Derick
Temos uma Alcateia vizinha, cujo Alfa não se conforma por vencermos toda a concorrência e ele ficar com seus produtos encalhados, tendo que ir de feira em feira, nas cidades vizinhas para vender. Por isso, treino meus homens para estarem sempre vigilantes.
Também treino bastante, mandei construir uma academia especial para treinarmos. Tem aparelhos de musculação e um ring para treinos de luta. Gosto de ser prevenido, mas aqui, só treinam homens, as mulheres têm outra função.
Passei um tempo ali e fui para casa, o dia foi proveitoso, mas ainda tenho alguns documentos para examinar no escritório.
Afonso abre a porta antes mesmo de eu chegar.
— Boa tarde, Alfa. — cumprimentou, com sua voz grossa.
— Boa tarde, Afonso, vou para o escritório, só atendo se for muito urgente. — Avisei.
— Sim, Alfa. Levarei-lhe um lanche. — Ele está sempre um passo a frente, eficiência em pessoa.
— Obrigado, Afonso.
Agora é só burocracia, fazer o quê, trabalho necessário.
Lizandra
Mal percebi a chegada do Alfa e já estava sendo arrastada morro abaixo. Não me deixou explicar que estava em um intervalo de trabalho e pelo jeito, não me deixaria falar nada, agora e nem nunca.
É hoje que levo uma surra, quando chegar em casa. Pior é que tô morrendo de fome e pelo visto, tem alguma coisa que ele quer que eu faça. Essa noite não vou poder privar Rose de caçar, precisamos nos alimentar.
Ele me arrastou até a estufa nova e me parou em frente ao mestre Túlio, um homem cheio de experiência e sabedoria, que está sempre cuidando das plantas e ervas que servem a nossa subsistência e também para o comércio externo. Muito respeitado, sábio, bondoso, tranquilo e sempre com um sorriso no rosto, perguntou ao Alfa Derick.
— O que está fazendo com a menina, meu Alfa?
— Aqui está a sua mais nova ajudante, põe ela para trabalhar de manhã à noite, ninguém fica sem trabalhar nessa Alcateia.
Largou o meu braço e massageei a área dolorida.
Só depois que ele se foi, resmungando, é que mestre Túlio falou comigo.
— Então, Lizandra, o que houve dessa vez? — perguntou, supondo que eu não estava atoa sem motivos. Mas o que estranhei, foi ele saber e lembrar do meu nome.
Olhei para ele curiosa e perguntei:
— O senhor se lembra do meu nome?
— A pergunta certa seria: o que eu não sei? Já lembrar, é outra coisa... Venha criança, vou lhe dar algo para comer, você não vai fazer muita coisa, com esse estômago roncando de fome.
Me encolhi com vergonha, realmente, o meu estômago estava roncando. O segui para os fundos da estufa, onde tinha uma cozinha pequena, com pia, frigobar, microondas, balcão e uma pequena mesa com dois bancos.
— Responda criança, o que você aprontou agora, ou melhor, o que aprontaram com você? — perguntou novamente, colocando um prato coberto no microondas.
Sentei no banco, olhando para baixo, coloquei as mãos sobre a mesa, cutucando os dedos e pensando se devia contar, mas olhando para sua bondade, confiei e contei:
— Bem... Estava costurando, quando alguns fregueses da minha mãe entraram e enquanto ela foi pegar as encomendas deles, começaram a implicar comigo. Como não respondi, me empurraram, caí do banco e começaram a me chutar. Me arrastei rápido, engatinhando, levantei e corri pela porta dos fundos, subi o morro e sentei, esperando eles saírem para eu poder voltar. Mas como pode ver, não deu tempo, — soltei um suspiro cansado e olhei para o mestre. — O Alfa chegou antes.
O microondas apitou, ele abriu e pegou o prato, destampou, colocou a tampa na pia e o prato em minha frente, buscou uma colher na gaveta do gabinete da pia e entregou-me.
— Coma criança, você está precisando. — falou, me olhando com um sorriso gentil.
Buscou uma garrafa d'água no frigobar, despejou nos dois copos que estavam sobre a mesa e me deu um. Sentou-se à minha frente, bebendo a água do outro copo e sem comentários sobre minha situação, começou a explicar o que eu iria fazer.
Comi com vontade, quando acabei, ele me mostrou as mudas que precisavam ser separadas para o plantio e onde seriam plantadas, me deixou trabalhando e saiu, avisando antes:
— Preciso dar uma saída, mas já volto.
Por um instante fiquei parada, olhando para suas costas, saindo e analisei tudo que aconteceu. No final, não foi tão ruim assim, para mim. Trabalhar com a minha mãe era terrível e ainda tinha que aguentar aqueles fregueses.
Olhei à minha volta e vi que era tudo arrumado e harmonioso. A quietude do lugar aquietava a minha alma, tudo estava tranquilo e em paz. Até o grosseiro do Alfa voltar, desfrutarei desta solidão abençoada.
As mudinhas parecem que estão me pedindo socorro, pois querem espaço para crescer. Me sinto tão em comunhão com elas, que parece que podemos conversar como boas amigas.
Derick
Como Alfa, tenho muito trabalho, mas também tenho uma equipe que me ajuda muito. Meus betas: Carlos e Nestor, são da época de meu pai e muito os estimo, são os principais administradores.
Os outros três que me ajudam no controle dos trabalhos, são amigos que cresceram comigo, temos quase a mesma idade, 90 anos, com carinha de 25. As mulheres gostam da gente, estamos sempre saciados, se é que me entendem... Dou um sorriso de lado, lembrando da última.
Nos últimos tempos, tenho sentido falta da minha companheira, meu lobo Thomas, está bem agitado e não quer pegar mais nenhuma loba que não seja sua companheira. Tenho a impressão de que ela está por perto, mas só vou ter certeza na noite da lua azul. Por esse motivo, estou mais irritado que o normal.
Cheguei ao escritório, vou pôr em dia a papelada. Espero que aquela esquisita dê conta do serviço e não atrapalhe o mestre Túlio. Ele precisa de ajuda e não de mais trabalho. Não sei se foi uma boa ideia, levá-la pra lá, mas foi o que deu para arranjar.
Terminei meus afazeres e fui descansar, ainda pensando em como será minha companheira, mas na mesma hora me veio à mente, a esquisita.
Que raiva!
Por quê justo a imagem dela, foi que veio à minha mente? Só quero sonhar um pouco, acordado, e não ter um pesadelo. Nestor devia tê-la matado logo ao nascer, assim não teríamos que olhar para aquela aberração, todos os dias.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Elisa Raquel Antunes
Que horror, quanta maldade
2024-08-29
3
Elenita Ferreira
Será que são companheiros???)
2024-08-21
2
Ariane Sales Gerber
Se ela tiver vergonha na cara e o alfa for o seu companheiro ela rejeita ele e de quebra vai para outra alcatéia onde tenha um alfa de verdade.😡🤬
2024-08-13
9