Cap 6 Alice

Não prolongo a conversa, não quero parecer muito interessada para ele não pensar mal de mim, vai saber o que se passa na cabeça desses homens de cidade grande..., apesar dos meus receios, me agrada suas respostas, fico relendo..., ele é bem direto, mas ao menos é gentil, sempre pergunta se pode ou não algo, totalmente diferente daquele idiota da faculdade..., estou gostando da nossa amizade, de como Gabriel me trata e quando encerro a conversa ele não fica insistindo, só espero que não mude.

No dia seguinte, não foi diferente, ainda mais com a ótima notícia de logo cedo, Marina e Guilherme fizeram as pazes e decidiram morar juntos..., a partir daí, começamos a organizar sua mudança para a casa de seu futuro marido..., o dia foi tão cansativo que acabei ligando para Gabriel e adiando nosso encontro, estava exausta, e como das outras vezes, ele foi muito compreensivo, aceitou adiar nosso encontro, isso conta pontos a seu favor.

Na manhã seguinte, terminamos de embalar as últimas coisas de Marina e lá pelas 11h levaram tudo..., já sinto falta dela e de Noah, se ontem estava me sentindo só, hoje piorou ainda mais, estou literalmente sozinha..., minha amiga até me convidou para ir com eles, mas não quero atrapalhar esse momento dos três, seguirei aqui e trabalhando como babá de Noah em horário combinado.

Aproveitei e remarquei com Gabriel, de hoje não passa, vamos nos encontrar..., após chegar da faculdade, tomo um banho, escolho uma roupa comportada, me perfumo e no horário combinado vou para uma lanchonete próximo de onde moro, lhe mandei o endereço pela manhã...., acho muito cedo para levá-lo em casa, ainda mais agora que estou morando sozinha.

Chego antes dele, ocupo uma das mesas e fico esperando..., uns dez minutos depois ele chega, perece até que veio correndo, ainda veste a farda do trabalho, mas olhando mais de perto e com mais calma, ele é um homem lindo.., levanto para nos cumprimentar...

Kessid:_ Alice..., oi...

Alice:_ Oi, Gabriel.

Kessid:_ Você está linda..., isso é para você.

Alice:_ Uma rosa..., obrigada...

Muito gentil da parte dele trazer uma linda rosa..., tão perfumada..., isso demonstra que ele se importa com o que falei..., sentamos frente a frente...

Kessid:_ Já pediu alguma coisa?

Alice:_ Não, estava esperando você chegar para pedirmos juntos...

Ele sorrir e fica ainda mais bonito..., mas sinto que tem algo estranho..., acho que não devia, mas não resisto em perguntar...

Alice:_ Tem certeza que quer ficar?... Você parece cansado, podemos vir outro dia se quiser..., tá tudo bem mesmo?

Depois de tantos contratempos, quando finalmente nos encontramos, eu solto uma dessas..., que idiota Alice..., o bom é que ele não pareceu se incomodar, apenas sorrir e responde se justificando, mesmo assim, sinto que sua expressão não é por cansaço, é como se algo o preocupasse, não sei...

Gabriel:_ Tá tudo bem..., só estou um pouco cansado..., vim direto do trabalho e o ônibus estava lotado..., tive que descer antes da parada, corri para chegar no horário..., sabe como é..., achei que estava atrasado.

Alice:_ Eu entendo..., mas, tem certeza que é só isso?..., é que você parece um pouco preocupado...

Kessid:_ Impressão sua, só estou mesmo cansado do trabalho..., mas e você?... o que fez todos esses dias?

Alice:_ Ah..., nada demais..., trabalho, curso..., a semana foi bem corrida como te falei...

Não vou falar que estou morando sozinha, afinal, Gabriel ainda é um estranho, vai que ele pense que pode ter liberdades, o certo é nos conhecermos um pouco mais..., minha mãe sempre me disse que preciso testar a paciência do homem que demonstrar interesse e dificultar um pouquinho, que se for sério, ele vai saber esperar e respeitar meus limites..., até aqui meu novo amigo está se saindo bem.

Kessid:_ Eu entendo, meus dias também não foram fáceis..., mas finalmente você está aqui comigo... estou feliz em revê-la.

Alice:_ Eu também...

