigo para algum lugar, ainda que ela reclamasse e o xingasse de muitas coisas em uma outra língua, nada poderia afrouxar seu aperto em seu braço fino. Todos por ali avistaram a cena de seu mestre carregar consigo a nova criada considerada como a "favorita", alguns até mesmo cochichavam sobre eles juntos e se aquilo não seria uma forma de puni-la, ninguém sabia dizer o que ele faria com ela até abrir os portões de sua mansão para a moça aos trapos entrar, encostando-a num tronco de árvore próximo, se posicionou entre ela, perguntando:
— Só me responde, você quer mesmo morrer? — O príncipe herdeiro Liang a encarava, desejava realmente saber a resposta dela.
Hesitante, ela respira fundo — se vai me punir, faça e não fique me interrogando! — Declara olhando para a sua lateral, evitar contato o máximo para não se sentir intimidada por ele estar tão próximo. Não, não importava se ele era atraente, apenas tinha em seu coração que deveria odiar e não o contrário, ainda que seu corpo a traísse, sua respiração pesou.
— Não irei fazer nada — ele confessa através de um tom grave, Xue Ming-Yue pode ouvir sua respiração quente dele atingir seu pescoço. Não parando por aí, assim que ela colide seu olhar frágil com o dele, afirma — mas você não pode tratar alguém da realeza desse jeito, vai levar a sua cabeça e a daquela criada junto para a forca! — Como uma fera, soltou de uma forma que ela estremeceu, mas ela não iria se dar por vencida.
Qi Liang realmente estava com peso na consciência, já que se tratando de famílias, ela não tinha nada a perder se vingando dele pelo que fez com a família Ming — se bem que em todo caso, fora seus próprios pais que se mataram e não tinha sido ele.
— Eu não pedi para você me trazer para esse lugar, muito menos para ser sua criada humilhada! Você quer me fazer sentir pior? Eu não entendi até agora porque você me odeia! E porque me poupou se está com tanta culpa! — Minimamente provoca criando uma tensão no ambiente, a hostilidade recíproca não era agradável porém atraente, mesmo que houvesse um súbito silêncio após a frase de Ming-Yue, nada impedia seus olhares conversarem enquanto eles sentiam seus corações agitados, será que Qi Liang estava muito perto ou era tudo questão das emoções que cada um provoca no outro? Ela ruborizou e tentou desviar o olhar.
Ele ri retardando a agitação interna que ela lhe causava, o príncipe Liang estava quente, não entendia porque gostava tanto de olhar para o rosto dela, engole a seco e declara:
— Se quer tanto morrer, tente cometer um assassinato, eu estou lhe dando a oportunidade de me matar... E o próprio imperador fará por mim... — Declara confiante de que ela jamais iria conseguir tamanha proeza, desde que se recorda ela perdeu quando lutaram, no entanto o fato de tentar um assassinato resultaria em morte se o assassino fosse pego — eu poupei sua vida, porque sua serva me fez pensar duas vezes antes de que eu cortasse sua cabeça, ou você esqueceu? — ele retruca, erguendo uma sobrancelha com convicção e sacode a cabeça — mas, você não tem culpa de ter sangue Ming correndo em suas veias.
Suas palavras chegaram aos seus ouvidos causando uma leve irritação, mas no fundo de seu coração ela ficou aliviada, apesar de notar a compaixão do príncipe, não podia entender porque ele a via como uma adversária. E espera, Xue arregalou os olhos conotando o que ele havia dito, ele havia insultado seus parentes? Isso a fez ficar carrancuda novamente.
— Você, — não seria qualquer pessoa que podia falar "você" de forma direta com o príncipe herdeiro dessa forma que ela tinha feito, ela não se importou, apenas o respondeu: — não ouse falar dos meus ancestrais Ming! — Sussurra para que não chame atenção dos guardas ali próximo, vira seu rosto de forma convencida e lhe fornece uma expressão emburrada cruzando os braços.
Um sorriso surge nos lábios finos dele, de forma sarcástica assente — hm, apenas peça desculpas ao meu irmão e tudo está resolvido.
"Oh, ele me perdoou? Foi tão simples assim?" Pensando consigo mesma e embasbacada com o fato aquele era "o verdadeiro cão que ladra mas não morde". A princesa abafa um riso, concluindo que tudo que Qi Liang queria era intimidá-la, afinal é melhor ser temido do que amado. Todavia... Viver como criada era uma coisa cruel, então o príncipe herdeiro ainda seria um grande desprezível para ela!
Qi Liang não podia imaginar o quão ela odiava estar desse lado, sendo tratada dessa forma, porém ela não iria se passar como uma mimada e fraca, Xue passa por ele esbarrando em seus ombros e sem pedir permissão sair de sua presença, o que faz o mesmo suspirar por sua rebeldia.
