capítulo 13

Seus longos dedos estavam entrelaçados nos meus e minhas mãos suavam conforme andávamos pelo grande corredor, depois me deixou ainda mais nervosa ao me segurar pelo quadril enquanto me ajudava a descer a escada que era tão curta quanto uma tábua horizontal com degraus velhos, minhas roupas ainda molhadas pelo mergulho que eu acabara de dar não me incomodavam tanto quanto aquele silêncio, e então ele parou em frente a uma porta puxando do bolso da calça uma chave e destrancou suavemente a porta me puxando para dentro e em seguida trancando-a novamente atrás de si.

_Está tudo bem agora, não vou te machucar! Pode ficar tranqüila também não vou te tocar.

Eric diz tentando não me assustar.

_Há não? Por quê? - meu desapontamento ficou na cara, eu devia tá ficando doida.

_Não sou um canalha como eles! Nunca faria uma coisa dessas.

Nossa será que ele teve muitas garotas? Com certeza né ele é um homem muito bonito.

Suspirei pensando em como eu poderia ter sido diferente se a gente tivesse se conhecido em outra situação.

_ Isso nunca teria acontecido.

Meu bom senso me chama pra realidade.

A cabine era pequena mais tinha um banheiro e uma cama, andei por ela tocando distraidamente nas coisas, tudo estava um pouco gasto e velho mais pelo menos tinha privacidade. Tentei achar uma foto ou alguma coisa que mostrasse o gosto dele mais não achei nada. Eric pareceu perceber e começou abrir o armário me entregando uma camisa de malha.

_Vai tirar essa roupa molhada, não tenho muita coisa aqui só as roupas antigas, deve servir.

_Vai servir, obrigado. - peguei aquela camisa enorme e fui para o banheiro.

Tirei as roupas com um pouco de dificuldade me sentia dolorida resultado da soma, esforço da noite anterior, do cochilo forçado no chão duro do navio naquela manhã e por fim do mergulho em mar aberto que exigiu um esforço enorme desse meu maltratado corpinho. Quando a água caiu sobre mim achei delicioso e reconfortante há muito tempo eu não tomava um banho de chuveiro nos últimos tempos só de balde. Essa até poderia se tornar uma boa viagem, dormir todas as noites numa cama quente, tomar banho nesse chuveiro e ainda trabalhar na cozinha parecia bom demais para ser um castigo. Pensei enquanto me esfregava debaixo da água.

_Já acabou?

_Estou saindo! - respondi dando um pulo.

Me enrolei na toalha e sai .

_Onde estão suas roupas? Me dê vou colocá-las ali naquela cadeira para secar.

_Assim vai demorar muito como eu vou sair do quarto sem elas?

Falo um pouco apreensiva.

_Vou arrumar algo para você se vestir, fique tranqüila.

_Ótimo! Porque não posso ficar o dia inteiro na sua frente de toalha.

Tento fazer graça com aquela situação embaraçosa.

_Não vejo problema nenhum nisso, não vou atacá-la já disse.

_Eu sei! Só pensei que... quer saber deixa isso pra lá.

Achar as palavras certas para tentar explicar o quando eu estava grata por ele estar me ajudando não parecia ser uma tarefa fácil.

_Vou procurar algo para você comer deve estar faminta mais vou trancar a porta, é para sua própria segurança só tem uma chave, então você vai ficar bem até eu voltar se quiser se deitar para descansar pode ficar a vontade.

Terminou ele saindo pelo quarto e trancando a porta enquanto eu me jogava na cama.

_Ele não vai encostar em mim? Será que tem algo de errado comigo? Ele não gostou de mim? Eu não faço o tipo dele?

Pare com isso eu estou perdendo totalmente o juízo eles praticamente me sequestraram e quase fui parar na cama daquele velho asqueroso ou do monstro do irmão dele.

_Coloque um pouco de juízo nessa cabeça Sofia.

Quando ele voltou carregando uma bandeja cheia de comida para mim, estava tão distraída que nem ouvi quando ele destrancou a porta.

_Ainda está preocupada? Fique tranqüila não vou deixar ninguém te machucar, você é uma boa pessoa vou te ajudar, e eu tenho notícias da sua irmã ela está bem e junto com o namorado eles vão dormir perto da cozinha e mais tarde você vai poder conversar com eles quando for ajudar preparar o jantar.

_Muito obrigada, eu vou achar um jeito de te recompensar por ser tão legal comigo.

Tentei ser o mais sincera possível tirando minha família ele tinha sido a única pessoa que eu sentia que podia confiar. Tinha algo de diferente nele, e cada minuto que passava com ele eu me sentia mais a vontade. Apesar de não o conhecer a fundo.

_Isso tudo é para mim? - olhei para a cesta que ele estava carregando.

_Não pra nós dois! Isso é pra você. - Ele disse tirando de trás das costas um vestido estampado.

_Nossa é lindo, onde achou?