Ele fala tocando minha mão, nossos olhos se encontram, respondo sem pensar..., mas agora me sinto um pouco nervosa, um silêncio se faz e fico sem saber o que fazer, baixo a cabeça e puxo a mão depositando-a sobre minhas pernas, pensando se fui direta demais..., ele toma a iniciativa, pega o cardápio sobre a mesa, conduzindo bem a conversa, aos poucos vai quebrando minha timidez, já consigo me sentir mais a vontade...

Pedimos dois sanduíches , uma porção de batatas, algo para beber..., enquanto aguardamos o pedido, seguimos falando e quando os sanduíches são servidos, ele olha de um jeito engraçado, como se fizesse muito tempo que não come um desses ou talvez só esteja lembrando de alguma coisa..., não vou perguntar.

Retomamos uma conversa agradável..., ele faz várias perguntas sobre mim, falo dos meus pais, dos meus irmãos, do lugar onde nasci e cresci, um pouco da minha educação um tanto tradicional, logo ele entende meu comportamento..., tento não parecer tão conservadora, afinal sou uma mulher conquistando a independência, já me sinto bem moderna..., e já que ele pergunta tanto, também tenho minhas curiosidades a seu respeito...

Alice:_ E você?..., me conta um pouco da sua família.

Késsid:_ Não tem muito para falar..., meus pais são muito presentes, amorosos..., tenho duas irmãs: Sandra é a mais velha, é mãe dos meus dois sobrinhos, e Keila é a mais nova deve ter a sua idade, estuda artes cênicas..., somos muito unidos..., sou muito dedicado ao meu trabalho..., gosto do que faço e sou solteiro..., acho que basicamente é isso.

Alice:_ Mora com seus pais?

Késsid:_ Não..., moro sozinho, mas os visito sempre, então é como se ainda não tivesse saído completamente da casa deles.

Ele realmente parece ser um cara legal, tranquilo, esforçado e família..., esse encontro mais parece aqueles encontros de agências de casais..., estou cada vez mais encantada com ele, só espero que seja tudo verdade..., poderia conseguir algumas informações sobre Gabriel com dona Glória ou posso pedir ao doutor Guilherme para descobrir algo, ele é amigo do sr Késsid Montenegro, não seria difícil conseguir informações..., acho que é exagero, vou dar esse voto de confiança, ele parece ser muito sincero, de qualquer forma, não teria coragem de incomodar ninguém com esse assunto.

Terminamos o nosso lanche, já está ficando tarde e preciso ir para casa, acho que algumas das regras de meu pai enraizaram..., e esse é nosso primeiro encontro oficial, com certeza teremos outros...

Alice:_ Nem vi o tempo passar..., preciso ir Gabriel e acho que você também..., trabalha amanhã cedo, não é?

Késsid:_ Sim..., mas, se me permitir..., posso acompanhá-la até sua casa?

Alice:_ É claro..., acho que não tem problema, se não for incômodo para você.

Kessid:_ Será um prazer Alice.

Ele é muito gentil, um verdadeiro cavalheiro..., caminhamos até minha casa, paramos na frente..., é hora de nos despedir e depois de tanta conversa, um silêncio constrangedor, novamente não sei o que fazer ou dizer, ao menos da minha parte..., Gabriel é muito seguro, ta com um olhar que me deixa sem graça..., eu gosto da sensação de como me olha mas fico sem palavras..., ele passa a costa da mão em meu rosto.

Késsid:_ Fica ainda mais linda assim..., tímida..., com o rosto rosado...

Baixo o olhar, tento me concentrar na linda rosa que ganhei, para me tranquilizar, agora fiquei ainda mais desconsertada..., ele leva a mão até embaixo do meu queixo e levanta meu rosto para o encarar..., minha respiração tá agitada, mas tento parecer calma..., nem percebi a proximidade... Agora, além de tímida, estou nitidamente nervosa, já teria saído correndo, mas não consigo me afastar...,meus olhos se prendem aos dele, e nem me dei conta do quão séria minha expressão ficou..., ele fala com uma voz que me atrai...

Kessid:_ Sinto falta do seu sorriso..., essas covinhas que se formam em seu rosto é como uma obra de arte e não canso de admirá-las..., você é linda Alice..., linda...

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