Havia ainda muito a se pensar sobre Ming-Yue, o rosto delicado da moça paira sobre sua mente como uma melodia passando cada expressão feminina e selvagem vinda de sua personalidade, desde quando seus servos mais próximos se perguntaram porque ele teria a trazido consigo, ele resumia tudo em se tratar de negócios, a si mesmo se convenceu que seria só isso, por qual mais motivo ele a manteria? Suas famílias se odiavam, e ela é tudo que restou do inimigo que assassinou sua mãe, porque ficaria com a filha dele?
— Hm... — Sue Liang estava escorada em uma árvore ali fundos, a paisagem ensolarada a deixava com aspecto saudável por um leve rubor como resultado de estar exposta ao sol, o riso da princesa Liang era travesso — Irmão, no que está pensando? Nunca te vi assim! — A sua irmã caçula vinda da mesma mãe e também filha do imperador, pergunta ao príncipe herdeiro, Sue havia percebido que aquela moça que acabava de sair tinha um caso com seu irmão, ou então qual seria a explicação? Ela toca o queixo por instantes "se bem que com essas vestes ela me parece uma criada...".
— Não se meta nisso, Sue — declara de forma neutra para sua irmã que logo revira os olhos e mostra a língua.
— Não estou me intrometendo! Eu mal pude ouvir vocês! — A jovem toca os ouvidos de forma divertida, arrancando um riso do príncipe.
— Em contrapartida, você viu tudo...
— Suspeito que você realmente esteja em um caso com uma criada... Irmão, porque não a torna logo sua concubina? Ela parece realmente atraída por você!
— Não...! — Agora ele parece bem envergonhado só de pensar na hipótese de que a princesa Ming-Yue teria atração por ele, tosse para distrair a mais nova mostrando como está desconfortável com esse tipo de assunto.
— Ohh, desculpe! Esqueci que você é sensível demais para assuntos do coração! — Ela permanece alfinetando seu irmão, se divertindo muito em provocá-lo, logo Qi Liang riu e sacudiu a cabeça.
— E então, deixe-me ver a roupa nova que encomendou! — Seu pedido faz a moça sorrir ainda mais, saindo em frente as árvores e lhe mostrando o melhor de suas vestes seminovas. Sue era a filha rejeitada do imperador Zhao, devido a sua surdez parcial ela teve grandes problemas quando criança, ainda mais por ter perdido sua mãe cedo, a antiga imperatriz que o príncipe Liang lutava para vingar. Logo a responsabilidade da criança ficou à deriva de criados, até que o príncipe deu a sua proteção à caçula assim que foi nomeado como herdeiro.
— Maninho, esse foi o que eu mais amei! — O ar jovial da princesa era contagiante, ela gira seu vestido vermelho em seus detalhes azul cinzento e turquesa, segurando um leque de seda bordado em lindas flores, seus cabelos esvoaçam no giro dando graciosidade ao seu movimento. Qi Liang riu satisfeito, havia alguém que ele pudesse fazer feliz, sua mãe ficaria contente em ver como Sue estava crescida e como era cheia de luz, até mesmo uma flor retirada do solo como presente faria Sue Liang vibrar de felicidade, todo seu brilho foi herdado da antiga imperatriz, isso era bem nítido para ele.
— Você é a décima nona princesa e deve usar o melhor vestido do reino! — Ele fala orgulhoso.
— Isso quer dizer que as princesas devem me odiar agora! Roxas de inveja! Até parece que o "papai" iria dar algo desse porte a elas! — Ela era toda tagarela estalou a língua, logo desconversou se sentando novamente no tronco — Mas me diga... O imperador está contente com um rumor de que você está tendo um caso com uma criada, que seria a nossa inimiga?
— Não tenho nada a temer, são rumores. Eu não tenho nada com aquela princesa, Sue — Qi Liang imediatamente mudou sua postura e sua irmã se abana com o leque, duvidosa.
— Hm... Minhas criadas dizem também que Hu Ning está interessado na moça, é verdade?
— Se eu fosse você, pararia de dar ouvidos a fofocas. Sempre acrescentam coisas novas e absurdas, meias verdades nunca deixaram alguém mais nobre.
— Até mesmo se a fofoca sobre a princesa? Você não quer saber o que me falaram dela? — A jovem caçula provocou diminuindo o tom de suas palavras para que ele se curvasse para ouvir mais.
— O quê?— O rapaz juntou as sobrancelhas olhando seriamente para irmã, esperando que ela o dissesse, mas ao contrário do que previu ela se desatou a rir da cara dele.