O vestido era estampado de flores e num tom claro com flores vermelhas, coisa que só uma mulher saberia comprar. Então pensei que não ia ter como sair usando aquele vestido pois a

falta de uma lingerie me deixaria constrangida demais para preparar o jantar no meio de outras pessoas e antes de mencionar o fato ele puxou uma embalagem contendo uma calcinha branca e um sutiã tomara que caia .

_Pensei que você tinha esquecido desse detalhe.

_Claro que não! Como eu iria me sentir sabendo que te joguei na cozinha sem nada por baixo do vestido.

Enfiei rápido um pedaço de pão na boca e fui colocar o conjunto e a camisa.

A langerie serviu direitinho coloquei a camisa que virou praticamente um vestido e fiz um rabo de cavalo alto, voltei pra cama em seguida procurando mais coisas na cesta e ele me entregou um morando.

_Sério? Você conseguiu morangos, sabe a quanto tempo não como um desse?

Aprecio cada mordida.

_Aproveita mesmo só consegui dois. - procuro o outro e entrego pra ele.

_Pode comer. - diz ele .

Como ele pode ser tão bonito, por favor para de sorrir assim pra mim, imploro mentalmente.

Comecei a falar um monte de coisa sem parar, eu não era o tipo de pessoa que falava pelos cotovelos.

Sempre fui a introvertida mais por algum motivo eu estava nervosa, nervosa e falante.

Em pouco tempo estávamos conversando e comendo como se já nos conhecêssemos há anos.

A lua já aparecia no horizonte e lá estava eu olhando pela pequena janela da cabine, quando uma batida na porta me assustou. Eric tinha ido ao banheiro e eu ouvi o pai dele gritando do outro lado da porta.

_Está tudo bem filho?

_Claro que está pai estamos bem!

_Eu só vim avisar que o jantar já tinha sido preparado então a moça pode ficar no quarto se ela quiser hoje os rapazes cuidam da louça! Tudo bem?

_Claro pai tudo bem! Boa noite!

_Boa noite filho é bom ter você aqui. E boa noite Sofia!

As palavras atravessaram as paredes finas com um tom tão sincero que eu por um minuto acreditei que aquele homem frio pudesse até ter um coração e que realmente amava o filho, mas esses sentimentos foram empurrados pelo meu subconsciente quando me lembrei dele chamando Eric de fraco.

_Ainda bem que você não teve que ir lavar a louça já viu quantos homens tem nesse navio uns trinta.

-Disse ele rindo e subindo na cama.

_Onde você vai dormir? - perguntei mostrando minha ansiedade.

_Aqui! Com você!

Meu coração disparou e minha boca ficou seca. Como essa frase pode soar tão assustadoramente tentadora.

_Você está bem? ta tão pálida, quer um copo de água?

_Não estou bem só preciso me deitar um pouco, acho que é o balanço do navio fiquei um pouco tonta, só isso. - Tento disfarçar dando uma desculpa esfarrapada, ele continua com seus olhos fixos em mim.

_Se sentir enjôo eu posso trazer um balde.

Todos aqueles sentimentos aflorando em mim e eu perdida sem saber o que fazer queria tando estar em casa agora, me perguntava o que teria acontecido com Cris e o pessoal.

_Você ta pensando na sua familia? -Eric pergunta.

_Não entendo porque o seu irmão fez aquilo com você.

_Eu fui embora e não queria voltar e quando ele me viu te ajudando ele surtou.

_Por que ele surtaria, você não fez nada de errado.

_Eu te ajudei, e o Harry te usou pra me trazer de volta.

_Por quê?

_Não costumo ajudar mulheres bonitas a saírem de enrascadas e isso o deixou curioso.

_Meu Deus ele te agrediu, como você pode falar tão calma sobre isso.

_Ele é um animal e estava furioso por eu não estar ajudando aqui no navio, mais quando ele me viu te defendendo achou que iria me convencer a voltar. E deu certo não é? Ainda bem que ele não te machucou se não eu acabaria com ele.

O jeito que Eric olhava me fazia sentir uma confusão interna minha cabeça queria fazer uma coisa mais meu corpo queria outra.

_Sofia?

_Hum!

_Quer que deite no chão?

_Não, a cama é sua eu que estou atrapalhando.

Pego um travesseiro e deito no chão mesmo com o Eric pedindo para que eu me deite na cama.

Me encolho o máximo que consigo e durmo ouvindo na minha cabeça a voz do meu pai . Era uma das minhas lembranças favoritas , quando ele dizia que éramos princesas e nosso valor excedia ao de rubis.

Uma paz me levou ao um sono tranquilo naquela noite. Descansei sabendo que ele estava comigo , ali . Nós meus sonhos e nos meus pensamentos.

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Comments

Yamagutte Maria

Yamagutte Maria

Autora sua história é tão boa que não quero perder tempo comentando

2024-01-10

1

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