Capítulo 13: A criatura

Mike não queria fugir da forma que Mei planejava, ele achava que não ia dar certo, e isso seria o fim deles. Mas não queria forçar os outros a seguirem seu plano, também sabia que era muito perigoso, mas a única forma de fugir realmente, era enfrentando o tal monstro.

Ninguém estaria esperando que alguma criança enfrentasse e derrotasse a criatura. Por esse motivo ninguém se preocupava em vigiar lá fora durante à noite. Quando acordassem já estariam longe para procurarem, e estariam livres.

O problema era convencer aqueles cabeças duras que o plano dele era o que tinha a melhor chance de vitória. Mike ainda tentou argumentar, mas sem sucesso, o plano da Mei venceu. Cada um no novo plano tinha uma função, o da Mei era observar quais os dias que chegavam entregas no orfanato.

Mei tinha uma visão privilegiada da entrada, sempre sua cadeira era a mesma, devido as regras e sua numeração. O do Chan era aprender a planta do orfanato, ele tinha que desenhar tudo que conseguisse do lugar, porque iriam precisar saber por onde iriam correr e se esconderem sem serem pegos.

A função de Mike era observar as trocas de professores e guardas, assim poderiam tentar fugir na melhor hora, quando tivessem menos pessoas desocupadas para poderem correr atrás deles. Passaram alguns dias estudando e analisando cada possível oportunidades.

O melhor momento seria durante às 9 horas da manhã e às 10, na terceira quinta-feira do mês, pois nesse momento, era a entrega das carnes, era um caminhão frigorífico, que demorava quase uma hora para descarregarem. Os homens que trabalhavam nele, usavam roupas contra o frio, e as crianças também teriam que usar se quisessem fugir nele.

O plano era causarem alguma distração, para chamar a atenção dos adultos, eles correriam e se esconderiam dentro do caminhão. Mas o que poderiam fazer para chamarem a atenção e fizesse com que esquecessem deles? Fogo? Quebrar os canos? Entupir os vasos?

Não, nada disso seria eficiente. Devia ser algo realmente grande. Foi quando Mike teve uma brilhante ideia:

Que tal uma grande explosão?

- Realmente isso funcionária, mas como vamos fazer uma explosão? - Curioso perguntou Chan.

- Vamos explodir o quartinho onde o jardineiro guarda suas ferramentas. Uma pequena vingança antes de irmos. - Falou Mei.

- Boa ideia. Mas com o que vamos fazer essa explosão? - Perguntou novamente Chan.

- Vamos lá olhar o que ele esconde naquele quarto, podemos até achar alguma coisa que possamos usar. Falou Mike.

- Agora?

- Sim, ou você está com medo?

- Eu não sinto medo. Só quando estou acordado. Brincou Chan.

As crianças foram lá olharem o que poderiam usar. Vasculharam tudo, e quando já estavam quase desistindo encontraram um C4. Mas o que aquilo estava fazendo naquele lugar? Eles além de tudo de ruim que já eram, ainda seriam do exército?

Mas isso não importava, acharam algo maravilhoso, iria servir perfeitamente. Chan como era um gênio da eletrônica, conseguiu fazer uma bomba-relógio, com alguns fios e um relógio antigo, colocaram bem escondido dentro de uma das caixas e saíram para não serem notados.

O plano já estava em andamento, a bomba foi programada para explodir quando o relógio marcasse 9:30 da quinta-feira. Restava menos de 7 horas para a bomba mandar aquele quartinho para os ares. As 3 crianças se despediram uma das outras e foram deitar.

Faltava poucas horas para o grande momento da fuga, mas quando estavam se despedindo, já estavam entrando novamente dentro do orfanato quando ouviram um grunhido estranho. O quarto ficava encostado do orfanato, mas para chegar nele, tinha que sair e andar alguns passos.

Eles estavam do lado de fora durante à noite. Era só isso que o monstro queria para poder pegar uma criança. Eles sabiam que era a tal criatura, temeram por suas vidas e correram para dentro. Correram como se suas vidas dependessem disso, e na verdade dependia realmente.

Eles entraram bem rápido no orfanato, tiveram que saltar para poderem entrar antes que aquela coisa os pegassem. Por uma grande sorte Chan havia deixado a porta aberta por precaução e deu certo. Mas a porta estava aberta, o monstro poderia entrar.

Mike se levantou bem rápido para fechar a porta, mas já era tarde, o monstro já estava na beira da porta. Era realmente um monstro, Mike e as outras 2 crianças ficaram apavoradas, o medo foi tão grande que ficaram paralisados, imóveis, não conseguiam mexer um só músculo.

As crianças suavam muito e as pernas de Mike tremiam olhando aquela besta o encarando. Nenhum dos dois se mexiam, apenas olhavam nós olhos um do outro. Aquela coisa não entrava, apenas fazia alguns sons baixos, mas sempre com ódio.

Eles não entendiam o motivo do monstro não o atacarem, ficava apenas os encarando. Mike achou isso muito estranho e começou a pensar em como se defender. Mas não tinha nada perto dele, qualquer coisa que usasse como arma.

Passaram alguns minutos e o monstro não entrava, e Mike não achava nada para se defender. Os outros também não conseguiam achar nada para conseguirem atacá-lo. O tempo foi passando e nada acontecia, o monstro já parecia impaciente, mas não entrava.

Mike percebeu que aquela criatura rodava, andava para trás e depois andava como se fosse entrar e parava, depois voltava para trás. De repente ouviu a voz de uma pessoa chamando o monstro, era o jardineiro. Mas a fera não queria ir, ficava no mesmo local.

A fera não podia entrar, talvez estava apenas obedecendo algum comando, que não poderia entrar no casarão. Mike percebeu isso, mas mesmo sem poder entrar a fera permanecia no local. Se não podia entrar, iria mostrar as crianças desobedientes.

Mike mesmo com muito medo, não queria que isso acontecesse, se o jardineiro os visse ali, não seria nada bom, certamente o jardineiro iria os prender ou até mesmo os jogar lá fora para serem devorados. Mike então correu e fechou a porta, o monstro rosnava e estava furioso.

Trancaram a porta e se esconderam para o jardineiro não os ver. Quando ele chegou na porta, a fera continuava rosnando e andando de um lado para o outro, tentando o avisar que tinha crianças ali. Mas como não podia falar, o homem não entendeu e bateu na fera para ela voltar. Mas antes de ir, ele olhou pelo vidro da porta para ver se via algo de estranho. Depois saiu.

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