Lizandra
O mestre respondeu:
— Olhe com seus próprios olhos, Alfa! — falou, mostrando com o braço estendido, as verduras já crescidas nos canteiros.
— Uau!!!!!
Com as mãos na cintura, os olhos arregalados e a boca aberta, ele olhava para os canteiros, parecendo não acreditar no que via.
— Como se deu isso? O que vocês fizeram pra isso acontecer? Tá parecendo milagre? — Foram várias perguntas, para algo tão mágico.
— É isso que estávamos comemorando, meu Alfa, é um milagre! — exclamou o mestre todo empolgado, enquanto eu, devagarinho, fui chegando para trás, me afastando deles, indo em direção a porta da estufa.
— Onde você pensa que vai, esquisita? Quero saber como vai o seu trabalho, venha cá.
Esse Alfa não larga do meu pé, o que ele vai me arrumar agora?
— Sim, alfa Derick, o que posso fazer pelo senhor? — perguntei, muito a contra gosto.
— Você? Nada. O que pode vir de bom, de você? Basta fazer o que te mandarem e já tá de bom tamanho — virou-se para o mestre e perguntou :
— O que ela fez ontem, mestre?
O mestre riu e se aproximando de mim, passou o braço sobre meu ombro, em um leve abraço, me olhou sorridente e disse:
— Foi ela quem plantou todos esses canteiros novos. — Olhou para a cara do alfa, sorrindo feliz, enquanto eu baixei a cabeça, encolhendo-me mais ainda.
Eu estava vestindo um short remendado e uma blusa grande de malha, encardida pelo tempo, por isso estava com muita vergonha. Ele nunca me respeitará, vestida assim.
— Quer dizer que fiz bem em trazê-la?! Ótimo, pelo menos, agora, ela presta para alguma coisa. — falou o arrogante Alfa, todo poderoso e grosso.
Tinha que tomar para si, a responsabilidade do bom trabalho, como faz todo homem machista. Ainda bem que falou e saiu logo, dizendo que ia chamar o Jimi para ajudar a colher o que já estava no ponto e ligaria para os comerciantes, pra confirmar a entrega.
Olhei para o mestre, que continuou me abraçando e tranquilizou-me.
— Não ligue para toda aquela braveza, querida, quando ele encontrar sua companheira, ele se acalma. — falou a voz da sabedoria, mas eu duvido que aquela grosseria passe.
— Tomara que seja logo, ou qualquer hora dessas, eu taco a enxada na cabeça dele. — Tentei disfarçar minha incredulidade.
— Eu bem que gostaria de ver isso, pequena.
Mestre Túlio deu uma bela gargalhada e, em seguida, ouvimos um xingamento e ao olharmos para o Alfa, vimos ele pegar uma pedrinha no chão, passando a mão na cabeça, intrigado. O mestre me olhou, sério e voltou a olhar para o Alfa, que continuou seu caminho, resmungando.
— Cuidado, menina, quem brinca com fogo, faz xixi na cama e quem irrita o Alfa, perde a cabeça.
Continuei quieta, afinal, eu não fiz nada de mais, aquele Alfa que é irritante.
Os dias se passaram, a agitação era geral com os preparativos da festa e também, com o progresso da horta e a venda das verduras frescas.
Estávamos prosperando, as plantações cresciam "milagrosamente" e o Alfa Derick estava muito feliz, pois significava crescimento na venda de produtos e consequentemente, melhorias para a Alcateia.
As pessoas vinham ver a horta, eu me escondia, pois não queria chamar a atenção de ninguém, na verdade, queria ser invisível e mestre Túlio me entendeu.
Comecei a plantar outras sementes diferentes, na estufa e quando não tinha ninguém por perto, passava a mão sobre elas e observei que a magia que fluía cada vez mais forte, era cor de rosa, parecia a cor dos pelos de Rose.
Me pergunto se esse poder vem dela.
—" Não, não sei de onde vem." — Respondeu Rose, intrometida.
Assim, a magia fazia o seu efeito a partir da semeadura e não era necessário mais nada. Diferente do pomar, que só comecei nas plantas já adultas. Foi um alívio, perceber que era magia simples e eficaz e não precisava grandes movimentos, nem recitar palavras e mantras dificeis, era tudo muito discreto.
A festa é amanhã à noite, haviam preparado muita comida e bebida. Os homens caçaram e as mulheres, enfeitavam a vila e a floresta, além de fazerem os quitutes que inundavam o ar, com um aroma delicioso.
Tudo ficou muito lindo!
No centro da Alcateia, foi montado um pequeno palco, onde o Alfa receberia sua confirmação da lua azul, através dos anciões e consequentemente, seus poderes aumentariam e ele reconheceria sua companheira.
As jovens estavam em polvorosa, fizeram vestes novas, estavam cuidando das unhas, cabelos e provavelmente estariam bem maquiadas, mas nada disso adiantava, pois a companheira era reconhecida pelo odor que só o seu companheiro reconheceria.
Eu não tinha ilusões quanto a encontrar meu companheiro, mesmo porque, não teria coragem de me transformar na frente de todos. Torço para que ninguém me pergunte nada e que nem notem minha presença.
Não vi minha mãe em nenhum desses dias passados, mas desde que comecei a trabalhar no pomar, tinha sempre comida pronta e até algumas roupas feitas por ela com sobras de retalhos, me esperavam sobre a cama.
Hoje, já terminei meu trabalho, estão as semeaduras todas prontas e em breve, teremos variedade de legumes, além das hortaliças que já estão viçosas e já são colhidas para vendermos.
Fui para casa, jantei e arrumei tudo. Já escureceu, então vou aproveitar o tempo livre e que todos estão envolvidos nos preparativos da festa, para andar na floresta e tomar um banho nas águas refrescantes do lago.
Não liberei a Rose, pode ser perigoso. Fui andando até o lago, tirei a roupa e mergulhei nas águas calmas, refrescando meu corpo cansado e suado do trabalho. Estava uma delícia e não sei quanto tempo fiquei, boiando, admirando a lua, quase totalmente cheia e azulada.
Ouvi barulho de folhas amassadas, desci o corpo para me esconder com as águas e olhei para as margens. Lá estava o alfa, não estava transformado, me olhava, mas com certeza, não me enxergava com clareza, pois, apesar da lua bem clara no céu, eu estava na sombra das árvores que margeavam o lago.
— O que faz aqui sozinha? — perguntou, procurando por mais alguém.
— Qual o problema? — perguntei. Afinal, o lago era público.
— Você não tem medo de ficar aqui sozinha? Algum lobo pode aparecer e lhe fazer mal. — respondeu ele, mostrando preocupação.
— Quem faria mal a uma esquisita? — Me arrependi assim que falei. Ô boca descontrolada
Ele riu alto.
— Tem razão, quem desejaria uma mulher feia, maltrapilha, que nem consegue se transformar em sua loba? Tudo bem, fique a vontade, não vou mais te atrapalhar. — parou de se preocupar ao descobrir que sou eu, é um idiota, mesmo
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Maria Isabel Souza
a deusa podia dá a ela um companheiro de segunda chance e uma boa pessoa
2024-12-18
0
Maria Helena Macedo e Silva
seria bom se ela tivesse sido acolhida pelo o alfa vizinho e o tivesse feito prosperar. a arrogância do Derick teria fim.
2024-10-21
1
Elisa Raquel Antunes
E muito arrogante mesmo!
2024-08-29
2