Capítulo 5. Luz Rosa

Lizandra

O mestre respondeu:

— Olhe com seus próprios olhos, Alfa! — falou, mostrando com o braço estendido, as verduras já crescidas nos canteiros.

— Uau!!!!!

Com as mãos na cintura, os olhos arregalados e a boca aberta, ele olhava para os canteiros, parecendo não acreditar no que via.

— Como se deu isso? O que vocês fizeram pra isso acontecer? Tá parecendo milagre? — Foram várias perguntas, para algo tão mágico.

— É isso que estávamos comemorando, meu Alfa, é um milagre! — exclamou o mestre todo empolgado, enquanto eu, devagarinho, fui chegando para trás, me afastando deles, indo em direção a porta da estufa.

— Onde você pensa que vai, esquisita? Quero saber como vai o seu trabalho, venha cá.

Esse Alfa não larga do meu pé, o que ele vai me arrumar agora?

— Sim, alfa Derick, o que posso fazer pelo senhor? — perguntei, muito a contra gosto.

— Você? Nada. O que pode vir de bom, de você? Basta fazer o que te mandarem e já tá de bom tamanho — virou-se para o mestre e perguntou :

— O que ela fez ontem, mestre?

O mestre riu e se aproximando de mim, passou o braço sobre meu ombro, em um leve abraço, me olhou sorridente e disse:

— Foi ela quem plantou todos esses canteiros novos. — Olhou para a cara do alfa, sorrindo feliz, enquanto eu baixei a cabeça, encolhendo-me mais ainda.

Eu estava vestindo um short remendado e uma blusa grande de malha, encardida pelo tempo, por isso estava com muita vergonha. Ele nunca me respeitará, vestida assim.

— Quer dizer que fiz bem em trazê-la?! Ótimo, pelo menos, agora, ela presta para alguma coisa. — falou o arrogante Alfa, todo poderoso e grosso.

Tinha que tomar para si, a responsabilidade do bom trabalho, como faz todo homem machista. Ainda bem que falou e saiu logo, dizendo que ia chamar o Jimi para ajudar a colher o que já estava no ponto e ligaria para os comerciantes, pra confirmar a entrega.

Olhei para o mestre, que continuou me abraçando e tranquilizou-me.

— Não ligue para toda aquela braveza, querida, quando ele encontrar sua companheira, ele se acalma. — falou a voz da sabedoria, mas eu duvido que aquela grosseria passe.

— Tomara que seja logo, ou qualquer hora dessas, eu taco a enxada na cabeça dele. — Tentei disfarçar minha incredulidade.

— Eu bem que gostaria de ver isso, pequena.

Mestre Túlio deu uma bela gargalhada e, em seguida, ouvimos um xingamento e ao olharmos para o Alfa, vimos ele pegar uma pedrinha no chão, passando a mão na cabeça, intrigado. O mestre me olhou, sério e voltou a olhar para o Alfa, que continuou seu caminho, resmungando.

— Cuidado, menina, quem brinca com fogo, faz xixi na cama e quem irrita o Alfa, perde a cabeça.

Continuei quieta, afinal, eu não fiz nada de mais, aquele Alfa que é irritante.

Os dias se passaram, a agitação era geral com os preparativos da festa e também, com o progresso da horta e a venda das verduras frescas.

Estávamos prosperando, as plantações cresciam "milagrosamente" e o Alfa Derick estava muito feliz, pois significava crescimento na venda de produtos e consequentemente, melhorias para a Alcateia.

As pessoas vinham ver a horta, eu me escondia, pois não queria chamar a atenção de ninguém, na verdade, queria ser invisível e mestre Túlio me entendeu.

Comecei a plantar outras sementes diferentes, na estufa e quando não tinha ninguém por perto, passava a mão sobre elas e observei que a magia que fluía cada vez mais forte, era cor de rosa, parecia a cor  dos pelos de Rose.

Me pergunto se esse poder vem dela.

—" Não, não sei de onde vem." — Respondeu Rose, intrometida.

Assim, a magia fazia o seu efeito a partir da semeadura e não era necessário mais nada. Diferente do pomar, que só comecei nas plantas já adultas. Foi um alívio, perceber que era magia simples e eficaz e não precisava grandes movimentos, nem recitar palavras e mantras dificeis, era tudo muito discreto.

A festa é amanhã à noite, haviam preparado muita comida e bebida. Os homens caçaram e as mulheres, enfeitavam a vila e a floresta, além de fazerem os quitutes que inundavam o ar, com um aroma delicioso.

Tudo ficou muito lindo!

No centro da Alcateia, foi montado um pequeno palco, onde o Alfa receberia sua confirmação da lua azul, através dos anciões e consequentemente, seus poderes aumentariam e ele reconheceria sua companheira.

As jovens estavam em polvorosa, fizeram vestes novas, estavam cuidando das unhas, cabelos e provavelmente estariam bem maquiadas, mas nada disso adiantava, pois a companheira era reconhecida pelo odor que só o seu companheiro reconheceria.

Eu não tinha ilusões quanto a encontrar meu companheiro, mesmo porque, não teria coragem de me transformar na frente de todos. Torço para que ninguém me pergunte nada e que nem notem minha presença.

Não vi minha mãe em nenhum desses dias passados, mas desde que comecei a trabalhar no pomar, tinha sempre comida pronta e até algumas roupas feitas por ela com sobras de retalhos, me esperavam sobre a cama.

Hoje, já terminei meu trabalho, estão as semeaduras todas prontas e em breve, teremos variedade de legumes, além das hortaliças que já estão viçosas e já são colhidas para vendermos.

Fui para casa, jantei e arrumei tudo. Já escureceu, então vou aproveitar o tempo livre e que todos estão envolvidos nos preparativos da festa, para andar na floresta e tomar um banho nas águas refrescantes do lago.

Não liberei a Rose, pode ser perigoso. Fui andando até o lago, tirei a roupa e mergulhei nas águas calmas, refrescando meu corpo cansado e suado do trabalho. Estava uma delícia e não sei quanto tempo fiquei, boiando, admirando a lua, quase totalmente cheia e azulada.

Ouvi barulho de folhas amassadas, desci o corpo para me esconder com as águas e olhei para as margens. Lá estava o alfa, não estava transformado, me olhava, mas com certeza, não me enxergava com clareza, pois, apesar da lua bem clara no céu, eu estava na sombra das árvores que margeavam o lago.

— O que faz aqui sozinha? — perguntou, procurando por mais alguém.

— Qual o problema? — perguntei. Afinal, o lago era público.

— Você não tem medo de ficar aqui sozinha? Algum lobo pode aparecer e lhe fazer mal. — respondeu ele, mostrando preocupação.

— Quem faria mal a uma esquisita? — Me arrependi assim que falei. Ô boca descontrolada

Ele riu alto.

— Tem razão, quem desejaria uma mulher feia, maltrapilha, que nem consegue se transformar em sua loba? Tudo bem, fique a vontade, não vou mais te atrapalhar. — parou de se preocupar ao descobrir que sou eu, é um idiota, mesmo

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Comments

Joselia Freitas

Joselia Freitas

Quando ele descobrir que ela é a companheira dele ele vai tratar ela tão mal, 😡😞

2024-05-24

2

Eliane Renata de Oliveira Oliveira

Eliane Renata de Oliveira Oliveira

gostaria muito de ver os personagens !

2024-05-19

0

ARMINDA

ARMINDA

MUITO IDIOTA 🤨🤨🤨🤨🤨

2024-04-23

4

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