Não adianta chorar pelo leite derramado

Depois da revelação, sem detalhes, todos foram para casa. Foi decidido que conversariam melhor sem ser no meio do trânsito. Já havia acontecido acidentes demais para uma manhã só. Chegando em casa, Ayla, Liam e Elora se sentaram no sofá calados. Jean sentou junto com Aurora no outro sofá.

— Elora, eu tenho que contar a Anna. Você vai precisar dela nesse momento. O pai já sabe? — Aurora perguntou com cuidado, não queria pressionar demais Elora, que estava visivelmente assustada com tudo. Aurora, vendo Elora desse jeito, lembrou de quando engravidou a primeira vez, havia sido assustador para ela.

— Uhum — Elora respondeu de cabeça baixa.

— Isso é bom. Ele vai assumir a criança? — Aurora perguntou.

— Não sei. — Elora respondeu sem ter coragem de olhar para ninguém

— Que tipo de homem desprezível você se envolveu, que nem ao menos assume seus erros? — Jean disse se levantando irritado. Elora era como uma sobrinha para ele. Conviveram juntos desde pequena. Não podia imaginar alguém fazendo isso com ela. O que surpreendeu foi a crise de riso de Ayla

— Sério, pai? O que você acha que o cretino escroto que abandonou Elora sozinha nesse momento, em vez de está lidando com as consequências junto com ela merece? — Ayla perguntou ao pai.

— Filha, eu não sei o que Guilherme vai fazer, mas ajudo a esconder o corpo sem problemas. — Jean respondeu de pronto a filha.

— E você, querido irmão Liam, o que você acha de uma pessoa que faz isso com Elora? — Ayla perguntou olhando com raiva para o irmão que estava digerindo a informação ainda, mas sabia que não era certo deixar Elora lidar com isso tudo sozinha. Havia sido um erro de ambos.

— Mãe, pai... Sou eu o pai do bebê. Me Desculpem — Liam disse para seus pais que olharam um para o outro.

— Quê? — perguntaram juntos sem acreditar no que seu filho havia acabado de dizer.

— Aconteceu. Não sei explicar.. apenas — Liam tentava explicar, mas ele não conseguia pensar ou menos encontrar palavras certas. Aurora saiu na mesma hora em direção da cozinha de casa, ao ouvir a revelação do filho. Voltou com uma vassoura batendo em Liam que saiu correndo pela casa fugindo da mãe.

— Seu pirralho mimado! Não corra. Acho que não ter apanhado estragou você. Vou te bater pela vida toda agora. — Aurora gritava correndo atrás do filho que esquiva da vassourada.

— Mãe, vamos sentar e conversar com calma. Sem violência. — Liam estava nervoso agora mais do que nunca, sua mãe nunca foi do tipo violenta, na verdade, ela era fã do diálogo. A atitude daquele momento o surpreendeu bastante.

— Seu pirralho! E eu achando que você era responsável, diligente. Olha o que tu fez nos seus 17 anos. Você tem noção do problema que você arrumou. Com Elora, Liam, Elora! Não tinha como ser pior. Vocês se conhecem desde pequenos, foram criados como irmãos. O que você estava pensando quando fez isso. A Elora, filho. Filha de Anna. Como você pode fazer isso comigo? Com seu pai? — Aurora corria chorando com a vassoura atrás do filho.

— Vida, me passa a vassoura. Minha vez. Vou quebrar a vassoura na cabeça desse pirralho burro! — Jean disse pegando a vassoura da esposa, mas foi interrompido por Anna e Guilherme antes de colocar em prática sua ameaça.

— Então você está aqui, mocinha. Recebi uma ligação da escola que você não tinha assistido nem a primeira aula. Você gosta demais de me matar coração. Depois reclama porque vive de castigo, só vive aprontando. — Anna estava dando um sermão na filha quando percebeu a cena, correu na mesma hora e tomou a vassoura de Jean. — Você enlouqueceu. Como quer bater no meu afilhado. Ele é um anjo. Você está bêbado?

— Anna, precisamos conversar. Você pode sentar? Gui, você também. — Aurora pediu sabia que Anna surtaria com razão quando descobrisse a verdade. — Ayla, querida, pode trazer um pouco de água com açúcar?

— Sim — Ayla concordou se levantando.

— Vocês falam ou eu falo. — Aurora perguntou, enquanto Anna sentava, mas Guilherme respondia uma mensagem de pé.

— Mãe, pai... me desculpa.. eu ... meio que ... estou um pouquinho grávida — Elora disse, no mesmo momento que ela falou a palavra "grávida" se pode ouvir o barulho forte de alguém caindo no chão. Era Guilherme.

