Cap 17 Alice

A forma que Gabriel interrompeu nosso momento íntimo me deixou muito constrangida, confusa, como se ser virgem fosse um problema, por um momento achei que tivesse culpa, mas as coisas que ele diz, como se comporta, me faz pensar que estava tendo uma crise de culpa..., entendi que esconde algo muito grave, o que me fez sofrer antecipadamente, achei que ele fosse casado ou tivesse muito doente..., mas ele negou, garantiu que não é nada disso, ainda não entendo qual é o problema, tentei não chorar, mas é impossível segurar as lágrimas diante daquela situação.

Pra piorar, ele recebeu uma chamada de sua mãe, logo vi que era outro problema grave, só que com o pai e não faço ideia de como ajudá-lo, vi o quanto ficou angustiado, abalado, mas eu também estava abalada com a forma que me deixou..., quase não dormi em meio aos pensamentos confusos e as lágrimas, nem sei se ainda estamos juntos, não sabia que sofrer de amor doía tanto, o ruim é nem saber o motivo exato pelo qual estávamos nos afastando.

No dia seguinte, optei por não ligar, inventei para Marina que estava doente e não fui nem para a faculdade, passei o dia inteiro em casa sofrendo e pensando..., no segundo dia, tentei agir naturalmente, não queria explicar a ninguém o que estava acontecendo na minha vida.

Mas conforme os dias foram passando, pensei muito naquela conversa, nos acontecimentos, nas expressões de Gabriel..., entendi que se ele não é casado e me ama, porque lembro exatamente suas últimas palavras...,"a única verdade que importa é que eu te amo". Nem mesmo uma doença poderia nos separar, se é esse o caso, posso lidar com isso e apoiá-lo..., não vejo problema em nos amarmos e ficarmos juntos...,mas a única certeza que tenho é que precisamos conversar, esclarecer as coisas.

Já se passaram quase uma semana sem Gabriel dar notícias, não atendeu minha ligação, e não respondeu a mensagem de rosa..., desisti de tentar falar com ele por telefone, se resolveu me ignorar e esquecer que eu existo, também poderia fazer o mesmo, me esforcei muito para não cair na tentação de voltar a ligar.

Mas, depois de tantos dias, ele resolveu dar sinal..., chego da faculdade e tem uma rosa no canto da porta, tentei ser forte e ignorar sua presença através daquela flor, passei direto para dentro de casa batendo a porta, ainda estou muito magoada com seu sumiço..., depois de quase duas angustiantes horas, tentando não me iludir com aquele simples gesto, vou até a rosa e a pego..., sou muito burra, tô emocionada por senti-lo por perto, entendo como um pedido de desculpas, pode tá tentando falar comigo, só não tem coragem de vir na minha casa.

Cheiro a rosa e relembro da última vez em que esteve aqui, ele disse claramente que me amava, que era a única verdade que importava, ele repetiu muitas vezes..., penso em ligar ou mandar uma outra mensagem para dizer que aceito que venha a minha casa, mas acho que posso ir até ele e evitar ficarmos sozinhos...

Mereço saber o que tá acontecendo, ainda estou magoada, mas não consigo sentir raiva dele, na verdade só sinto saudades e tenho medo de fraquejar se ficarmos a sós nessa casa, me entregaria sem ouvir explicação nenhuma..., quero Gabriel, mas é melhor que essa conversa seja em outro lugar, serei forte e não vou ceder tão fácil, só quero muito ouvir o que tem a me dizer...

Depois de muito pensar, resolvo ir até a empresa procurar por ele pessoalmente, dona Glória pode me ajudar, ao menos ela é alguém que posso recorrer.

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Na manhã seguinte, fico com Noah até Marina voltar de uma reunião, peço para sair mais cedo e vou para o prédio em que Gabriel trabalha..., digo a recepcionista que preciso falar com dona Glória a pedido do sr Guilherme, advogado da empresa, a moça liga para a secretária e rapidamente recebo uma autorização. Sigo para o andar da presidência e dou graças por ela estar em sua mesa me esperando, assim que me vê, parece nervosa...

Glória:_ A-alice?..., bom dia..., o que faz aqui?

Alice:_ Bom dia, Dona Glória, preciso falar com Gabriel..., achei que a senhora poderia me ajudar....

Glória:_ E-eu?

Alice:_ Por favor, é importante, prometo que será rápido..., só preciso vê-lo..., sei que pode me ajudar.

Glória:_ Eu posso?..., acho que posso..., vem comigo..., vamos para a sala de reuniões..., e você, vai ficar lá quietinha, não saia de lá até eu voltar...

Alice:_ Tudo bem...

