Cap 9 Késsid

Confesso que tô cansado de mulheres interesseiras, mas não de conquistar mulheres sem me importar com sentimentos..., comecei essa história com Alice apenas por acha-la atraente, por seu sorriso..., mas quando me deparei com toda aquela inocência queria testa-la; e motivado pelo desafio da aposta, tudo pareceu ainda mais excitante..., talvez por puro capricho, não sei exatamente o que tanto me motivou.

Fato é que, depois de algumas semanas, não quero admitir nem para dona Glória e nem para mim mesmo que Alice tem despertado uns sentimentos que tento reprimir, uma visão diferente do que tinha como certo, não sei explicar..., não entendo o que ela vê em Gabriel, um simples faxineiro, que só pode pagar um sanduíche na mesma lanchonete barata, lhe dar rosas ou sentar num banco de praça..., nada de restaurantes ou presentes caros, ela parece gostar disso, mas também não me dá sinais de que posso avançar...

Contudo, já percebi que esse comportamento não tem relação com dinheiro e sim com educação, princípios, chego a desconfiar que ela seja virgem ou finge tão bem quanto eu..., isso tá realmente me deixando confuso.

Em meio a nossa aposta, os últimos dias foram complicados, reuniões, viagens, pedi um pente fino em todo setor financeiro das lojas, contratei uma equipe para fazer algumas mudanças em diferentes setores..., tudo isso tem tomado meu tempo.

Mesmo com esse furacão de problemas, não tiro Alice da cabeça, não tenho conseguido encontra-la com a frequência que gostaria, nos primeiros dias, pensei que isso poderia prejudicar meus avanços com ela e que perderia a aposta por abandonar a nossa "cobaia"..., mas nas últimas semanas, me enganei..., percebo que ela sente minha falta e eu a dela, o que me faz ter cada vez mais dúvidas se continuo ou não com isso.

Me irrita ouvir as piadinhas de dona Glória cantando vitória cada vez que me ver olhando para o celular, relendo nossas mensagens completamente perdido, isso me faz forçar uma certeza dos meus julgamentos que não tenho mais, só para não deixar minha secretária pensar que estou perdendo.

E agora, que consegui organizar as coisas na empresa e estou com tempo para me dedicar a aposta, cheguei ao ponto de usar o trabalho como desculpa para me manter longe de Alice e não me sentir um completo mentiroso, tô tentando ignorar esse sentimento incontrolável em querer essa mulher para mim.

E por mais que eu tente evita-la, e tente não me envolver sentimentalmente, não consigo mais ficar tanto tempo distante, sempre dou um jeito de vê-la, de falar por telefone ou ler uma simples mensagem..., se tornou uma necessidade e estou quase admitindo que me apaixonei.

Mas ainda não me dou por vencido, resolvi faze-la me esquecer, estou sumindo aos poucos de sua vida, nada de ligação, mensagens ou rosas..., se ela desistir de mim, dona Glória perde a aposta e eu não vou mais precisar seguir com isso, posso contar a verdade a Alice sobre quem sou e reconquista-la pelo que tenho a lhe oferecer..., poderia dar certo ou seria o meu fim.

O pior é que pensar assim, me faz sentir medo..., e se minha secretária tiver razão?, vou perder Alice e nem todo o meu dinheiro traria ela de volta..., como me deixei envolver?, desde quando me tornei um idiota apaixonado?, não consigo me entregar ao que sinto, também tenho medo de confiar nela, sinto pavor em passar de novo pelo que passei com Tamara e acho que dessa vez seria ainda pior, tô gostando de verdade daquela garota, de um jeito que não me reconheço.

Só sei que se fosse outra mulher, já a teria levado para minha cama e acabado com esse jogo, mas não tenho coragem de fazer isso com Alice..., achei mesmo que depois de alguns dias ela desistiria, que não aguentaria esses encontros baratos, ser presenteada com uma simples rosa que deixo em sua porta..., mesmo recebendo apenas isso, ela está sempre lá para mim com aquele olhar de que também se apaixonou, posso estar equivocado, mas sei que ela sente o mesmo, só não sabe como expressar ou tem vergonha de dizer..., tudo nela me diz sim, mesmo sem palavras, tenho certeza que se tivesse coragem de me aproveitar já a teria feito minha.

