Capítulo 15. A Revelação

Lizandra

Estávamos à mesa, estou comendo devagar, mas com muita fome, espero que a comida fique no meu estômago, não posso enfraquecer. Justo agora que tenho tanto a fazer e tenho a garantia de ser a Luna, não posso parar.

Aquele que acredita não ser meu pai, está pensativo, creio que já está a se sentir culpado, mas a surpresa é ainda maior do que ele pensa.

Depois do almoço, Derick queria me levar para o quarto, mas disse que estou bem e quero terminar logo com isso, falta pouco. Fomos novamente para a sala e ele me sentou ao comprido no sofá, pôs uma almofada grande em minhas costas, sentou na outra ponta e pôs meus pés em seu colo, massageando-os. Ele é um amor.

Que diferença!

— Voltando então à biblioteca. Descobri onde estavam as anotações sobre nossos antepassados. Lá constavam tantos nomes que quase me perdi, mas em poucas folhas,  no meio, havia uma narrativa interessante. Era sobre o casamento do segundo filho do Alfa da Alcateia, com uma mulher totalmente diferente de todos. Há inclusive uma pintura dela. Quando vi a pintura, me reconheci nela. Os mesmos traços, a cor dos cabelos, o corpo esbelto, a única diferença, são as asas.

Meu pai me olhou com olhos arregalados, abismado.

— Isso mesmo, ASAS! A gravura está desbotada, mas são nítidas as asas e são cor de rosa. Os escritos narram que, ela se tornou a Luna e toda a Alcateia prosperou, os enfermos foram curados, até que não houveram mais. As plantações prosperaram e todos se alimentavam bem. A convivência era pacífica.

" Mas em toda alcatéia, tem sempre uma maçã podre.

Quando engravidou de seu primeiro filho, tentaram raptá-la, queriam o bebê para vendê-lo e também a ela, para lhe roubarem os poderes.

Não consta nos escritos, como se deu o fato, nem como ela conseguiu escapar, só diz que ela sumiu e quando o bebê nasceu, ela voltou e entregou-o ao pai. Depois foi embora e nunca mais voltou. Ninguém sabe para onde foi.

Derick

Depois de tudo, achei minha fêmea muito cansada e sem pedir permissão, peguei-a no colo, pedi licença ao Nestor e levei-a para o quarto, coloquei-a na cama já dormindo. Cobri com o edredom, as noites ficaram frias e saí para conversar com Nestor, que ainda estava na sala, esperando. Com certeza, tem muitas perguntas a fazer.

Nestor estava esperando, sentado, mas impaciente, com os cotovelos apoiados nas pernas, as mãos juntas, apoiando o queixo, movendo um dos pés, como um tique nervoso. Sentei-me a sua frente e o encarei. Esperei ele olhar para mim e falar primeiro, estávamos os dois impactados, sem saber direito que conclusão tirar de tudo isso.

A campainha tocou e entrou pela porta, o mestre Túlio.

— Bom fim de tarde, meu Alfa, beta Nestor, acho que cheguei na hora certa. — Chegou sorridente e trazendo um livro nas mãos.

— Se achegue, mestre e sente-se — acenei para Afonso, que estava à porta e pedi que trouxesse um chá.

— O que o traz aqui ou o que trouxe para nós, mestre Túlio? — perguntei, sem reservas.

Mestre Túlio riu com vontade, ele sabia que estávamos curiosos por suas declarações.

— Meu alfa é esperto. Trouxe um livro de registros muito importante, para que vejam. Esse livro foi pesquisado a alguns anos atrás, pela nossa Luna — Esticou o livro para mim.

Peguei-o e chamei Nestor para sentar ao meu lado e olharmos juntos o livro. Quando abri, vi que tinha uma marcação quase no final das páginas. Fui direto para lá e quando abri, vi aquela imagem linda. Parecia minha Lizandra, cabelos ao vento, asas levantadas, etérea...

Notei que Nestor também estava hipnotizado pela imagem linda.

No rodapé, discorria sobre a imagem: Luna da Alcateia Lua Azul, companheira do Alfa Desmond Cavelier, amada e estimada, Leonora dos Anjos Cavelier.

Todos ficaram calados, como em reverência aquela figura tão bela.

Nestor foi o primeiro a sair do transe, para perguntar:

— Você sabia esse tempo todo e não falou nada, mestre, por quê? — Era nítida sua revolta.

Virou-se para o mestre Túlio, com lágrimas nos olhos, sentimentos tumultuados expressos em seu rosto. Tive dó dele, até eu, estava sentindo remorso por tudo que fiz a Lizandra e sua mãe. Por ter sido omisso nessa situação e não ter feito o que minha fêmea fez: investigar. Fomos muito emotivos e concluímos rápido demais sobre aquela situação.

— Não falei nada, porque não estava no meu direito, o segredo era da família, cabia a Lizandra contar e ela preferiu guardar para si — respondeu o mestre, com voz mansa e humilde, como sempre.

Também estava sentado na poltrona, com os cotovelos apoiados nas pernas e olhando compadecido para Nestor.

— Mas porque ela não contou nada, devia ter me procurado e mostrado tudo isso. — reclamou Nestor.

— Você teria ouvido? Ela não podia nem andar na mesma rua que você, que você logo a xingava e ordenava que saísse ou a atravessava. Presenciei duas tentativas dela de se aproximar e você a rechaçou. — justificou mestre Túlio.

— Mas agora que sabemos que havia uma ancestral de Nestor, com a mesma aparência de minha companheira, porque só depois de quatro gerações, nasceu alguém com tal semelhança? — Interrompi a discussão que não levaria a nada, estava curioso sobre toda essa situação.

Mestre Túlio respondeu:

— Pelo que pesquisei, todos os descendentes que vieram após o filho de Leonora, foram homens. Só agora, nasceu uma menina que veio na essência de sua tataravó.

— OOOHHHHH!!!

Exclamamos, Nestor e eu. Está explicado, minha Luna é descendente pura de Leonora Cavelier. Mas ainda resta uma questão. Perguntei:

— Agora que esclarecemos o porque de Nestor ter uma filha ruiva, quando os pais são morenos, a questão que ficou é: quem é Leonora dos Anjos, a mulher que casou com Desmond Cavelier? — Olhei para meus amigos e nenhum deles expressou saber de algo sobre o assunto.

— Vocês ainda não viram a loba de minha Luna, ela é linda, tem cores diferentes, rosa, branco e azul e tem asas, como os anjos. — O espanto continuou refletido em seus rostos.

— E tem mais, os calombos que tem nas costas de Lizandra, também são asas, só não sei se são de penas, só vi um pouquinho, quando ela... Deixa pra lá... Assim que ela estiver mais descansada, pedirei que ela mostre sua outra forma para vocês.

— Pensei que ela nem havia se transformado, ainda, que era uma ômega, quase humana. — disse Nestor.

— Eu também, mas tomei um susto quando sua loba linda surgiu. Entendi porque ela nunca deixou que ninguém a visse, iriam descriminar mais ainda. — concluí.

Mais populares

Comments

ARMINDA

ARMINDA

SÃO UMS IDIOTAS A LOBA JA PASSEAVA A NOITE TODA POR AI.🤭🤭🤭🤭🤭

2024-04-23

4

Marcia Gomes muchny

Marcia Gomes muchny

colocar fotos autora fica mais legal ainda por favor

2024-01-08

10

Michelly De Jesus

Michelly De Jesus

cadê as fotos??????/Heart//Heart//Heart//Heart//Heart/

2024-01-06

2

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!