capítulo 6

Depois de mais um inverno rigoroso já não havia muito o que fazer.

Calmar por uma intervenção de Deus ?

Talvez?

Mais a minha fé já não era mais a mesma principalmente depois de perder meu pai, minha mãe e meu irmão mais velho ,por fim quase todos estavam interados nos fundo da nossa casa. O que de pior ainda nos esperava?

_ Só a morte! - Pensava enquanto recolhia a lenha que ainda tinha escondida no celeiro.

A essa altura dos acontecimentos a morte não parecia algo assim tão ruim.

_ Pare! Onde estou com a cabeça!

_ Nem pense nisso! - Digo em voz alta.

Prometi a mamãe que não desistiria, que faria de tudo pra manter Isa e Lucy em segurança! E não vai ser uma droga de frio que vai me fazer quebrar a promessa!

Me repreendi por tais pensamentos.

O dia segue tranqüilo como todos anteriores, não havia nenhuma movimentação próximo a nossa casa, mesmo assim nos revezávamos em turnos para não sermos pegas de surpresa, estava frio e nem eu nem Isa conseguíamos dormir já que nossas cobertas mas quentes eram usadas por

Lucy que ficara doente uma semana antes, e isso já estava me preocupando.

Ficamos horas conversando sobre lembranças fúteis de quando a vida realmente era boa e

gente nem tinha noção disso, Isa acabará de confessar que sentia falta até daquelas brigas matinais com papai e de como ela daria tudo para ouvi-lo gritando com ela de novo.

Senti a tristeza tomando conta de seu rosto e a puxei para perto mantendo os meus braços nos ombros dela.

_Pare com isso não preciso de abraço estou bem!

Diz ela toda rabugenta, tentando não demonstrar fraqueza.

_Não estou te consolando, só estou me aquecendo!

O vento soprava mais forte do que eu me lembrava naquela época do ano. Lá fora o caos se alojava nas poucas residências que ainda se mantinham de pé, apesar de todo o esforço feito pelo meu pai em nos manter em segurança, logo a sobrevivência do mais forte e a necessidade de conseguir recursos básicos levaria alguém a nossa porta e com toda certeza isso era a única coisa inevitável, afinal não havia batalha pior do que lutar pela própria vida.

O que sempre me fazia pensar.

O que eu faria para sobreviver? O que eu faria para que todas nós vivêssemos.

A noite avançava calma mais quando passou das dez horas algo incomum aconteceu.

Coloco-me de pé imediatamente tentando imaginar o que estava acontecendo, parece que tem alguém se aproximando mais como está muito escuro lá fora não vejo nada... Então espero.

Ouço vozes exaltadas tentando arrombar a porta, agradeci mentalmente a Deus por ter pregado no dia anterior várias madeiras na porta, mesmo com Isa reclamando que tínhamos que usar a lenha na lareira, mas eu sabia que se acendêssemos a lareira a noite chamaríamos muita atenção então depois de uma hora reclamando ela finalmente se

cansou e deixou para lá.

_Abra essa droga de porta estou congelando aqui fora! -Grita um cara.

_Estou tentando, não está vendo! Acho que está trancada!

_É mesmo? Não diga gênio! Descobriu isso sozinho, ou o fato dela não abrir ajudou a chegar a essa conclusão!

_Vamos dar a volta tem uma porta nos fundos que não deve ser tão difícil de abrir! Vamos!

_Droga! A porta dos fundos está mais fácil de abrir mesmo... Droga! E agora estamos ferradas!

Isa sussurra.

_Tranque Lucy no armário pegue suas armas e volta pra cá, e não faça barulho. Está me ouvindo Isa?

Me viro para Lucy para acalmá-la seus olhos estavam aterrorizados.

Isa sobe com ela nos braços e carinhosamente tenta acalma-la.

_ Amor fique quietinha e não se preocupe vamos voltar logo só precisamos olhar o que está acontecendo e depois ficaremos aqui com você, está bem? Não tenha medo você vai ficar segura é só não fazer barulho. Você pode fazer isso por mim?

Ela balança a cabeça dizendo que sim.

_Ótimo!

Vou na frente olhando para os lados, a casa estava escura e como não havia móveis na sala ficava fácil andar por ela, já que não precisava me preocupar em derrubar nada, estava com a espada que papai tinha guardado no escritório, ele me ensinou a usá-la e era minha arma preferida só parava de funcionar se eu quisesse, isso era muito melhor do que as pistolas da Isa que assim que acabassem as balas ela teria que joga-las fora porque não teria dinheiro para comprar mais munição, afinal o que teria aumentado significativamente de preço? Remédios, comida e munição. Era a única coisa de que eu tinha certeza as coisa poderiam estar difíceis lá fora porém as pessoas não mudam e se alguém iria lucrar seria quem possuísse mais desses três itens raros ,dinheiro já não era tão importante mais ter o que trocar era fundamental pelo

menos foi isso que mamãe falou! E ela era muito inteligente, dizia: Certas coisa nunca mudam Sofia !