Alice me faz acreditar que estou errado em meus julgamentos e agora não tenho coragem de encarar ela..., preciso faze-la desistir de mim, mas dessa vez não por aposta, porque sinto que não a mereço.

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Já anoiteceu e estou em uma reunião de última hora com a equipe de finanças, esse setor ainda está um caos, Ulisses quase conseguiu me quebrar..., ao menos o trabalho irá me distrair e não vou cair na tentação de ligar, mandar mensagem ou ir até ela, serei forte, farei como planejei, já chega dessa brincadeira..., só esqueci um pequeno detalhe que faz toda a diferença: ela também pode usar as armas que tem para me fazer mudar de ideia..., sinto o meu telefone vibrar, demoro alguns minutos, mas decidido olhar...

E lá está a minha rosa desfazendo tudo o que me convenci que faria, me desarmando completamente..., sorrio para a tela do celular como um idiota e quando dou por mim já respondi a mensagem sem pensar duas vezes..., quase falo uma besteira em voz alta ao ler ela me convidar pela primeira vez para ir até sua casa, esqueci até meus funcionários, mas eles não me esquecem, nem consegui responder Alice de tão surpreso que fiquei e um dos funcionários tá quase jogando uma cadeira sobre mim para me tirar do transe...

Funcionário:_ Senhor..., senhor Montenegro, CHEFE...

Késsid:_ Po-pois não..., desculpem..., pode continuar, estou ouvindo.

Deixo o celular na mesa..., quase não consigo me concentrar, tô ansioso que essa maldita reunião termine logo, nervoso para ir até Alice, mas já vi que isso vai longe.

Quando enfim terminamos, saio da empresa apressadamente, acabo esquecendo o celular na sala de reuniões, se quer pude avisar Alice que iria demorar um pouco. Vou até a minha casa tomar um banho e trocar de roupas, chega daquele uniforme e também não posso estragar esse primeiro momento em sua casa revelando tudo.

Visto uma roupa casual, a mais simples que encontro em meu closet..., dirijo o mais rápido possível e estaciono um pouco distante, sigo até a casa dela caminhando, antes de bater na porta, deixo a chave do carro em um vaso de plantas..., agora, tenho sempre uma rosa pronta para ela no carro..., seguro a flor escondendo atrás das costas..., ela abre a porta e pelo sorriso, está feliz e assim como eu, nervosa..., após a surpresa, sou convidado a entrar, tento demonstrar segurança e me certificar de que estamos sozinhos...

Alice:_ Achei que não viria.

Kessid:_ Me desculpe, a bateria do celular acabou e o carregador deu problema por isso não respondi..., mas estou aqui..., vou conhecer sua amiga ou alguém de sua família?

Alice:_ Não hoje..., outro dia, quem sabe..., estamos sozinhos..., é que..., senti saudades.

Não vou mentir, que isso me causou uma excitação, ouvir ela falar assim me comove..., é a primeira vez que ficamos sozinhos num lugar privado, fico mais relaxado, me aproximo um pouco e ofereço-lhe a rosa, acariciando seu rosto...

Késsid:_ Para você, queria te dar essa pessoalmente..., também senti sua falta.

Alice pega a flor e cheira sorrindo, formando essas covinhas lindas em seu rosto..., estava hipnotizado admirando seu sorriso quando sou surpreendido por um rápido beijo tímido, foi mais como um toque de lábios..., fico sem reação por uns segundos, parado feito um idiota, sua iniciativa me pegou realmente de surpresa.

Ela se afasta e me olha como se agora não soubesse o que fazer, constrangida, nervosa, baixa a cabeça..., toco levemente seu rosto e a puxo bruscamente para os meus braços..., sei exatamente o que fazer..., colo nossas bocas num beijo ousado, intenso, ela retribui com a respiração acelerada..., me dou conta do quão desesperado estava para beija-la e agora, não consigo parar...

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