Capítulo 17

Márcia

Assim que Daniel saiu, voltei para o quarto e li o bilhete novamente, dessa vez com mais atenção.

"Desculpe-me contar isso através de uma carta, mas, o meu nome é Gabriela da Silva. Cresci em Saquarema, no abrigo casa do amor. Lamento por todo o transtorno, provavelmente nos confundiram porque somos parecidas. Obrigada por cuidar de mim durante todo esse tempo.

Gabriela."

___ Mas que brincadeira é essa?

Joguei o papel de lado e corri as mãos pelos cabelos.

O celular estava em cima da mesa de seu quarto, não adiantaria ligar.

___ Para onde será que essa menina foi?

Vasculhei todas as suas coisas e encontrei um recorte de jornal, com uma foto de várias crianças, entre elas, estava uma adolescente que se parecia muito com Rafaela.

Pesquisei na internet o endereço da casa do amor e peguei as chaves do carro, saindo de casa quase que instantaneamente.

___ Márcia! Márcia!

Ouvi a voz da síndica do condômino.

" Agora não!"

___ Oi\, Valéria!___ Forcei um sorriso.____ O que deseja?

___ A reunião do condômino é essa semana\, sabe disso\, não é?

___ Sim\, você avisou no grupo\, eu preciso dar uma saidinha agora.

___ Estou reforçando\, porque você não esteve presente nas últimas duas. Precisa se comprometer\, se não quiser perder seu espaço.

Respirei fundo.

___ Valéria\, você faz uma reunião todos os dias se deixar. Estou com problemas pessoais\, por isso não pude participar\, agradeceria se entendesse. Se eu puder\, irei\, se eu puder.

A deixei falando sozinha e fui para a garagem. Quando entrei no carro e dei a partida, meus dedos tremiam.

___ Calma\, calma! Ela só está brincando.

Quando liguei o carro, acabei batendo na pilastra atrás de mim, devido ao nervosismo.

___ Márcia\, você está bem?

Um dos vizinhos veio até a janela do carro.

Balancei a cabeça em negação

___ Estou bem\, só me distrai. A Rafaela tem me dado trabalho ultimamente.

___ Ah sim! Quando encontrar com ela\, vou dar uma bronca. Onde já se viu?! Dar dor de cabeça a uma mãe como você!

Dei um sorriso discreto.

___ Não é isso\, aquela menina é um anjo! Só está passando por uma fase difícil... É a adolescência!

___ Ah sim\, vou lá então\, Márcia!

___ Tchau.___ Me despedi e liguei o carro.

A viagem até Saquarema foi estressante, com vários engarrafamentos. Saí de casa às 07:10 e cheguei à 13:20.

Assim que cheguei à casa do amor, uma garotinha veio até mim.

___ Você veio adotar alguém?

Seus olhos brilhavam de esperança.

___ Na verdade estou procurando a Gabriela.

Seu rosto imediatamente ficou triste e ela abaixou a cabeça.

___ Quem está aí\, Luiza? Você está aprontando?___ Uma senhora chegou e deu um tapinha carinhoso na cabeça da criança.___ Sou a diretora da casa do amor\, em que posso ajudá-la?___ Perguntou\, com um sorriso nos lábios.

___ Ela veio para ver a Gabi.

___ Ah...____ O rosto da senhora também se apagou.____ Venha comigo\, por favor.

Assenti.

___ Tchau Luíza.

Acenei para a garotinha.

___ Tchau tia!

A mais velha me levou para sua sala e colocou uma grande caixa de metal sobre a mesa.

___ Isso foi tudo o que ela deixou para trás\, a senhora devia gostar muito da Gabriela\, estava sempre mandando presentes.

___ Presentes?

___ Ah sim! Ela guardou todas as suas cartas.

Na caixa estavam vários envelopes, um por ano, todos de cores diferentes.

___ Eu deveria ter conversado mais com ela. Aquela menina era tão prestativa! Se eu soubesse o que estava acontecendo\, ela não teria tomado uma decisão tão drástica!

A senhora estava chorando.

___ Como assim? O que aconteceu com ela?

A diretora arqueou as sobrancelhas e levou a mão à boca, surpresa.

___ Então não sabia? A Gabriela morreu! Ela tirou sua própria vida\, após sofrer bullying de suas colegas de escola. Aquela criança deve ter sofrido tanto!

Paralisei surpresa, meu olhar foi diretamente para a caixa, onde estava uma foto de Gabriela em seu uniforme escolar. Elas não eram apenas parecidas, era como se fossem cópias da mesma pessoa.

___ Onde ela está agora?___ Questionei.

___ Vou lhe dar o endereço.

****

O cemitério ficava de frente para o mar, o sol estava fraco e o vento soprava à todo vapor.

Não havia muitas pessoas, andei por entre as lápides, até encontrar a garota em frente à um túmulo.

___ Rafaela?___ Chamei.

Ela demorou a responder, mas virou-se para mim, estava tão surpresa quanto confusa.

Aquela era a minha filha, não era? Tinha que ser...Não, é a Rafaela!

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Comments

Marli Franroz Hofildmann

Marli Franroz Hofildmann

poxaaaaa

2024-03-10

1

Ecleilda Justino

Ecleilda Justino

aí meu Deus que coisa triste demais 😢😢😢

2022-12-09

3

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