— Oh, você está interessado? Acabou de me dizer que não deveria confiar em fofocas! Irmão, você é péssimo! — Ela se abana rindo toda estabanada, o príncipe herdeiro jamais a enganaria, havia alguma coisa entre ele e a garota Ming.
Ele encosta as mãos na testa e fecha a cara.
— Ah, qual o problema de ouvir fofocas? Quando se trata de você, não posso ignorar! Elas falaram bem alto para eu me intrometer, e olha que eu mal escuto direito, então... Essa mulher é uma boa pessoa ao menos?
— Do que isso importa? — Qi Liang ficou impaciente, tocando a testa — essas suas criadas estão muito ociosas, não acha? Não seria surpreendente se lhe desse servas que estão dispostas a torná-la uma mulher virtuosa, e não uma intrometida?
A princesa esconde seu riso, ainda que Qi Liang fosse o mais velho ela não conseguia o levar a sério, era natural dela ser excêntrica e até um pouco rebelde, era fácil desafiá-lo, até então era a única capaz de fazê-lo sem sofrer consequências — Irmão Qi, nós dois sabemos que eu tenho capacidade o suficiente muito mais que ficar trancafiada num palácio como se fosse uma aberração — ela balança a cabeça com elegância e mantém o belo sorriso amargo — acha que minhas professoras e criadas não são boas o suficiente? O papai também acha! No entanto, o assunto me parece intrigante, a tal criada é do reino Ming, o mesmo lugar que a mamãe apareceu morta... Não é estranho que você se sinta atraído por esse tipo de pessoa? Porque eu não entraria nesse assunto, caso ela tenha planos maléficos por trás disso tudo? E se ela vingar-se?
— Sue, não sei, as vezes parece que único vilão dessa história sou eu. Aquela princesa não há nada que ela possa fazer, foram os pais delas que causaram a morte de nossa mãe, a guerra era para ter sido estourada a muito tempo... Mas o papai hesitou em atacar... — Em sua voz, havia receio.
— Não é engraçado ele ter esperado por quinze anos, para que você fosse no lugar dele? — Sue Liang aponta uma dúvida que sempre nutriu desde que seu irmão foi a guerra.
— Foi premeditado com dia e hora certa, não havia como perder, o reino Ming ficou indefeso assim que Tang abandonou as fronteiras... Você sabe, o papai já tinha os enfraquecido.
— E porque não a matou? Ela é a última da geração Ming... Foi o que você queira fazer não? Matar todos os Mings para mostrar nossa soberania?
Porque deveria se importar? Nada parava Qi Liang até ele obter o que tanto desejava. Guerras eram tão comuns naqueles tempos, eles estavam em expansão, e o Ming seria como uma lacuna num mapa que Zhao teria planejado.
— Eu não consegui me mover depois que eu vi seu rosto... — o olhar amendoado de sua irmã era inquieto e ele pigarreia — não me julgue, a nossa mãe também era piedosa, eu me senti estranho, não sou covarde para matar uma coitada, e ainda tive que lutar com ela... — justifica com dificuldade, ele era péssimo em mentir.
— Você, o quê?! Lutou com ela?! — O queixo da décima nona princesa caiu, a garota Ming enfrentou o seu irmão que era um grande herói de guerra.
Provavelmente a princesa Ming já tinha a admiração de Sue Liang, afinal eram raras aquelas que lutavam.
— Isso é tão inusitado! — Ela voltou a sorrir mas com malícia já que tinha compreendido exatamente o motivo de seu irmão ter hesitado, como não poderia ficar encantado como uma deusa marcial?
Não houveram mais palavras, ela apenas ficou observando a reação de Qi Liang, por um instante o coração dela se apertou só de considerar a possibilidade da misteriosa garota querer se vingar, seu irmão nunca tinha ficado mexido com alguém dessa forma — normalmente você não é piedoso, da última vez matou uma das minhas criadas só porque ela me pinicava com aquelas agulhas! Está lembrando?
— Eu não vou deixar ninguém te torturar desse jeito nunca mais!
— Mas... Ok! Talvez, mantê-la aqui possa ser um erro, se bem que eu gostei dela! Mas... O Imperador vai caça-la de qualquer modo e fora que ela pode ter matar — mordiscou os lábios preocupada.
— Não se preocupe, sei me cuidar!
— Eu não contaria com isso... Achei ela muito promissora! — Sue teria dito isso porque viu como seu irmão estava tocado com a jovem, ela pensou se iria concordar com isso, porque querendo ou não, a princesa Ming pertence a dinastia culpada pela morte de sua mãe.
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Atualizado até capítulo 167
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