Anna nem teve tempo de digerir a informação dita por sua filha, correu em direção do marido, abrindo sua camisa de botão para que pudesse respirar melhor. Jean a ajudou levando Guilherme para o sofá. Anna estava olhando sério para filha ao lado do seu marido que estava recobrando a consciência.

— Mãe, fala alguma coisa... — Elora estava nervosa com o silêncio deles. Anna era tudo, menos silenciosa.

— Quantos meses? — Anna perguntou para filha.

— Eu não sei — Elora respondeu de cabeça baixa.

— Como você não sabe? Quão irresponsável consigo mesma você pode ser? — Anna questionou irritada.

— Ela deve ter por volta de três meses. — Liam respondeu.

— Como sabe? — Anna perguntou surpresa. Se a filha não sabia como Liam saberia?

— Porque eu sou o pai — Liam respondeu olhando para o chão. Estava sentindo decepcionando a todo que sempre confiaram bastante nele.

— QUÊ? — Anna e Gui disseram surpresos. Liam e Elora juntos era algo raro se ver, mal conseguiam ficar juntos por tempo suficiente. Não parecia lógico.

— Seu moleque idiota e inconsequente, como você pode fazer isso com minha filha? — Guilherme se levantou pronto para bater em Liam, mas Anna segurou sua mão.

— Não adianta bater nele, não vai mudar em nada. Você vai aliviar sua tristeza com a violência, mas o problema ainda vai existir. — Anna disse ao marido enquanto chorava.

— E você achou que se batia porque? Para aliviar a frustração mesmo. Pensou que eu ia educar com tapinha? Sabe bem que não acredito nisso. Violência gera medo, aflição, traumas, mas nunca educação. — Guilherme respondeu a Anna. Nunca levantou a mão para sua filha. Havia apanhado tanto, mas tanto quando pequeno do seu pai, que na primeira chance de sair de casa agarrou. Nunca teve uma boa relação com seus pais, até hoje lida com vários traumas relativos as sessões de "educação" do seu pai.

— Se sabe disso, vamos nos sentar e conversar. — Anna disse olhando para sua filha. Ambas choraram.

— O que você pretende fazer? Abortar? Ter? O que você está pensando, Elora? — Anna perguntou.

— Eu posso ter e deixar em um orfanato. Ele poderá ser feliz e encontrar ótimos pais — Elora fielmente nisso.

— Sério? Ser feliz? Ótimos pais? Aurora, o que você tem a dizer sobre isso. — Anna perguntou sabendo bem a postura de Aurora em relação a adoção.

— Você não tem a mínima ideia do que se passa em um orfanato. Nenhuma criança vai para o orfanato aqui. Eu estava em situação bem pior do que a de vocês dois, mesmo assim, arquei com as consequência. Acho que mimamos demais vocês. Fazendo vocês não saberem a realidade do mundo. — Aurora chorava com a ideia de um neto sendo deixado para sofrer sozinho em um orfanato.

— Então está decidido, vocês se casam em uma semana. — Anna disse se levantando — Agora, vamos. Preciso levar você ao médico. Duvido muito que você tenha ido ver um depois que descobriu.

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Comments

Leila Cabral

Leila Cabral

morri 😂, um pouquinho grávida tá muito bom autora

2023-12-30

9

Juliana Vicentina Da Vo

Juliana Vicentina Da Vo

minha nossa que reviravolta foi essa?

