Deixando às claras

O interfone da sala presidencial toca. É Angelina informando a chegada da faxineira.

_ Senhor. _falava a secretária. _ A Senhorita Denise já se encontra aqui. Deixo que ela entre?

Gustavo não respondeu, desligou o interfone. Angelina sorriu para Denise com desdém.

_ É... Acredito que o senhor Gustavo tenha coisas mais importantes à fazer... _comentou Angelina.

No momento em que Denise ameaça sair dali a porta presidencial se abre saindo por ela Gustavo que abria um belo sorriso ao vê-la. Angelina se roía de inveja e raiva.

_ Senhor, pensei que não estava disposto a recebê-la. Ela já estava indo embora. _ falou Angelina.

_ Claro que não. _ afirmou Gustavo enquanto olhava para Denise. _ Eu mesmo vim recebê-la. Estava mesmo querendo falar com você, Senhorita Denise. Vamos entrando ... _ falava enquanto oferecia o braço para acompanha-la até a sua sala.

Angelina ficou muito brava. Que absurdo era aquele que estava a presenciar ? O seu chefe estaria interessado naquela faxineira? Enquanto bufava pensava em como derrubar aquela pobretona, ela não tinha o direito de se envolver com seu chefe... Ela esperou por anos para conseguir que seu chefe aprendesse o seu nome e essa mulher mal chegou e já tem tanta intimidade assim com ele. Ela não permitia isso!

Se os ares da entrada do escritório presidencial não era dos melhores, dentro do mesmo era só sorrisos... Gustavo pediu que Denise se sentasse para que os dois pudessem conversar, enquanto ela se sentava ele se apressou a pegar dois cafés.

_ Açúcar, Denise? _ perguntava com maior intimidade que o de costume.

_ Senhor, não necessita.... _Denise tentava falar meio envergonhada por seu chefe estar-lhe servindo o café. _ Posso nos servir, senhor.

Gustavo não permitiu que Denise se levantasse.

_ Não se preocupe. Então, Açúcar? _ perguntou novamente.

_ Sim. Uma colher apenas,por favor. _aceitou Denise já que não tinha outra opção a não ser permanecer sentada.

Gustavo a serviu e sentou-se à sua frente puxando a conversa.

_ Soube que esteve aqui a minha procura. _ falava Gustavo. Naquele momento não havia mais as formalidades de antes. Ele se sentia mais íntimo, afinal, já tinha visto Denise em posições muito particulares, pelo menos nos seus sonhos.

_ Acredito que seja algo importante. Bom, estou aqui agora. Pode falar.

Incentivava Denise a falar enquanto tomava o seu café.

_Senhor... _ Denise começa falar quando é interrompida por Gustavo.

_ Me chame Gustavo,por favor. Acho que não há necessidade de tanta formalidade já que estamos sozinhos. Já viajaremos amanhã!! _ ria enquanto falava. _ Já somos amigos o bastante ao ponto de chamar-me pelo primeiro nome,não acha?

Denise,pela primeira vez não se sente desconfortável em estar tendo uma conversa mais íntima com Gustavo. Ela já havia aceitado ser sua amiga, não havia mais a necessidade de chamá-lo de senhor, pelo menos enquanto estivessem sozinhos.

_ Tudo bem... _ aceitava Denise. _, Mas quando estivermos junto a outros funcionários, continuarei te chamando de Senhor, tá bom assim?

Gustavo concordou com a ideia, não poderia pressioná-la. Queria que ela confiasse nele ao ponto de estreitar a relação dos dois lentamente, sem que ela percebesse suas intenções.

_Justo. _ falou Gustavo. _ Então, vamos ao que interessa. O que tem te deixado preocupada ao ponto de vir me procurar aqui? Outra coisa que gostaria de deixar claro,Denise. Quando precisar de mim, pode telefonar para meu telefone particular. Não precisa ficar aguardando eu estar aqui na empresa, tem época que é difícil encontrar-me no escritório devido o trabalho e nós somos amigos... Não há nada que justifique a falta de contato entre nós.

Denise assentiu com a cabeça e começou a explicar o motivo de sua procura.

_ Senhor... Quer dizer, Gustavo. _ Ele amou ouvir o seu nome ser pronunciado por ela, saia de uma forma sensual que atiçava os seus instintos..

Denise continua:

_ Aconteceu algo nesta semana que me deixou com muito medo. _Gustavo se ajeitou na cadeira para ouvi-la. _ Mauro telefonou-me. De início pensei que ele estaria disposto a aceitar o divórcio e acabei deixando ele falar. Quando percebi que o que ele queria de verdade era me ameaçar para que eu desistisse do divórcio disse que desligaria o telefone e nos veríamos apenas no tribunal. Foi aí que ele me ameaçou afirmando saber onde eu estava morando ... Disse saber por onde eu andava... Disse que se eu não voltasse com ele, não ficaria viva. Que era melhor ser um viúvo do que um homem separado. _ Gustavo estava boquiaberto com o que ouvia.

_ Denise... No que trabalha Mauro? _ pergunta Gustavo.

_ Ele é advogado criminalista. Tenho medo porque ele tem muitos contatos com pessoas de má índole, para fazer algo comigo não custaria muito. _ falava Denise deixando transparecer todo o medo que estava sentindo.

Gustavo,vendo Denise reagir daquela forma as ameaças de seu ex-esposo decide.

