Capítulo 14: Não podemos desistir

As crianças estavam apavoradas, tremiam e choravam baixinho para não chamarem a atenção de ninguém. Caso alguém descobrisse, as coisas só iriam piorar. Mas aquilo foi assustador, nunca tinham visto um monstro tão estranho e bizarro.

Eles não conseguiam se mover, mas tinham que sair dali, o dia estava amanhecendo, se ficassem ali e fossem pegos, não sabiam que castigos terríveis iriam sofrer, agora que sabiam a verdade, realmente o monstro existia. Mike criou coragem e chamou os outros.

- Vamos, temos que ir. Já vão acordar e seremos pegos aqui. Não podemos piorar a nossa situação.

Mei e Chan se levantaram e foram para as suas camas, mas não conseguiram dormir, além de assustados, minutos depois que deitaram, o alarme tocou. À noite daquelas crianças foi terrivelmente apavorante, não conseguiam parar de pensar no monstro.

Mike, Mei e Chan não conseguiam se concentrar nas aulas, estavam exaustos. Na hora do almoço dormiam em cima da mesa, as outras crianças os acordavam com pena deles serem punidos. Nenhum teve coragem de conversar um com o outro. Parecia que iriam desistir da fuga.

Para eles não dava para fugir durante à noite, o monstro iria matá-los. Seria melhor ficar e continuar vivendo assim, respeitando as regras e fazendo tudo que os mandavam, assim não eram punidos e torcer para não serem escolhidos para nenhuma experiência sombria.

Os dias passaram, continuavam a mesma rotina, não queriam mais saber de fuga, e agora tudo seria mais difícil, as câmeras foram concertadas. Não podiam mais se encontrarem também, era hora de aceitarem que não podiam mais fugir.

Mas durante à noite, Mike em uma das poucas vezes que conseguiu dormir sem ter pesadelos, sonhou com seu pai em sua casa. Parecia que nada tinha acontecido, estavam felizes e brincando. Quando acordou Mike teve que encarar a dura realidade, tinha sido só um sonho.

Pelo Mike, ele não precisava ter acordado, poderia até ter morrido enquanto sonhava com seu pai. Ele chorou muito sentindo a falta dele e pensou que se seu pai tivesse ali, ele enfrentaria o monstro e não deixaria nada acontecer com ele, Walter era forte e corajoso, tinha ido lutar em uma guerra para que seu filho ficasse em segurança.

O garoto então sentiu raiva por está com medo, seu havia morrido para protegê-lo e ele estava se acovardando. Mike jurou que iria fugir dali ou morrer tentando, jamais iria aceitar a ser controlado por pessoas más e ainda salvaria as outras crianças.

Agora teria que convencer seus amigos a tentarem mais uma vez. Mike escreveu no papel "Chan, precisamos conversar, queime as câmeras mais uma vez", depois colocou na mochila dele e na da Mei. Seus amigos leram, mas não responderam, Mike percebeu que eles estavam apavorados e tinham desistido.

Seria difícil sem eles, mas seria ainda mais difícil convencê-los a tentarem fugir com ele a essa altura. Só que Mike não iria desistir, iria tentar quantas vezes fossem necessárias para ajudar seus amigos. Se passaram 2 meses que Mike tentava fazer seus amigos a mudarem de ideia, iria tentar mais uma vez, se não fossem, ele iria sozinho.

Na última tentativa Mike escreveu, "Se vocês não forem comigo, irei sozinho, vamos pelo menos conversar no local de sempre". Então no outro dia Chan escreveu e colocou na mochila de Mike, "Vamos só conversar, hoje à noite, sinto falta de estarmos juntos e acho que vou enlouquecer se continuar dessa maneira, pelo menos uma última vez".

Pelo menos Mike teria uma última oportunidade de convencê-los, era o que precisava. Quando chegou a hora, Mike abriu a porta do quarto e olhou as câmeras, viu que estavam desligadas e era seguro sair. Alegre ele foi até o refeitório, quando chegou, Chan já estava lá comendo um pacote de salgadinho e falou:

- Eu sentia muita falta disso, essa paz e liberdade é muito boa.

- Pois é por isso que precisamos lutar, por nossa liberdade.

- Não dá para lutar contra uma fera daquelas.

- Dá sim, basta termos um plano eficiente. Onde está a Mei?

- Caia na real, é impossível ganhar daquilo, em força e rapidez. Não sei, acho que ela já sabe que não podemos fazer mais nada.

- Pois eu prefiro lutar e morrer do que ficar aqui.

- Prefere um caixão ou ser cremado? - Perguntou Mei escorada na porta.

- Você veio, pensei que não viria. - Disse Chan.

- Gosto de ficar sozinha com vocês.

- Realmente isso é bom, parece que criamos algo bom um com o outro. - Falou Mike.

- Somos a única família de cada um aqui. - Disse Chan.

- Realmente. Por isso temos que fugir, não vamos deixar eles vencerem, precisamos tentar.

- Não Mike, esqueça isso, nem ao menos sabemos o que é aquilo. - Falou Chan irritado.

- Vocês preferem ficar aqui do que fugirem?

- Sim. Pelo menos vamos ficar vivos. - Respondeu Mei.

- Sabe até quando? Sabe se seremos adotados ou ao menos se vamos sair daqui? Pelo que andei observando, nenhuma criança foi adotada.

- Eu também havia percebido isso, aqui não é um lugar que ajuda as crianças a encontrarem um lar lá fora. - Acrescentou Mei.

- Não podemos desistir, se ninguém sai e existe um monstro daqueles aqui, esse não é um bom lugar, nem seguro também. - Afirmou Mike.

- E como pretende sair daqui? Você também não faz a mínima ideia. Assim que sairmos lá fora, todos nós vamos virar lanche de um monstro que não sabemos nada sobre ele, a não ser que ele come crianças e adivinhe só, somos crianças. - Falou Chan nervoso.

- Ele tem razão. - Concordou Mei.

- Vai ficar aqui sendo um fantoche, parecendo uma ovelhinha esperando para ser abatida sem fazer nada? Vocês são ridículos, meu pai morreu na guerra para me dar uma oportunidade e eu vou usá-la para viver a minha vida livre, não vou deixa que esses desgraçados daqui me usem para seus fins malignos. Se quiserem vir comigo irei ficar muito feliz, mas se não querem, não vou mais perder meu tempo com vocês.

- Eu vou com você. - Disse Mei.

- Assim tão fácil? - perguntou Chan.

- Não quero ficar aqui, temos poucos dias mesmo. Nenhuma criança sai daqui viva, vamos pelo menos lutar. - Falou Mei.

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