Capítulo 20

As três sem olhar mais pra traz correram como se não houvesse amanhã na direção apontada, correram como se suas vidas dependessem disso e dependiam e quando enfim avistaram a casa elas virão de relance a professora na varanda, estava acenando pra elas, mas sua expressão logo mudou pra confusão pois também viu atrás delas o enxame não de abelhas mais de mortos que devoravam tudo no caminho.

- Mais depressa – ela gritou como se sua voz se esvaísse no ar, pois o que ela via, desejava ser um engano.

As garotas estavam a menos de 30 metros da casa e os mortos a menos de 5 metros delas, estava escuro, a lua iluminava apenas as nuvens negras de chuva, os relâmpagos se alvoroçavam no céu e os trovões anunciavam o caos de tudo aquilo.

Antes que pudessem pega-las Alice ouviu a buzina frouxa da velha caminhonete, viu também as luzes que vinham do carro, seguido do seu aparecimento por cima de um leve barranco, foi uma cena rápida e tão voraz quanto os mortos, a  caminhonete, provavelmente em velocidade máxima, apareceu do lado esquerdo que dava acesso à estrada e atropelou metade dos mortos que as seguiam, as meninas no meio daquilo tudo chegaram até a casa e se agarrando a professora explicaram tudo que tinha acontecido às pressas, mas no meio da explicação mais um grito tinha se rompido no ar, o carro tinha quebrado e agora o velho era arrancado puxado devorado atormentado por aquelas criaturas com fome insaciável, elas olharam, e no mesmo instante viraram os olhos quando viram quem o devorava.

Diante daquela cena sem nada poder ser feito elas entraram na casa e a porta trancaram com desfeito, todos estavam morrendo ao seu redor, todos, o Sam a Mia o velho e a professora não consiguia mais segurar e suas lágrimas de desespero caíram acompanhados de gritos de autoculpa e horror, no mesmo momento Vicky e Sofy tentaram acalmala

- Professora, vamos ficar bem – Vicky falou se aproximando mais dela, mas sua expressão pareceu soar como uma pergunta.

- Estamos seguras aqui – Sofy complementou .

- Eles não podem entrar – Liza se aproximou da porta pra ver se eles ainda se distraiam com a carne do velho – estamos seguros a...- e antes que pudesse terminar de falar a madeira da porta racho e entre as farpas uma mão decomposta cravou se afundando no seu estômago lhe arrancando as viceras como simples fios de cabelos e no mesmo segundo o chão se encheu de sangue e Vicky sem conseguir proferir mais nenhuma única palavra caiu de bruços no chão de madeira sobre o corpo de Liza.

O alicerce da dor do sofrimento e angústia, o alicerce do horror do medo e pavor, pois as três que restavam estavam já mais que subemersas em tais sentimentos, Sofy apenas se afastou evitando que aquele sangue vermelho cristalino a tocasse, já a professora se aproximou de quatro pés e sentou-se sobre aquela poça vermelha que tomava todo o chão, pegou Liza pela cintura e a soltando dos braços de Vikcy a pos deitada em seu colo como se quisesse protegê-la de algo e ao mesmo tempo confortala, ela olhava fixamente em seus olhos já sem vida, olhava para a porta que estava preste a cair e olhava para Sofy e vicky que estavam assustada, todos aquelas cenas se chocaram em sua cabeça, e ela proferiu as últimas palavras que conseguiu pras duas.

- Sofy … Vicky– ela ainda olhava pros olhos de Liza - O que eu fiz de errado, tudo que eu queria era que vivêssemos uma vida normal, era que pudessemos viver sem medo, sem dor, sem nada… mas quanto mais eu tento mais da errado!! -Ela rangia os dentes tantando talvez parar as próprias lágrimas que caiam sobre o rosto de Liza - eu só queria proteger vocês.

-Você protegeu a gente.

As janelas estavam comecando a quebrar.

-Você nos deu uma vida sem medo.

O acumulo dos mortos ficava evidente.

-Sem dor.

-Você nos deu algo que fazia tempo que não tínhamos, você nos deu uma vida, um motivo pelo qual viver, você nos deu você e tudo que tinha junto - Sofy falava, suas frases alternando com o ambiente que aos poucos se degradava, com os mortos forçando a entrada, e com as lágrimas que caiam sobre o ombro de Alice, ela estava a abraçando - mas nós, nós não lhe damos nada, nem sequer aproveitamos isso, e agora….- ela olhou pra Liza, olhou pra Vicky e lembrou de todos os outros que morreram- Nós finalmente vamos poder fazer algo por você - ela sorriu- vamos lhe dar as nossas vidas.

