capítulo 8.

O quarto está frio, muito frio não quero lentar puxo as cobertas até o queixo, tô tão cansada, esgota fisicamente e metalmente eu não quero levantar nunca mais dessa cama, me cubro e fico ali por um tempo perdida com meus pensamentos.

_Lucy! -sussurro o nome dela pra mim mesma lembrando daquele sorriso doce e daqueles olhinhos meigos, quero chorar mais não consigo.

Alguém acaba entrando no quarto, mais eu não a reconheço. Ela caminha lentamente até mim e está segurando uma xícara.

_Tome! Beba! É um chá vai fazer bem pra você!

-Diz a moça com ar de pena.

Enfurecida jogo a xícara longe.

_Não quero chá nenhum! Quem é você e o que está fazendo na minha casa?

_Como assim, quem sou eu? Sou a Ana, não se lembra?

Me dei conta do quão idiota eu tinha sido então sem ter como me desculpar pela minha estupidez me levantei peguei a xícara e olhei em seus grandes olhos azuis que me fitavam assustados.

_Há me desculpe! Sinto muito, mesmo! - digo já me recompondo.

_Não se preocupe tudo bem querida, você tem que explodir às vezes. Colocar pra fora.

Eu tento mais não consigo, as palavras somem da minha boca, tenho vontade de chorar e gritar como uma criança, mais tudo que faço é ficar parada como um robô. Simplesmente não demonstro nenhuma reação de culpa ou de arrependimento

estou morta por dentro seca como o grande carvalho que está plantado nos fundos da nossa casa onde antes brincávamos em meio aos grandes galhos folhados, fico olhando pra ele pela fresta da janela, antes ele era imponente cheio de vida agora estava seco e morto, assim como eu!

_Sinto que você é muito contida e pelo que Cris falou acho que estou certa não é?

_Acho que sim, tenho dificuldade de demonstrar meus sentimentos sempre fui assim é um defeito horrível!

_Você precisa se abrir, chorar faz bem e você precisa colocar pra fora!

_Eu tento mais não consigo e toda essa situação só está fazendo ficar pior!

_Tudo o que vocês passaram foi muito difícil, muita tragédia pra sua cabeça processar quem sabe com o tempo a sua vida segue o rumo e aí tudo pode melhorar, a única coisa que você pode tentar fazer é não desistir.

Ela me dá um sorriso, como se me conhecesse a vida toda.

_Você está de pé? Graças a Deus! -Diz Cris.

_Por favor, prometa-me que não fará isso nunca mais. Sabe quanto tempo procuramos por você?

_Sempre pensei que só ia ter esse tipo de dor de cabeça com a Isa, mais você está me saindo pior que ela.

_A é por quê?- encaro ele como nunca antes.

_Como assim por quê? Nunca pensei que teria que correr atrás de você mata adentro no escuro depois de quase ficar rouco de tanto te gritar. Com a Isa tudo bem eu já estava acostumado mais com você, nunca! Então por favor, não faça mais isso! Está

bem?- ele me repreende.

_Tudo bem! É que foi... Foi... Foi demais pra mim!

_Eu sei sinto muito não estar aqui pra ajudar com a mamãe e nem quando a Lucy adoeceu! Mas pelo menos estava aqui para enterrá-la junto do papai e da mamãe, agora estão juntos seja lá onde estiverem.

_E a Isa?Como ela está?

_Mais revoltada do que nunca! Tudo isso faz parte de como ela processa as coisas, você sabe é assim que ela mantém a cabeça no lugar.

_Depois de tudo isso acho que nenhum de nós pode se considerar normal. É insano, papai nos treinou para cuidar-mos uns dos outros e olha o que acontece, estamos morrendo um a um.

_Ele não teve muito tempo de um desconto! Além do mais ele não sabia para o que nos preparar, a princípio foi para nossa segurança, o que eu admito salvou várias vezes a minha vida e sou grato pela insistência dele em me treinar.

_Mais e quanto a mim tudo que faço dá errado não consigo salvar ninguém! Nem consigo cuidar de mim mesma.

_Eu não estou certo disso. Olha o que você fez nessa casa a transformou em uma fortaleza!

_Fortaleza essa que você invadiu com a maior facilidade com um ponta pé!

