Capítulo 10 Um pedido que mais parece uma ordem

Capítulo 10

Um pedido que mais parece uma ordem

Meredith

Sexta-feira e como combinado estou na minha sala aguardando o Sr. Bruce Smith o pai de Ana. Mas o homem está atrasado.

-- Professora Meri o que ainda faz aqui querida?

A inspetora Jucéia me pergunta.

-- Aguardando o pai de uma aluna que implorou por um horário e está atrasado.

-- Está com fome?

Ju me pergunta.

-- Estou.

Nesse momento vejo o Sr. Bruce atrás de Jucéia.

-- Boa tarde Srta. Meredith sinto muito me atrasei.

-- Boa tarde! Não se preocupe com isso.

-- Eu também estou com fome, aceita almoçar comigo assim não perdemos tempo.

Merda.

-- Não é necessário imagina.

-- Eu faço questão, marcamos às 13 horas e são quase 14 horas. Por favor?

Não respondo apenas pego minha bolsa e meu material. Que situação.

-- Eu sigo o seu carro.

Digo tentando escapar.

-- Vamos no meu depois te deixo aqui.

-- Tudo bem!

Esse perfume não me é estranho, mas não me lembra um bom momento. Não sei. mas o cheiro é bom.

O Sr. Bruce abre a porta do seu carro para mim. Assim que ele entra e fecha a porta ele diz.

-- Que cheiro de morangos. Só conheci uma pessoa que usava esse perfume.

-- Oi?

-- Oh me desculpe, estou pensando alto.

Homem louco eu hein. Oh meu Deus o combinado era dar aulas apenas.

-- Então Sr. Bruce qual a sua preocupação com Ana?

-- Srta. Meredith, Ana não me obedece a ninguém na verdade, não quer estudar. Está agressiva. Eu não tenho tido tempo para ela, eu sei que falho nessa parte, mas passei por problemas na empresa.

O Sr. Bruce para em frente a um restaurante e entrega o carro a um manobrista, enquanto um segurança do local abre a porta para que eu desça.

-- Obrigada. Digo aceitando a mão do rapaz.

Assim que nos sentamos e após fazermos os pedidos continuamos a conversar.

-- Sr. Bruce, Ana tem mesmo muita dificuldade na escola, ela ainda não conhece as letras e nem números, eu já passei para a nossa psicopedagoga, ela vai te chamar.

-- Eu não sei mais o que fazer.

-- Já pensou em passar mais tempo com ela?

-- Eu tento, mas ela me provoca e eu me afasto. Ela era tão doce o meu bebê, só ficava comigo, eu a carregava em um sling para todo lado, depois foi crescendo e aceitando outras pessoas.

-- Como assim para todo lado?

Pergunto na cara de pau.

-- É que minha esposa estava em coma, agora já acordou, mas não anda e fala com dificuldades.

-- Ana disse na sala de aula, que a mãe dela é doente e o pai trabalha e por isso ela passou as férias em casa.

-- Outra falha minha. Me diga ela foi mal educada com você?

-- Às vezes sim. Mas tudo bem ela só precisa ser corrigida.

-- Eu realmente não sei o que fazer.

Ele diz com pesar.

Nossos pedidos chegam e comemos em silêncio. Bruce estava longe seu olhar não focava em nada. Parecia mesmo a Ana em sala de aula.

Já sem saber o que esse homem quer de mim. Tento encerrar a reunião.

-- Mas vamos continuar conversando e na escola eu farei de tudo para que ela se interesse e acompanhe os colegas.

-- Eu quero que a Srta. dê aulas particulares toda tarde para Ana. Pode ser logo após a aula você almoça em casa.

-- Eu não sei se é uma boa ideia ela já passa a manhã comigo.

-- Ela gosta de você, ela já disse quando não sabia que estava ouvindo. Pode começar na segunda feira.

-- Eu não estou confortável.

-- Pelo menos tente.

-- Olha Sr. Bruce, mas você também precisa fazer a sua parte e educar a sua filha e isso não tem como terceirizar você precisa gastar um tempo com isso. Não basta dar ordens, precisa ouvi-la, brincar levar para tomar um sorvete, viajar nas férias. Ela foi a última a falar e só falou pois não tinha como fugir, todo ano os alunos contam o que fizeram nas férias. Com filhos não adianta dizer que não tem tempo, precisa fazer seu tempo e pronto ou terá uma filha com cada vez mais problemas.

O homem está vermelho de raiva eu não sei se alguém já o enfrentou assim. De uma vez ele toma o uísque que pediu.

-- Vou fazer a minha parte.

-- Um parque aquático seria ótimo aproveite que ainda está calor.

-- Começa segunda-feira então?

-- Começo, mas preciso sair no máximo até as 15 horas, tenho que preparar as aulas do dia seguinte.

-- Tudo bem, depois fazemos um contrato e um salário ok.

-- Ok.

-- Ana vai adorar.

-- Eu não tenho tanta certeza.

-- Tenho certeza que vai saber conquistá-la.

-- Sim é isso mesmo que vou fazer.

-- Obrigado por aceitar. Agora preciso te deixar na escola e voltar para empresa. Vou sair mais cedo e levar Ana para casa de praia como nos velhos tempos só nós dois.

-- Faz muito bem Sr. Bruce.

Pronto agora vou ter que ensinar o pai a ser pai. Mas se eu tiver algum retorno de melhora na vida deles, para mim é o que basta.

Tento pagar a minha parte da conta, mas Bruce até se ofende.

-- Eu convidei eu pago.

-- Obrigada!

Ao sairmos, Bruce seguiu em direção a escola, ele passou por uma rua que eu nunca passo e eu vi Diogo aos beijos com uma mulher em frente a uma casa, eles estavam encostados em seu carro.

-- O que foi? Ficou pálida.

Bruce estaciona ao lado do meu carro, ele queria descer para abrir a porta eu o parei.

-- Não precisa estou com pressa, obrigada espero ter ajudado por enquanto. Segunda se quiser me manda o seu endereço que Ana já vai embora comigo, só precisa autorizar na escola tá tchau.

-- Saio como uma louca do carro do homem, quase derrubando minhas coisas e entro em meu carro.

Bruce buzina e sai eu respondo.

Dirijo como uma doida até a tal rua, não é longe. Poxa não tem mais ninguém em frente à casa em que eles estavam, nem o carro.

Continua

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