2023-12-29

1

Joselia Freitas

Joselia Freitas

Que família divertida 🤣🤣🤣😁😁😁🤣👏👏👏👏👏💋❤️💕🌺💯💯💯

2023-12-28

2

Ver todos
Capítulos
1 Nem todo mundo merece seu tempo
2 Enlouquecer faz bem para sanidade
3 O não tem remédio, remediado está
4 Escolhas tem consequências
5 Não adianta chorar pelo leite derramado
6 O que importa não é o que acontece, mas como reage a isso.
7 Viva as experiências para ter o que contar
8 A dor é necessária
9 Não jogue fora, conserte.
10 Não discuta com um tolo, perderá a razão
11 Reciprocidade é a melhor resposta
12 Tudo bem não está bem
13 A gente nunca vai está 100% pronto
14 Não deixem o dedos dos outros estragarem tudo
15 A vida consiste de tentativas
16 Escute sempre, mas jamais perca sua voz
17 Às vezes, o caminho certo não é o mais fácil
18 Critique menos, ajude mais
19 Não se pode escolher pelo outro
20 O sofrimento é necessário para o amadurecimento
21 Uma vida de supresas
22 A vida é muito curta para amar em silêncio
23 A confiança é como borracha
24 Para cuidar de alguém, precisa se cuidar primeiro
25 Nunca é tarde para mudar o percurso
26 Uma estrada difícil leva para os melhores caminhos
27 As vezes é melhor deixar o passado no passado
28 Às vezes os sinais são tão claros, que nos cegam
29 A vida não espera você se recuperar do tombo
30 O impossível é questão de opinião
31 Mas estou fazendo minha parte
32 O passado não reconhece seu lugar, está sempre presente
33 A Verdade Nem Sempre Liberta
34 A verdade vestida de mentira?
35 Como se consola alguém?
36 A dor é indescritível
37 Em meio ao tornado
38 Modo mãe leoa ativado
39 Minha família é indestrutível
40 Cada um ajuda como pode
41 O plano de fuga
42 Podem levar as duas
43 As mães são ameaçadoras
44 Ter serenidade para aceitar
45 As consequências das escolhas surgem
46 Não julgue a dor do outro sem vestir seus sapatos
47 Quem não te conhece que te compre.
48 A vida adulta é uma merda
49 Separando o joio do trigo
50 Vamos nos separar?
51 Eu vou provar
52 Quero que todos saibam
53 As mudanças começam bem devagar
54 Os filhos não podem mentir para mãe
55 Do 0 ao 100
56 Deixem que ela quebre a cara
57 O tempo não para
58 A felicidade não dura muito tempo
59 Busque a felicidade, independente dos problemas
60 O que pode dar errado?
61 Aquele papo de amigas
62 Reações
63 Qual será sua escolha?
64 Senta que lá vem história
65 Chá, café ou suco?
66 Os resultados
67 A lasanha não quer guerra com ninguém
68 Precisamos valorizar o diálogo
69 Zero dias sem problemas em família
70 Querida, escondi as crianças
71 O tormento voltou
72 Renata
73 Proteção
74 Pessoas são como cebolas
75 A diferença entre o remédio e o veneno é a dose
76 Noite com vinho
Capítulos

Atualizado até capítulo 76

1
Nem todo mundo merece seu tempo
2
Enlouquecer faz bem para sanidade
3
O não tem remédio, remediado está
4
Escolhas tem consequências
5
Não adianta chorar pelo leite derramado
6
O que importa não é o que acontece, mas como reage a isso.
7
Viva as experiências para ter o que contar
8
A dor é necessária
9
Não jogue fora, conserte.
10
Não discuta com um tolo, perderá a razão
11
Reciprocidade é a melhor resposta
12
Tudo bem não está bem
13
A gente nunca vai está 100% pronto
14
Não deixem o dedos dos outros estragarem tudo
15
A vida consiste de tentativas
16
Escute sempre, mas jamais perca sua voz
17
Às vezes, o caminho certo não é o mais fácil
18
Critique menos, ajude mais
19
Não se pode escolher pelo outro
20
O sofrimento é necessário para o amadurecimento
21
Uma vida de supresas
22
A vida é muito curta para amar em silêncio
23
A confiança é como borracha
24
Para cuidar de alguém, precisa se cuidar primeiro
25
Nunca é tarde para mudar o percurso
26
Uma estrada difícil leva para os melhores caminhos
27
As vezes é melhor deixar o passado no passado
28
Às vezes os sinais são tão claros, que nos cegam
29
A vida não espera você se recuperar do tombo
30
O impossível é questão de opinião
31
Mas estou fazendo minha parte
32
O passado não reconhece seu lugar, está sempre presente
33
A Verdade Nem Sempre Liberta
34
A verdade vestida de mentira?
35
Como se consola alguém?
36
A dor é indescritível
37
Em meio ao tornado
38
Modo mãe leoa ativado
39
Minha família é indestrutível
40
Cada um ajuda como pode
41
O plano de fuga
42
Podem levar as duas
43
As mães são ameaçadoras
44
Ter serenidade para aceitar
45
As consequências das escolhas surgem
46
Não julgue a dor do outro sem vestir seus sapatos
47
Quem não te conhece que te compre.
48
A vida adulta é uma merda
49
Separando o joio do trigo
50
Vamos nos separar?
51
Eu vou provar
52
Quero que todos saibam
53
As mudanças começam bem devagar
54
Os filhos não podem mentir para mãe
55
Do 0 ao 100
56
Deixem que ela quebre a cara
57
O tempo não para
58
A felicidade não dura muito tempo
59
Busque a felicidade, independente dos problemas
60
O que pode dar errado?
61
Aquele papo de amigas
62
Reações
63
Qual será sua escolha?
64
Senta que lá vem história
65
Chá, café ou suco?
66
Os resultados
67
A lasanha não quer guerra com ninguém
68
Precisamos valorizar o diálogo
69
Zero dias sem problemas em família
70
Querida, escondi as crianças
71
O tormento voltou
72
Renata
73
Proteção
74
Pessoas são como cebolas
75
A diferença entre o remédio e o veneno é a dose
76
Noite com vinho

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