Gabriela
Eu estava na água, usava um casaco cinza, com detalhes e bolsos na cor rosa, não sabia nadar, então me debatia enquanto sufocava. Foi quando vi alguém nadando em minha direção, seu rosto era igual ao meu.
___ Rafa!
Daniel chamou.
Abri os olhos, enquanto lentamente, voltava a ter fôlego.
___ Vocês está bem? Me deu um baita susto?
Ele perguntou quando me sentei.
___ Preciso sair daqui!
___ O quê?___ Ele franziu a sobrancelha.
Levantei e saí correndo dali, parando em frente a entrada do ginásio.
___ Por que saiu desse jeito? Está frio aqui fora!
Daniel me cobriu com o casaco da equipe, não consegui fazer nada, meus olhos estavam cobertos de lágrimas.
___ Ficou com tanto medo assim?
Aproximou a mão, fazendo menção que ia enxugar meu rosto.
___ E-eu preciso ir!
Afastei seu braço.
Quando cheguei em casa, fui direto para o quarto, vasculhando tudo, sem me importar com a bagunça que estava fazendo. Acabei encontrando um recorte de jornal intitulado “A casa do amor, abrigo na cidade de Saquarema se destaca por programa de serviço voluntário”, na foto estavam várias crianças e uma adolescente, uma com o mesmo rosto que eu.
" Fico feliz em ter você comigo, Gabi!"
" Não tenho minha mãe, mas tenho você!"
" Precisamos de provas, sabe como é!"
Os momentos viam com força, um atrás do outros, trazendo as memórias, não aquelas que eu queria lembrar, apenas a verdade e isso era dolorido demais.
___ Rafaela?
Mamãe entrou no quarto, ou melhor a mãe de Rafaela.
___ Por que está molhada? O que houve?
Ela pegou minha mão, mas eu a afastei.
___ Certo! Faz muito tempo desde a última vez que você ficou assim, me desculpe! Devia ter batido na porta, antes de entrar. Deixarei você sozinha.
Ela girou os calcanhares para sair, foi quando a abracei.
___ Rafa?
“ Por favor não pergunte" era o que eu queria dizer, mas não consegui, tudo o que eu fazia naquele momento era derramar lágrimas em silêncio.
___ Mãe.___ Falei, pois queria experimentar dizer isso novamente, mesmo que fosse mentira.
___ Você está bem?
___ Apenas… Fique mais um pouco, só mais um pouquinho, está bem?
...****************...
___ Já está pronta?___ Perguntou a mãe de Rafaela.
___ Sim… Mãe!
Sai do quarto sorridente.
___ Está tudo bem mesmo?
Assenti.
___ E aquele assunto na escola, quer que eu vá?
___ Não! Eu já sei o que fazer, mãe. Conto com o seu apoio.
___ Claro! Boa sorte, filha!
___ Obrigada, mãe.
Dizer aquela palavra estava ficando cada vez mais doloroso.
Cheguei à escola e fui até a sala do diretor.
___ Eu me lembrei, não lembrei tudo, mas sei o que aconteceu.___ Disse.
___ Vamos, me diga então! Para podermos resolver isso de uma vez por todas.
___ Eu a ameacei, disse as piores palavras que alguém poderia dizer" não serei mais sua amiga”! Eu a fiz se sentir invisível, fiz com que pensasse que ninguém se importa.
" Ela sempre diz que vai pagar tudo."
" Vá e conte para eles que fiz isso, porque não consigo fazer amigos!"
As palavras ressoavam em meus pensamentos, eu saboia como era se sentir assim. Tudo o que Amanda estava fazendo, mesmo que ela própria não quisesse admitir, era um pedido de ajuda.
___ Não é verdade!___ Ouvi a voz dela e me virei.
___ Ela está mentindo!__ Disse a ruiva. ___ Inventei tudo! Inventei, porque queria chamar a atenção de alguma forma.___ Começou a chorar.___ Eu pagava tudo para todo mundo, pois só dessa forma, meus colegas iam querer sair comigo. Mas o tempo foi passando e eu fiquei irritada com isso, então resolvi descontar tudo na Rafaela, ela foi a única que nunca aceitou meu dinheiro e também, era amiga de todo mundo! Rafaela não roubou nada, eu coloquei o colar no armário dela de propósito.
A ruiva olhou para mim.
___ Me desculpe, Rafaela.
Sorri e segurei sua mão, surpreendendo-a.
___ Ela só fez isso, porque queria ter amigos.
___ Vocês jovens!___ O diretor balançou a cabeça em negação.___ Pelo menos tudo isso, está resolvido.
___ Obrigada por mentir.___ Ela falou, assim que saímos da sala.
___ Não foi nada.___ Sorri.___ Mas, sabe, eu checaria ali, se fosse você.
Amanda olhou para mim confusa, estávamos diante do corredor onde ficavam os armários de todos.
___ Vai lá.___ Fiz um sinal com a cabeça.
Ela abriu a porta e viu uma carta, em papel rosa, imediatamente a abriu e sorriu para mim em seguida.
___ Obrigada, Rafaela.
Na carta estava escrito:
" Sei que as coisas entre nós foram tumultuadas, mas eu ainda quero ser sua amiga. Sem dinheiro, cartões ou nada disso, apenas minha mão que está estendida para você.
Rafaela."
A ruiva voltou para a sala após isso.
___ Olha, não sei o que você fez, mas mandou bem!___ Falou Sandro, que estava no corredor.
___ Valeu Sandro.
___ Á propósito, você não costumava falar comigo.
___ É mesmo? Sou realmente uma pessoa diferente agora, não é?
Girei os calcanhares e entrei na sala de aula também.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Ecleilda Justino
ela não vai falar nada de sua pessoa aí Jesus isso não vai dá certo...
2022-12-09
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