_ Vamos entrar com uma petição para o divórcio litigioso assim que voltarmos do nosso passeio, tudo bem. _ ele levanta-se e caminha em direção a Denise enquanto fala. _Não tenha medo, vai ficar tudo bem. Já conheci homens piores.

Gustavo levantou Denise da cadeira a abraçando. Ele sabia que não poderia passar dos limites,mas seu desejo por aquela mulher era tão intenso que apenas um simples abraço o deixava tenso. A sua vontade era tomá-la ali mesmo e saciar a sua vontade , mas ela estava machucada demais... Se assustaria caso ele deixasse ela perceber tudo o que sentia vontade de fazer com ela naquele momento. Precisaria curá-la, precisaria chegar aos poucos e quem sabe assim ela o enxergaria como o homem que a deseja e que a merece.

Denise se aconchegou nos braços de Gustavo. Esse homem era um mistério... uma hora ela queria matá-lo de tanta raiva que ele a fazia sentir, em outros momentos era tão doce... Tão protetor... A vontade dela era de ficar ali abraçada a ele até o dia passar... Esses pensamentos faziam seu coração acelerar, ela podia sentir o calor descendo por sua barriga e depositando-se num local perigoso... neste momento ela afasta-se assustada com essas sensações.

_ O que houve? _ Pergunta Gustavo sem entender o afastamento repentino. _ Fiz algo de errado?

Denise tenta disfarçar, mas suas bochechas denunciam os seus pensamentos.

Gustavo nota o rubor na face de Denise, mas não fala nada. Apenas finge não perceber e muda de assunto para não constrangê-la.

_ Preparada para a viagem? _ Gustavo muda de assunto._ Estou ansioso para a hora. Vamos sair bem cedo amanhã. Por falar nisso, você quer uma carona para ir?

Denise fica feliz que ele tenha mudado o assunto, assim ela pode se recompor.

_ Não. O Mário irá passar na nossa casa e sairemos de lá.

Gustavo não gosta daquela ideia. Mário está cada vez mais envolvido com as meninas e isso é perigoso para ele .

_ A sim... Bom, caso o Mário não tenha como levar, pode me ligar que passo lá.

_ Pode deixar que ligo sim. _ promete Denise. _ Eu não estava querendo ir. Eu estava bem perturbada com isso que me aconteceu, mas agora... sinto-me melhor. Segunda, caso precise, eu venho aqui dar as informações que necessitar. Tenho alguns documentos dele, peguei quando fui no nosso apartamento pegar alguns objetos pessoais. Aproveitei que ele não se encontrava em casa.

Gustavo alerta Denise do perigo que corria indo até lá sozinha.

_ Me promete uma coisa. Não vá mais ao apartamento desse homem sozinha. _ Pede Gustavo. _ Se precisar de alguma coisa, dinheiro... Sei lá. Pode pedir-me, somos amigos. Se você se sentir melhor, pode fazer promissórias e me pagar depois. É muito perigoso, ainda mais com ele te ameaçando assim...

Denise sabia que ele estava certo, ela tinha que concordar que foi muito arriscado o que fez.

_ Obrigada por se preocupar, Gustavo. Prometo que não farei mais isso. Caso eu precise de alguma coisa aceitarei, mas somente com as promissórias. Combinado?

Ele aperta a mão de Denise sorrindo. A conversa entre eles estava muito gostosa, os dois tomaram mais um café antes de se despedirem.

_ Até amanhã , então. _ se despede Gustavo enquanto acompanha Denise até a porta.

_Até lá. _ Denise se despede saindo as pressas para encontrar Mariana e juntas irem para casa. Fim de expediente, hora de partir!!!

Denise e Mariana já estavam em casa arrumando tudo para o dia seguinte. Enquanto ajeitavam as malas conversavam sobre esse passeio.

_ Nunca imaginei que estaria a ir para casa de campo com o nosso chefe... _ Falava Mariana. _ Nem nos meus sonhos mais estranhos imaginaria isso.

_Amiga, ele tem se portado tão prestativo e atencioso. Parece que eu estava enganada quanto ao seu caráter. _ Comentava Denise. _ Conversamos hoje sobre a entrada do meu divórcio, ele irá fazer isso na segunda.

Mariana se impressiona com o empenho de seu chefe em ajudar a sua amiga.

_ Pensei que Mário fosse te ajudar … Dê, o nosso chefe parece muito interessado nesse caso, não acha? _ brincava Mariana. _ Será que ele está interessado em algo a mais??

Denise ruboriza na mesma hora.

_ Claro que não, amiga!! Ele é apenas um amigo, nada mais.

Mariana notando o rubor na face da amiga, não demora em comentar:

_, Mas você. … Parece que tem outros planos em mente com o nosso chefe,hein!!!! Danadinha!!! _ falava enquanto dava gargalhadas.

Denise a repreende ainda sem graça por deixar transparecer os seus pensamentos:

_ Pare com isso Mari. Ele é um amigo, somente isso. Tenho tido muita coisa para me preocupar, não tenho tempo para essas aventuras... Ainda mais com um cara que não tem responsabilidade afetiva com mulher alguma.

Mari abraça a amiga se desculpando:

_ Estava brincando amiga. Mas que o Mário está interessado, está. _afirmava Mariana.

_ Vejo como ele te olha. Sempre muito solícito... Ele é um gatinho.

Denise joga uma almofada na amiga e muda de assunto:

_ Vamos parar com essa conversa que já está na hora de dormirmos, amanhã sairemos cedo.

Mari e Denise vão dormir, amanhã será um grande dia .

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