_Mais e a comida? Você manteve as meninas alimentadas e ainda tem estoque!

_É, isso porque eu fui até o vizinho e roubei toda a comida enlatada que o pobre coitado tinha, se ele voltar pra casa provavelmente vai morrer de fome!

Quando nos demos conta já estávamos nos sentido mais confortados , ter alguém que sente a mesma dor que você. É um pouco reconfortante.

_Vamos minha rebelde vou alimentá-la, você deve estar faminta! Sinto um cheiro delicioso vindo da cozinha algo está no fogão à lenha cozinhando.

_Hum... Que fome!

Minha boca enche de água.

_E aí o que tem para o almoço?

_Até que enfim a bela adormecida acordou! - Disse o rapaz loiro.

_Desculpe eu estava cansada, muitas horas de corrida na mata!

_Ah nem vem, se fosse assim todos nós estaríamos dormindo e quem iria fazer o almoço! Você é uma péssima anfitriã! - Diz ele com um ar divertido.

_Como assim? Vocês todos foram atrás de mim na mata?

_Claro que fomos, é pra isso que serve a família!

_Mas você não faz parte da minha família!

_Agora faço! Só fiquei com pena aí do Cris por ter te carregado o caminho quase todo sozinho, quando encontrei você te carreguei um pouco e o Pedro te levou até a cama. Viu cada um ajudou um pouquinho como uma família.

Fico constrangida por tê-lo ofendido e acabo concordando com ele.

_Tem toda razão é assim que uma família deve ser nós mulheres damos chilique e dormimos até a hora do almoço enquanto os homens colocam o avental e vão para a cozinha preparar a ssa refeição!

Isa diz batendo palmas conseguindo diminuir o meu desconforto.

_Obrigado fico feliz em saber que além de preparar essa deliciosa refeição para vocês ainda consigo diverti-las! -Fala Lucas fazendo um aceno teatral.

Em pouco tempo estamos todos sentados comendo, aquele clima de insegurança e melancolia ia se dispersando no ar, depois de uma noite terrível por um breve minuto não me sentia mais tão sozinha.

Terminamos o almoço e colocamos os pratos na pia , Isa correu para lavar tudo o mais rápido possível só para dar tempo de dar uma volta com os rapazes, e mostrar tudo o que tínhamos feito durante o tempo que o Cris esteve fora.

Ela parecia aflita, de um jeito estranho aquilo me deixou confortável. Ela teria alguma coisa pra se distrair.

_Eu te ajudo a secar e guardar tudo. - Diz Lucas batendo na perna de Isa com um pano de prato.

_Lucas! -Ela o repreende em meio a um sorriso tímido.

Eles terminarão o serviço rapidamente e seguiram para fora conversando muito a vontade, eles pareciam se dar muito bem.

_ Acha que já se conheciam?- Pergunta Ana.

_Pelo jeito, acho que sim. -respondo não querendo pensar sobre isso agora.

_Ele é um bom rapaz!

_Aposto que sim!

_Mas? - Ana faz uma pausa.

_ Mas, o quê?

_Sempre tem um mas, quando se trata de relacionamentos.

_Você é sempre assim? Se mete em tudo?- Acabo falando sem me dar conta de que ela estava com Cris e isso poderia acabar bem mau.

_Não! Só quando vejo uma pessoa que não viu nada da vida fazer um monte de merda! - ela me responde seria quase colocando uma máscara totalmente diferente da moça doce que aparentava ser.

_Nossa sua resposta não foi tão educada! Estou chocada!

Será que aquela pose de boa moça era forçada? Porque nunca vi alguém mudar assim de uma hora pra outra com tanta facilidade.

_Tudo bem, você é muito nova ainda tem muito o que aprender. Só me faça o favor de não ir julgando as pessoas logo de cara, às vezes elas não são o que parecem.

_Tem razão Ana! Eu peço desculpas!

Sai de perto dela e fui até o quintal onde os meninos estavam apostando quem cortaria mais lenha quando voltassem.

_Aff... meninos são sempre meninos.- acabo falando alto demais e eles param e me olham como se eu fosse uma criança boba. Que saco desde que esse pessoal chegou não dou uma dentro. Preciso manter minha boca fechada pelo menos até conhecer um pouco mais sobre eles.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!