capítulo 10

O dia mal acabará de nascer e lá estava eu em pé próximo a cama tentando achar um jeito de enfiar todas aquelas coisas dentro da minha mochila.

_Droga assim não vai dar. -digo tentando enfiar um cobertor grosso dentro da pequena bolsa.

_Assim não vai dar mesmo! Pra levar tudo isso vai precisar de um caminhão e não temos nenhum disponível. lembra?Temos que ser discretas e essa sua tralha toda vai chamar muita atencão.Tente trocar esse cobertor por roupas mais quentes e pegue só o extremamente nesseçário. - diz Isa.

_Meu Deus, que é a mais velha aqui? Eu que era pra estar te mostrando como fazer a mala!

_Não esquenta com isso eu sempre fui meio precoce !Não acha? Além do mais já arrumei muito mais bolsa de fulga que você, já se perguntou porque eu estava sempre sendo castigada pelo papai ?

_ Na verdade não, nunca entendi direito porque ele estava sempre bravo.

_ É que sempre depois das confusões e das brigas vinham várias fugas frustadas! -disse Isa com um ar sério.

_Isso é verdade! Eu to chocada sempre vi ele te trancando mais isso nunca passou pela minha cabeça, que coisa horrível. -digo ainda perplexa.

Imediatamente Isa cai na gargalhada.

_Por acaso você esta rindo de mim? - pergunto.

_Desculpa mais você é tão ingênua as vezes, é claro que eu me metia em encrenca as vezes e é logico que papai acabava me castigando mas nunca tentei fugir. Pra onde eu iria?

_Sei lá! Você é a maluca da família, lembra?

_Maluca sim mais ainda resta um pouquinho de sanidade o bastante para deduzir que essa mochila não vai aguentar toda essa parafernalha que você cismou de enfiar aí dentro.

Com uma habilidade surpreendente Isa virou a mochila ao contrário e a sacudiu fazendo todas as coisa caírem na cama e então começou a arrumá-las tomando cuidado para não esquecer de coisas básicas além de me pedir as que ela não havia encontrado e achava imprescindíveis.

Antes que todos se levantassem já estavamos longe.

_Bom chegamos! -disse Isa com um suspiro triste,enquanto retirava a mochila das costas e a colocava perto de uma grande árvore se agachando no chão olhando fixamente pelo caminho que nós acabamos de passar.

Havia mais do que tristeza naqueles olhos castanhos , me sentei ao seu lado tentando entender o que ela estava fazendo.

Aí me dei conta de que ela estava esperando pelo Lucas, o modo como ela olhava a cada balanço das árvores fez com que me sentisse triste por ela, a dor da perda parecia dilacera-la, dava pra saber só de olhar pra ela.

Senti a dor dela a cada minuto que se passava, esperamos em silêncio por tempo demais parecia uma eternidade.

_Será que ele não vem? - Ela fala olhando pra trilha.

_Claro que ele vem! Não se preocupe.

_Sofia e se ele não aparecer?

_Vamos seguir em frente, mais tenho certeza de que ele virá, não faz o estilo dele abrir mão de você tão fácil irmãzinha. Fica tranquila.

_Mas já passou muito tempo, eu combinei de esperar por uma hora depois disso eu iria embora. Eu disse para ele, eu avisei.

Então ela se pôs de pé enxugou as lágrimas que teimavam em escorrer pelo seu rosto e limpou as roupas batendo forte no corpo como se quizese se punir por ficar tanto tempo esperando o homem que amava sem que ele aparecesse.

_Pegue suas coisas vamos embora! -disse ela friamente.

_Tem certeza de que não quer esperar mais um pouco?Pode ter acontecido alguma...

Ela levantou a mão para mim em sinal de que não queria ouvir nada, e na mesma hora eu me calei não cheguei nem a concluir o que estava falando pois pude ver o tamanho da sua frustração e em seguida raiva enquanto acelerava o passo furiosa na minha frente.

Andamos todo o trajéto até a cidade em silêncio tirando as poucas palavras que de vez enquando eramos obrigadas a trocar.

O clima entre nós começou a ficar estranho e quando anoiteceu e ficou impossível continuar já que até a lua estava se escondendo atrás das nuvens no céu a fim de nos atrasar decidimos parar para descansar.

_Pode dormir um pouco que eu vigio.Você parece mais cansada do que eu. - Tento diminuar aquele desconforto.

_Por que ?

