Escute sempre, mas jamais perca sua voz

— Como vou conseguir terminar a escola com um bebê? Terei que largar ela? Como vou fazer isso? Eu não sabia que graduação eu queria, mas algo era certo, queria terminar a escola, entrar na universidade. Está tudo acabado agora. — Elora confessou antes de começar a chorar. Aos poucos ela se dava conta de como complicada era a situação. O menor dos problemas sempre foi o casamento que ela tanto questionou.

— Hey! Se acalma, Elora. Você não está sozinha. Estamos aqui por você. — Ayla disse tentando acalmar a amiga.

— Vocês estão? Próximo ano todos vocês vão tá na faculdade. Como posso deixar um bebê recém-nascido e ir estudar? Acham mesmo que vou conseguir continuar a escola? Estudar para o vestibular? Querendo ou não, com apoio ou não, quem vai sofrer o maior impacto sou eu. Ou acham que qualquer um pode dar de mamar? Podem me dizer mil vezes que estão por mim, no final será só eu e o bebê. Minha vida acabou. — Elora gritou correndo para para o quarto. Ayla como padrão toda vez que Elora surtava levantou para falar com ela.

— Não, deixa, eu vou falar com ela. Vocês ficam assistindo. Só cuidado. Escolhas tem consequências — Liam disse subindo as escadas.

— Acha mesmo que está em posição de dá sermão? — Ayla perguntou.

— Nesse quesito, acho que sou a melhor pessoa para falar sobre escolhas e consequências. Só pense bem antes de agir, Lala. — Liam respondeu, Ayla nunca retrucava quando seu irmão chamava ela de Lala, sabia que ele estava querendo deixar claro que estava querendo apoio.

Enquanto Ryan e Ayla discutiam sobre o filme que vão assistir, um queria terror e outro comédia, rendendo uma boa briga deles dois. Liam batia na porta trancada do seu quadro, sem qualquer resposta. Ele cansado, sentou encostado na porta.

— Eu sei que está ouvindo. Eu concordo com você. De todas as pessoas envolvidas, você será a mais afetada por tudo isso. Não apenas quando nascer, mas haverá vários sintomas que sentirá devido a gravidez que vão te deixar desconfortável. Não julgo você se sentir dessa forma. Entretanto, me ouve, não deixarei que largue a escola ou deixe de estudar. Se for necessário, posso até trancar a faculdade e começar quando o bebê estiver maior. Você pode tirar o leite, armazenar e eu posso alimentar ele. Podemos lidar com isso. Só precisaremos nos organizar. Sei que não posso substituir uma mãe, mas estarei do seu lado. Eu te prometo. Você não vai ficar sozinha. — Liam disse para Elora, que abriu a porta ao ouvir o que ele dizia.

— Não quero que largue a faculdade. Nosso filho terá um pai médico e renomado. — Elora falou sentado com as costas nas costas de Liam.

— Eu não irei largar a faculdade, irei apenas atrasar o início. Não fará mal. Pelo menos um semestre. — Liam explicou para ela. — Nosso filho terá um pai médico, te prometo. Só não garanto muito o renomado.

— Será que sempre é assustador assim ter filhos? Ou estou assim por ser nova e imatura? — Elora perguntou. Sabia que já era o segundo surto dela só hoje.

— Eu acredito que todas devem ficar assim. Pensa comigo, além do fato de vocês passarem por uma grande mudança hormonal, ainda vem o peso da responsabilidade. Por isso, concordo com você, que mesmo com apoio, a mulher é aquela que mais sente durante a gravidez. Todos sabem disso, quando falam que vão nos apoiar, será caso seja necessário, fiquem de babá ou qualquer coisa que possam fazer para diminuir a nossa carga ou auxiliar. Posso te pedir uma coisa? — Liam respondeu segurando a mão de Elora.

— Quando se sentir insegura, preste a explodir, assustada ou qualquer sentimento que te domine, me chame para conversar. Eu entendo que seja até mais forte que você, mas tudo que você sente, o bebê também vai sentir. Não fez bem para vocês dois o estresse. — Liam pediu e Elora se surpreendeu com a informação.

— Como sabe disso? — Elora pergunta se virando para olhar para ele.

— Desde que descobri que estava grávida comecei a ler artigos sobre isso. Precisava entender o que estava ou ia acontecer. — Liam explicou.

— Você é muito nerd. Espero que nosso bebê puxe a minha beleza e sua personalidade. Deus me livre lidar com outra eu. Nem eu me aguento. Quanto mais uma cópia de mim — Elora disse deitando com a cabeça no colo de Liam, que acariciava seu cabelo.

— Nessa, eu tenho que concordar com você. Duas de você vão me deixar com cabelo branco cedo demais. — Liam concordou. A personalidade de Elora era totalmente oposta a dele. Ele reunia toda paciência do mundo para não chutar o balde em cada surto.

— Idiota. Já te prometi tanta coisa. Pode me prometer uma? — Elora pediu

— Acho que sim. — Liam respondeu rindo.

— Pode sempre reagir assim quando eu surtar? Em vez de me condenar e brigar comigo, pode apenas conversar? Eu gosto do seu método para acabar com meus chiliques. Acho que só você e Ayla conseguem me acalmar. Isso desde pequena. Meus pais, você sabe, minha mãe surta junto comigo e meu pai me compra sorvete ou o que eu quiser. Simplesmente, o que não melhorava em nada como me sentia. — Elora admitiu para Liam, mas ele já sabia disso, Ayla já reclamou várias vezes que Elora e os pais tinham uma péssima comunicação. Só que era relativo, na opinião de Liam, os pais de Ryan também não tinham uma conversa tão aberta com ele. O que na verdade saia do padrão eram os pais dos gêmeos. Eles sempre foram abertos e conversaram sobre tudo. Não era fácil julgar as outras famílias com base na deles. Cada um tinha sua história, costumes e personalidades.

— Acho que esse será o grande carma da minha vida. Ser seu Rivotril particular. Até assinei isso em cartório, acredita? — Liam brincou, mas estava pensando em como poderia ajudar a Elora e sua mãe a se comunicarem melhor. Ela iria precisar mais do que nunca da sua mãe nesse momento.

— Você é um idiota mesmo, por sorte é gatinho. Não vou reclamar se puxar a você nosso filho. — Elora brincou.

— Não é que você até pode ser fofa e doce de vez enquanto? Deve nevar a qualquer minuto. — Liam disse gargalhando com uma versão de Elora que ele não conhecia.

— Podemos ficar mais um pouco aqui? Acho que preciso um pouco mais disso. — Elora pediu para Liam.

— Sim, podemos ficar aqui até que se sinta bem. — Liam concordou, mas estava preocupado com Ayla lá com Ryan. Depois do que aconteceu com ele, não queria que sua irmã passasse pela mesma coisa.

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