Alice chorava, enquanto a apartava de volta em um abraço.

-Não vou deixar vocês fazerem isso por mim - ela falou no meio dos soluços e sua voz se distorcendo aos poucos - errado, ela vai deixar e eu vou garantir isso, vou garantir que ela viva ok

Sofy não estranhou a voz diferente, não estranhou o olhar cruel nem o novo sorriso no rosto de Alice, ela só se desvencilhou do abraço e sentou do lado de Liza, voltando a chorar com as lágrimas caindo de seus olhos e se misturando com o vermelho do sangue.

Todos choravam, Vicky e Sofy tinham finalmente se levantado limpando as lágrimas e Alice ainda estava no chão.

 – Garotas, eu não esperava tanto de vocês – ela se levantou jogando o corpo de Liza de lado como se não importasse muito – agora entendo por que ela queria tanto salva vocês … sabe- ela se alongou -  eu sempre fui totalmente contra isso ... aliás, vocês estão mesmo bem com isso? - ela foi até a porta dos fundos e a abrindo terminou de falar sem olhar pra trás-  que seja, vou fazer isso valer a pena, ah e antes que eu me esqueça ela queria falar uma última coisa, mas eu não me lembro mais o que era...

Sofy provavelmente não ouviu metade do que ela haverá dito, e sem abri a boca pra falar, sem olhar pra ela, apenas a ouviu  sair correu em direção aos fundos e sem.

- Sofy – Vicky disse enquanto disfarçava  um sorriso e assumia um tom brincalhão – vamos preparar nosso último jantar – ela ignorou o tumulto nas janelas nas paredes e na porta e se dirigiu pra cozinha com passos alegres como se estivesse dançando ao som de uma música animada.

Sofy também não a questionou, apenas aceitou e compartilhado de seus últimos minutos "alegres" também participou da brincadeira de Vicky.

As duas soltaram do fogão a botija e a carregaram pro meio da sala

– O que teremos pro jantar Vicky? 

-O que teremos pro jantar ... o que termos pro jantar ... humm talvezzz ... cerneee assadaaa Sofy – e cantarolou como uma verdadeira cantora.

Enquanto Alice corria sem rumo, sem olhar para traz, ainda tomada por sua segunda eu que ainda sorria… não, dessa vez não, eu ainda me lembro, enquanto eu corria pela estrada sem um destino ou objetivo, estando ainda absorta nas dores e sentimento de 5 minutos atrás, sentindo como se meus pulmões fossem explodir, como se minhas pernas fossem se despedaçar... eu parei... parei pra poder recuperar o ar que me escapava ... e quando parei ... me dei conta de que tinha voltado a mim, e chorei, derramei alguma lágrimas perdidas e na tentativa de voltar a casa no meio daqueles meus gritos  pelos seus nomes a única coisa que pude sentir mais e ouvir naquele momento de pura descontração foi o calor e o barulho da explosão que rompeu toda a atmosfera presente, uma enorme chama se ergueu ao céu e aquele clarão que iluminou quase tudo que a escuridão tocava me fez virar e voltar a correr, eu não queria olhar de novo pra toda aquela cena...aquilo, aquele calor, aquele sentimento explodiu também em meu peito e como uma dor azeda eu tentei me livra daquele gosto, voltei a correr, corri pra esquecer aquela dor, corri pra me afastar daquele sentimento, corri pra que talvez a dor das minhas pernas encontrassem a dor do meu peito, mas corri principalmente para fugir de tudo aquilo... para fugir daquela realidade.

"E aqui estou eu, no meio de uma ponte que se ergue sobre um rio, me derramando em lágrimas por que escolhir o caminho errado e a pergunta que fica é: Qual caminho devo escolher agora ... devo voltar? ... devo seguir em frente? ... ou devo pular? ... porque não tem mais nada que me segure nesse mundo."

Ela pulou, e enquanto deixava todas as lembranças passarem por sua mente, todos os sentimentos a atingirem de todos os lados, ela pensou antes de atingir a água.

"Não, espera, tem sim…"

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