_Isa por favor, não quero brigar só faça o que eu disse está bem?

_Não !Não está nada bem.

_Eu sei que você está passando por um momento difícil mais por favor tente descansar um pouco, vou precisar de você inteira para me cobrir amanhã.

_Não vou conseguir dormir tenho muita coisa na cabeça.

_Eu imagino mais por mim, tente!

Isa se revirou de um lado para o outro por um tempo e depois caiu em um sono profundo era quase tranquilizador como sua respiracão se acalmará e depois estava totalmente incosciente recostada numa árvore.Tão tranquila e calma que nem parecia aquela menina transtornada de sempre, fique observando-a enquanto pensava.

_Coitada encontrou o verdadeiro amor e teve que deixá-lo para traz. Isso é muito triste, mais o que eu poderia fazer para ajudá- la? E se fosse comigo eu faria o mesmo? Acho que não. Com certeza eu lutaria para ficar com ele e não haveria tempo o suficiente que eu não o esperasse nem distância que poderia nos separar nem ninguem.

Ficar pensando sobre isso me distraiu tempo suficiente pois quando me dei conta já estava amanhecendo, graças a Deus ninguém se aproximou de nós, ainda bem porque estaríamos perdidas já que fiquei tão fora do ar com aquilo tudo que não vigiei muito bem.

_Bom dia! Está vendo uma noite de sono e você já parece bem melhor. - tento anima-la.

_Se você está dizendo e eu não trouxe nem um espelho para confirmar o que diz, quem sou eu para te contrariar! - Isa dá um sorriso amarelo.

_Sempre com a língua afiada!

_É sempre um prazer te manter na linha com meu humor afiado.

_Há gracas a Deus, toda aquela pose de menina abandonada estava me fazendo pensar o que tinha acontecido com a Isa durona que eu conheço.

_Não se preocupe ela estará sempre aqui para te irritar.

Por um minuto eu a vi olhando para o caminho atrás de nós e ela me deu um sorriso triste então não resisti puxando-a para um forte abraço e ela não rejeitou aquele simples mais bem vindo carinho sabendo que precisava dele tanto quanto eu.

_Pode me soltar agora, toda essa melação está me deixando enjoada.Vamos!

_Está bem a senhora é quem manda chefe! -diz Isa correndo para pegar suas coisa e disfarçando que estava bem depois de tê-la abraçado.

Seguimos nosso caminho até a entrada da cidade e a cada passo que davamos eu me surpreendia, como todo aquele lugar podia ter sido destruído em tão pouco tempo, me lembrava com perfeição dos detalhes da nossa charmosa cidade. A praça sempre cheia de jovens, a padaria o mercado, as lojas em geral estavam sempre limpas e arrumadas assim como as pessoas que me faziam pensar se toda aquela gente era tão feliz quanto demonstrava ser.

Agora tudo que encontramos foi sujeira e lixo que se amontoava nas calçadas, todas as lojas vazias e abandonadas provavelmente depois de serem varias vezes saqueadas já que não haviam vidros nem nenhuma proteção contra ladrões. Quem conseguiria resistir por tanto tempo em meio ao caos. As ruas estavam praticamente desertas tirando alguns bêbados que estavam caídos mais a frente, não pareciam perigosos mais a medida que ouviamos barulho de pessoas se aproximando mandei Isa ficar atrás de mim com sua arma em punho, andamos alguns metros pelos cantos dos prédios que em parte estavam de pé e outros totalmente amontoados de entulhos.

Decidimos nos esconder e esperar até escurecer seria mais fácil de se esconder nas sombras caso alguém se aproxima-se com intensão de nos fazer algum mau ou nos roubar. Isa estava armada mais não podiamos desperdiçar munição, eu carregava a minha espada e um jogo de facas bem afiados em suportes presos no meu corpo, e como sabia muito bem utiliza-los seguimos em frente.

Logo o crepúsculo se aproximou deixando-nos mais a vontade para andar pelas ruas mesmo assim todo cuidado era pouco, seguimos os borburinhos que ecoavam pelas ruas devastadas e nos deparamos com um grande prédio que estava bem iluminado comparado a os outros lugares da cidade era bem perto do porto, então pensei que ali fosse como um ponto de encontro onde várias pessoa se juntavam para fazer negócios.

_ Que sorte! Nossa passagem pra fora daqui está mais perto do que eu imaginava! -digo confiante.

Obviamente estava totalmente enganada!

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