Ouvi mais um barulho! Agora bem mais alto. Logo depois a porta estava no chão!

_Merda!

Isa não perdeu tempo pulou na minha frente com arma em punho gritando como se tivesse um exército atrás dela totalmente confiante. Apesar da situação me pego pensando :

O que aquela criatura tem na cabeça?

_Quem está ai? Se não responder vou mandar bala, depois vou jogar suas carcaças sujas para fora da minha casa!

Ela só pode estar louca! Depois de todo treinamento que a gente fez é assim que ela faz quando encontramos uma ameaça real, deve estar querendo morrer. Mesmo presenciado aquela cena lastimável continuei atrás da parede, mantendo a minha posição tentando manter o foco,

eu tinha que proteger pelo menos a Lucy, já que a Isa não estava dando a mínima pra sua própria segurança agindo daquele jeito. Se ela queria morrer como eu iria impedi-la? Minha responsabilidade era com Lucy, a pequena e vulnerável menininha já a marmanja louca que se virasse sozinha, sempre foi tão boa nisso não seria agora que ela iria mudar.

Uma risada alta chamou a minha atenção ,soava tão familiar. De repente me lembrei...

_ Christian?

_Não atire, por favor! Sou seu irmão lembra?

_Essa casa também é minha. Eu cresci aqui assim como você! Diz ele em meio a um sorriso.

_Cris! Meu Deus! Onde você se meteu? A gente estava tão preocupada!

Isa correu em direção a Cris se jogando nos braços dele, tão desastrada que quase o derrubou no chão, ele estava bem mais magro e sujo parecia ter andado muito e estava visivelmente cansado.

_Ai, meus pés estão me matando! Entra pessoal! Fiquem a vontade a casa é de vocês!

Aos poucos passam pela porta uma mulher e dois caras mal encarados, fiquei observando em silêncio enquanto Isa continuava o interrogatório. Cris tentava terminar as frases que começava mais ela obviamente não deixava, emendado uma pergunta na outra. Enquanto isso o trio me observa e

Cris por sua vez começou a interpretar a minha face que a princípio era de alívio porém agora era irritação.

Eu ainda estava com a espada nas minhas mãos, mas ele a pega e a coloca com cuidado no canto da parede me apertando com força. Naquele momento lembrei da noite em que papai morreu e ele foi embora, o apertei com toda força.

_Ei mais divagar comigo assim você vai me quebrar!

Ele fala baixinho no meu ouvido .

_Duvido muito que consiga quebrar você com um abraço.

Falo sentindo o quanto é bom ter ele de volta.

_Eu não me surpreenderia está mais forte do que quando me abraçou naquela outra noite!

Cris responde .

Isso não era verdade talvez o trabalho pesado tivesse me deixado mais resistente porém eu continuava a mesma garota de um metro e setenta, cabelos compridos pretos, olhos pretos , pele pálida, mais pálida do que o de costume devido a falta de sol e má alimentação, não havíamos passado fome nenhum dia, desde que mamãe tinha partido. Eu não deixei, quando as coisas começaram a acabar fui até a propriedade vizinha que ficava mais ou menos a uns quarenta minutos de caminhada e peguei alguns ovos do galinheiro e algumas galinhas, achei frutas e alguns legumes, dentro da casa depois de verificar com cuidado para ver se ainda havia alguém no local.

Fiquei feliz em saber que o Sr. Barto tinha ido embora para casa do filho, eu o conhecia, sempre pegava seus livros emprestados e fiquei muito grata por ele manter um galinheiro pequeno nos fundos da casa e a horta para distraí-lo durante o dia, em seu armário havia várias latas de comida em conservas o que me fez mais uma vez agradecer a Deus .

Ele era um velho solitário mais estava sempre de bom humor e apesar da casa simples ele tinha uma filha que era muito rica que havia se casado com um figurão da industria têxtil. Olhando pela casa

achei um bilhete dele direcionado a mim.

Para Sofia.

_ Minha querida Sofia se estiver lendo esse bilhete é porque estive certo em deduzir que não iria embora sem verificar como esse velho estava, sinto informar mas não vou poder cumprir com a minha promessa de sempre estar ao seu lado. Meu bem as coisa nem sempre são do jeito que a

gente quer. Acostume-se! É um fato! Entretanto fique a vontade para pegar o que precisar a casa é sua, sentirei saudades e desejo boa sorte!

COM CARINHO SR B.

Terminei de ler com lágrimas nos olhos, ele sempre pensava em mim e agora eu estava mais grata que nunca porque naquele momento ele estava salvando as nossas vidas.

Mais populares

Comments

preta

preta

Esse já é o terceiro livro que leio da Bia, e ela mim surpreende em cada um com uma forma de superação melhor que a outra, e todos baseados na fé, estou amando

2024-01-30

1

Yamagutte Maria

Yamagutte Maria

Estou gostando bastante dessa história é o primeiro livro uma história de superação

2024-01-09

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!