Normalidade

Rodrigo: Não se mete em confusão, e se houver algum folgado querendo se engraçar com você desce a mão na cara dele. — Grita ele de longe.

A casa está lotada hoje, percebe-se pela enorme fila que se formou e ia até o quarteirão, entramos pela entrada lateral.

Terminando o ensaio é costumeiro realizamos uma oração antes de subirmos no palco, é de lei sentir um friozinho na barriga.

No palco a luz num tom de vermelho suave, deixando um ar sensual para a coreografia que iremos dançar hoje.

Uma por uma toma o seu lugar no palco, a música começa lenta, a batida suave, literalmente nos entregamos a cada música dançada, é sempre uma nova experiência cada vez que subimos ao palco.

A noite de hoje foi tranquila, nenhum cara invadiu o palco querendo nos agarrar, ou insistindo por alguns minutos em particular, última vez isso aconteceu com a Lorena. O homem subiu no palco e a beijou a força. Foi uma loucura, imediatamente os seguranças agiram e expulsaram o engraçadinho.

Foi assustador, Lorena ficou afastada alguns dias, mas já voltou a ativa graças a Deus. Sabemos que todas nos estamos fadadas a passar por algum tipo de assédio, o verbal é mais comum, e mesmo os meninos da segurança fiquem atentos não da para prever tudo que acontece.

Dada a noite por encerrada, trocamos de roupa e fomos embora. Lari sai primeiro que eu, na saída o meu irmão já estava me esperando, pareço infantil, mas ver o rostinho dele me deixa feliz de mais.

Desiré: Você veio mesmo?

Ele vem de encontro comigo, jogando o casaco dele em cima dos meus ombros, me abraçando em seguida.

Rodrigo: Eu disse que viria. O aquecedor do carro está ligado, vamos que esfriou um pouco, não quero que fique resfriada.

Desiré: Obrigado por ser esse ser humaninho incrível. Amo você.

Ele dá partida no carro e vamos para casa.

Rodrigo: Eu também te amo, preparada para semana que vem?

Desiré: Por incrível que pareça, começo a sentir de verdade que eles estão em um lugar melhor, independente da forma que eles partiram, sei que eles estão orgulhosos da gente. Principalmente de você Rod.

Rodrigo: Tem razão, mas às vezes a saudade que sinto deles machuca, e me sinto culpado por nossa família ter perdido tudo daquela forma.

Desiré: Sei que você se culpa, éramos jovens, e assim o papai nunca levava trabalho para casa, as coisas foram acontecendo e sairão do controle. Só Deus sabe como ele estava se sentindo.

Rodrigo: É, a mamãe sempre se manteve forte ao lado dele.

Desiré: Ela foi nossa base, hoje é você irmão, obrigada por sempre estar aqui por mim, por nos.

Damos as mãos, e ficamos em silênico até chegarmos em casa.

...Uma semana depois....

É semana de prova na faculdade, e estou pirando, as matérias não são fáceis mesmo com o grupo de apoio pós-aula, não estou conseguido me concentrar em absolutamente nada.

Hoje é aniversário da morte dos nossos pais, esse dia do ano costuma ser o pior para me, o dia que tiramos para irmos ao cemitério, levar flores frescas e contar-lhes como a nossa vida está indo.

Depois da visita volto péssima, contudo com um puco de gratidão no peito, pois sei que estão orgulhosos da gente e principalmente do Rod, que foi um tremendo homem todos esses anos.

Sei que ele não é muito de falar sobre a vida pessoal dele, mas tudo que eu queria era que ele aproveitasse mais a vida, namorar alguém, ele já cuidou de me, agora é a vez dele se cuidar.

Final de tarde, o Rod chegou em casa mais cedo que o comum, resolvemos ir ao mercado fazer a compra do mês.

Ele estava inquieto, mais que o normal, aconteceu algo e ele está com vergonha de me perguntar, como não tenho cerimônias com ele perguntei.

Desiré: Quer me perguntar algo? A sua cara tá estranha!

Ele limpa a garganta e fala.

Rodrigo: A Lari tá solteira?

A pergunta me pegou desprevenida, será que o Rod está interessado na Lari, fiquei confusa agora, ele nunca demonstrou nada nenhum tipo de sentimento.

Desiré: Ela tá solteira. Porque a pergunta? Tá a fim dela?

Pelo silêncio dele a resposta é sim.

Desiré: Não! Sério, desde quando vem escondendo os seus sentimentos por ela?

Rodrigo: Se for me zoar eu nem lhe conto.

Desiré: Desculpa, pode falar.

Rodrigo: Tem muito tempo, e esconder isso foi a coisa mais difícil de fazer, ver ela frequentemente em casa com aquelas roupas provocadoras, aquelas calças jeans justa, porque estou lhe falando isso?!

Desiré: Porque além de ser meu irmão, você é o meu melhor amigo. E quando perdi a minha virgindade você foi a primeira pessoa que soube. Então tenho o direito de saber as coisas sobre você.

Rodrigo: Que nojo Deh, ainda não superei isso, ok voltando ao assunto. Você acha que tenho chance com ela?

Desiré: Mano você é lindo de mais, é claro que tem chances com ela, chama ela para jantar fora num lugar bacana, ela vai gostar.

Por mais que a Lari tenha esse pensamento de ver ele como um irmão ela precisa saber o que ele sente por ela, ainda sei que eles vão namorar.

Não que eu esteja agindo pelas costas dela, espero que ela não tenha um pensamento errado sobre isso.

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