Ela me olha apreensiva, segura em meu braço me levando para uma grande sala, se não fosse tão boa e simpática, diria que está com pressa em tentar me esconder ou se livrar de mim, não entendi..., pode ser por causa de seu chefe, ele pareceu ser um homem severo e exigente, julgo pela forma que falou dele uma vez..., antes de deixá-la sair, pergunto preocupada, mas também tentando tirar alguma informação, nem sei o que aconteceu com o pai dele...

Alice:_ Sabe me dizer como ele está? E se, seu pai melhorou?

Glória:_ Ah..., já sabe sobre o pai dele?

Alice:_ Gabriel estava comigo quando..., quando recebeu a ligação..., só quero saber se estão bem.

Glória :_ Bom, ele..., não está bem, Alice..., infelizmente, Gabriel está passando por um momento muito delicado, o pai ainda está em coma..., o pobre mais parece um zumbi se revezando entre o trabalho, a família e o hospital, é ele quem apoia a mãe e as irmãs…, a essa hora deve está trancado no escritório se afundando em trabalho para esquecer os problemas, nunca tinha o visto tão abalado..., e ainda tem toda a empresa para adm...

Alice:_ EM COMA?..., ele deve estar sofrendo..., por isso não teve tempo de me procurar...

Glória:_ Ai..., meu Deus, eu e minha boca..., não sabia?

Interrompi sua fala a fazendo engolir as palavras, até parece que falou o que não devia e só percebeu por minha reação assustada..., pobrezinho, ele deve está limpando a sala do CEO, mesmo com todos esses problemas precisa trabalhar, seu chefe deve ser um carrasco insensível..., agora é que preciso mesmo vê-lo..., insisto para que ela o traga até mim...

Alice:_ Eu não sabia., mas agora fiquei muito preocupada..., quero vê-lo..., por favor dona Glória, pode traze-lo até aqui?, prometo que será rápido, seu chefe nem vai saber..., por favor..., estou angustiada..., eu sinto que ele precisa de mim...

Glória:_ Sim..., ele precisa..., tudo bem, Alice..., só não saia daqui, vou ver o que faço...

Respiro aliviada e um pouco ansiosa..., sabia que ele estava tendo problemas, toda mágoa que estava sentindo quando cheguei amenizou, sinto pena por sua situação com o pai, não vou ser mais um problema para ele..., agora, só quero vê-lo e dizer que pode contar comigo, depois conversamos sobre nós.

Dona Glória sai para buscar Gabriel, me distraio olhando a vista da cidade pela grande janela de vidro..., assim que ouço alguém entrar, penso que ela foi rápida demais, me viro para falar com Gabriel..., o sorriso de felicidade em pensar que era ele, se desfazem em segundos dando lugar ao ódio, ao pânico..., minhas pernas pesaram e não consigo sair do lugar de tão nervosa que fiquei..., mal consigo perguntar pela surpresa...

Alice:_ Ro-robson?..., o que faz aqui?

Robson:_ Deve ser meu dia de sorte..., o que você faz aqui caipira?..., não fala, já entendi, quer terminar o que começamos...

Ele vem com tudo pra cima de mim, tento correr e sair da sala, mas ele me agarra sem dar chance de me defender..., de novo encurralada na parede por esse doente e agora ele imobilizou as minhas pernas com as dele, forçando de um jeito que me faz sentir dor..., pra piorar, estou de vestido...

Ele usa uma das mãos pra tapar minha boca..., meus olhos se enchem de lágrimas e faço uma oração silenciosa para que alguém apareça...

Robson:_ Só pra informar você, essa empresa também é da minha família e aqui, ninguém vai ajuda-la..., vou dizer que você veio atrás de mim, que se oferece como uma vagabunda..., não tem ideia do que o dinheiro pode fazer, caipira gostosa..., adorei esse vestido...

Robson começa a beijar meu pescoço e apertar meus seios..., tento me soltar..., oro para Gabriel aparecer, mas parece que até dona Glória sumiu..., o maldito aperta ainda mais meu corpo contra a parede..., tento gritar mesmo com a boca sendo esmaga por sua mão..., ele continua com as investidas, me desespero quando ele começa a deslizar a mão para baixo do meu vestido, fecho os olhos reunindo toda força para empurra-lo, mas recebo um tapa no rosto...

Robson:_ Quieta piranha..., só vou te fazer um favor, aposto que nunca sentiu um homem aqui...

Fecho os olhos com mais força tentando reprimir o ódio, o nojo, não seguro mais as lágrimas ao sentir sua mão por cima da minha calcinha, tentando afasta-la..., em uma fração de segundos, só sinto Robson me soltar de uma vez, como se tivesse sido puxado com violência , ouço um barulho de soco e o maldito doente caindo sobre uma cadeira...

Késsid:_ TIRA AS MÃOS DA MINHA MULHER SEU MOLEQUE DESGRAÇADO!

Robson:_ Tio?...

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