Lizandra
O mestre Túlio saiu e não voltou mais, estou sózinha e com todo esse trabalho para fazer.
— " Tenta magia " ( essa é a Rose, minha loba, falando dentro da minha cabeça)
— " Não posso Rose, e se alguém aparece e vê eu fazendo isso? " — respondi, também dentro da minha cabeça.
— " Não seja medrosa menina, experimenta. "
— " Está bem, vai. Mas esteja preparada se precisar sair correndo. "
Mexi os dedos sobre as mudinhas e elas se separaram sozinhas, ficando enfileiradas sobre a bandeja de madeira. Peguei a bandeja e fui para o canteiro que já estava preparado. Me abaixei e mexi os dedos novamente.
As mudas saíram da bandeja, enfileiradas, e entraram, cada uma, em uma covinha que já estava pronta. Após todas estarem colocadas, larguei a bandeja no chão e fui apertando a terra em volta de suas raízes, com delicadeza. Eu não precisava fazer isso, mas caso mestre Túlio ou qualquer outro chegasse, era melhor me verem fazendo alguma coisa.
Dei um leve sorriso ao contemplar o trabalho feito. Finquei a vareta com o nome da espécie plantada, para podermos identificar o que já plantamos. Peguei a bandeja e voltei para a outra caixa de mudas. Estava acostumada a usar magia no pomar e as frutas estavam cada vez mais bonitas e cresciam bem rápido, mas ninguém sabia.
Levei as novas mudas, na bandeja, para o lado de fora, quando o mestre Túlio chegou.
— O senhor sumiu, que bom que voltou. — falei, mas estava mesmo era curiosa sobre onde ele foi.
— Precisei dar um recado, mas agora que cheguei, reparei que já completou um canteiro, você é rápida criança, que bom. Vou deixar você trabalhando com isso e vou montar os tubos de irrigação, estarei mais adiante, mas dará para você me ver. Qualquer coisa, é só me chamar.
— Está bem, mestre, vou continuar então — o vi sair, com um sorriso no rosto.
Fui em direção ao canteiro, esperei ele pegar alguns tubos e se distanciar, me abaixei com a bandeja, olhei em volta e mexi os dedos, novamente as mudinhas foram aos seus lugares, terminei de cobrir as raízes e voltei a pegar mais mudas.
Não sei de onde vem essa magia, mas é ótima com as plantas.
Assim, passei a tarde toda separando e plantando mudas e me divertindo muito. No final do dia, estavam quase todos os canteiros prontos. Já ia anoitecer e mestre Túlio finalmente voltou, olhou com gosto os canteiros, foi até o canto externo da estufa abrir um registro e imediatamente começou a esguichar pequenas quantidades de água, molhando os canteiros, sem encharcar.
— Ótimo trabalho, criança, já pode ir para casa, volte amanhã às 8 horas. — disse mestre Tulio, feliz.
No mesmo instante retezei o corpo, com medo. Não sabia o que me esperava em casa, já que saí sem avisar e sumi o dia inteiro. Com certeza, minha mãe teria um monte de serviço acumulado para eu fazer.
— Mas mestre, minha mãe não vai deixar, ela precisa de mim para ajudá-la com as costuras. — Expus minha situação.
Ele olhou para mim com aquele ar tranquilo, como se nenhum problema existisse.
— Não se preocupe, criança, descanse e não esqueça de comer. Quando sua mãe souber, que foi o Alfa que mandou, ela se acalmará. — falou ele, como se fosse simples assim.
Fui embora, preocupada com o encontro que terei com ela, é bem provável de eu levar uma surra.
Cheguei em casa e por sorte não vi minha mãe, tomei banho, coloquei um vestido velho e fui procurar algo para comer. Até me admirei ao chegar à cozinha, pois na mesa, tinha um prato coberto e um recado:
"Não sei que horas volto, coma, você precisa se alimentar para o seu novo trabalho. C."
Nossa!!!!
Minha mãe mandando eu me alimentar?!
Realmente foi uma grande surpresa. Mais surpreendente ainda, foi ela saber que agora tenho um trabalho fora de casa, porque dentro, eu já tinha e muito.
*
Acordei de madrugada, saí pela janela e fui para a floresta. Tirei o vestido, coloquei sobre um arbusto e deixei Rose sair, ela precisa se alimentar. Ela Correu, correu e senti que estávamos quase voando. Ela caçou uma lebre e comeu. Foi ao lago, próximo da cachoeira, bebeu água, voltei à forma humana e mergulhei.
Fiquei boiando, olhando a lua quase cheia, já se afastando, faltava pouco para o amanhecer. Saí do lago, voltei a soltar Rose, que estava mais que feliz e fomos embora. Chegamos no arbusto onde coloquei a minha roupa, voltei ao meu corpo humano, vesti-me e voltei para casa.
Fiz café e por incrível que pareça, tinha pão no armário, ovos, frutas e frios na geladeira. Coloquei a mesa, sentei, comi e saí.
Não vi a minha mãe, por isso, achei melhor guardar os perecíveis na geladeira e deixei o restante sobre a mesa, para ela tomar seu café.
Cheguei no trabalho ainda eram sete e meia, mas mestre Túlio já estava lá, admirando os canteiros. Quando me viu, deu um sorriso largo, quase uma risada.
— Veja criança, aconteceu um milagre!!!
Olhei os canteiros e todas as mudas tinham crescido, os canteiros que já haviam sido plantados, antes de mim, já podiam ser colhidos, eram verduras.
— Que maravilha, mestre! Deve ter sido a água ou foi mesmo um milagre! — disfarcei, não podia dar mancada de que fui que que usei magia.
— Seja o que for, mostra que o Alfa acertou em trazer você para trabalhar na horta.
Ele conseguiu me alegrar mais, estava eufórica, levantei meus braços e comecei a pular e dançar, segurei as mãos do mestre e o fiz dançar também, estávamos rindo e rodopiando como numa valsa. Comemorando a prosperidade, como se as plantinhas comemorassem conosco, também. Até que ouvimos uma voz grossa, com um tom aborrecido:
— Posso saber o que está acontecendo aqui?
Nos viramos para olhar, mas já sabíamos quem era. Só podia ser ele, o grosso do alfa Derick. Claro que paramos de dançar e a alegria virou seriedade em meu rosto e deixei o Mestre responder a pergunta do grosso.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Maria Isabel Souza
se eles souberem que a alcatéia próspera pra causa da coisinha como ele diz
2024-12-18
0
Maria Helena Macedo e Silva
porque não usava magia pra mãe não bater. e pra calar a mãe e quem viesse a menosprezar.
2024-10-21
1
Elisa Raquel Antunes
Amei, queria ter esse poder, pra usar em casa! kkkkkkk 😁😁
2024-08-29
1