Capítulo 8

Ao amanhecer, com o sol batendo-lhes na fronte, todos acordaram revitalizados e cheios de energia. O ambiente não tinha mudado, mas não era mais assustador como antes, pelo menos não a escola, não a sala e nem os corredores, tudo iria ser diferente agora, mas espera, isso seria o normal e todos sabemos que não foi bem isso o que aconteceu.

Às 4 da manhã o barulho tinha se intensificado, os gemidos tinham se transformado em urros e a porta estava quase cedendo a pressão imposta pelas criaturas que brigavam para entrar. Nas janelas as mãos ensanguentadas batiam incessantemente lambuzando tudo, enquanto o vidro ia trincando aos poucos. 

Às 5 da manhã a fechadura cedeu em um estalo surdo, as criaturas avançaram, mas a porta ainda segura pelas mesas e cadeiras só permitiu que transpassasem os braços. Alice que se encontrava do lado esquerdo, ressonando, estava quase que sendo alcançada por um dos braços, enquanto o mesmo se rebatia e arranhava a parede em meio a urros e gemidos.

Às 6 da manhã as coisas pioraram e foi nesse instante que os alunos presos a um sono profundo, acordaram. As batidas às janelas tinham parado, mas só por um único minuto, porque no segundo seguinte voltando em um único golpe, uma mão deformada e inchada estilhaçou o vidro da primeira janela fazendo cacos e pedaços se espalharam por toda a sala. O primeiro a ser acertado foi Ned que dormia de frente para a janela, um dos cacos cortou sua perna esquerda fazendo-o saltar de dor de um sonho misterioso. Ele gemeu por alguns segundos sem se dar conta do que acontecia, e quando percebeu tudo que o rodeava, por um impulso e alarmado tratou de acordar todos os outros, por gritos, solavancos, tapas, usando do que vinha à sua mente. 

Os outros de semelhante cansaço também dormindo profundamente com tudo que acontecia, levantaram zonzos e sem entender as palavras de Ned que lhes assombrava o sono. 

-levantem!! - A voz dele para eles era longa e trágica -Que droga!!… levantem!! - solavancos - Sam, Liza, Vicky - Levantem!! - Sofy - acorda!! 

Eles se orientaram e presentes a situação, pularam e de imediato engolindo tudo como algo amargo trataram de acordar a professora que agora deslizava lentamente para a mão monstruosa que a desejava fervorosamente. Acordada, a professora trouxe à Vicky uma dor momentânea ao comentar: 

-Vicky, sua mão, e todo esse sangue Ned? 

Vicky levou os olhos a mão e no mesmo instante sua cabeça ficou tonta, e ela canbaleou, sendo segurada por Sofy. 

A mão de Vicky estava mastigada por pequenos estilhaços que cobriam boa parte da palma esquerda. Vendo-a em meio a um desmaio, Sofy a arrastou pra janela contraria a porta e a escorou retornando à situação contrastante pela qual passavam todos. 

A janela foi notada, a porta foi notada, o fim foi notado mas não ficou visível em nenhum deles a mais das pequenas expressões de medo, nem sequer a paralisia os incomodava agora. 

-Ta ok, eles vão entrar a qualquer momento, vão nos devorar como fizeram com os outros e talvez até viremos alguns deles - a professora falava ainda se adaptando a liderança - podemos tentar conter a porta, ou… sim, a janela. 

Os alunos a olharam e se entreolharam e começaram a falar enquanto andavam pela sala. 

-Não acho que consigamos conter a porta, a fechadura foi rompida em duas partes e não é uma opção passar os restos dos dias trocando força com eles, e além disso mais alguns dias sem água e comida e é o nosso fim antes mesmo deles entrarem - Ned falava enquanto analisava a distância. 

-A janela também não parece uma boa ideia, estamos no segundo andar, a queda vai nos dar um ou dois membros quebrados e logo em seguida seremos devorados - Sam falou enquanto olhava para baixo. 

-Vamos galera, pensem - a professora falou em tom preocupado, deixando escapar uma leve animação. 

Sofy que agora estava na janela, e pensava mergulhando nos 60 metros de altura, falou calma ainda olhando.

-Professora, você veio de carro? 

-Sim, por que? 

-A garagem… a janela leva exatamente à garagem. 

Enquanto discutiam o que fazer, o barulho continuava, as cadeiras eram forçadas, a porta cedia mais e mais e as janelas dos corredores continuavam a quebrar. Tudo isso junto dava uma certa trilha sonora à situação. 

-E como vamos descer? - Sam a indagou  tirando-a da janela. 

Ela o olhou, olhou para Ned e falou. 

-Com uma corda, me deem suas roupas e vamos fazer uma corda. 

Agora eles se olharam e possivelmente naquele instante Ned pensou ser uma boa opção desistir ali mesmo. 

Mas antes de a questionarem sobre vergonha e etiqueta, Liza entregava pra Sofy a blusa e a calça que vestia, ficando em meio a todos só com as roupas íntimas.

-Toma, só as deles não vai ser suficiente, todos nós vamos ter que dar uma peça - ela falou inflexível, sem demonstrar a vergonha que era evidente pelo vermelho de seu rosto - até você professora. 

No fim de alguns minutos, uma corda tinha sido feita, com amarras de blusas e calças e até dois casacos. Alicia tinha ficado de calça por motivos pessoais, Sofy e Liza trajavam somente roupas íntimas assim como também Sam, Ned e... Vicky que já tinha acordado. 

-Tentem nos olhar nos olhos - Vicky disse em tom sarcástico se direcionando a Sam e Ned. 

- Oi? vocês que não deviam olhar pra gente- Ned a respondeu rodeando a iris por toda a órbita dos olhos enquanto cruzava os braços tampando a parte superior de seu corpo.

A corda foi presa a uma das partes da janela e jogada do segundo andar ficando só alguns metros para encostar no chão. 

-Quem vai primeiro? 

-Acho melhor nós irmos primeiro - Ned falou - podemos ver se tem algum deles lá embaixo. 

-Não é preciso - Sofy pegou uma das cadeiras e arremessou pela janela deixando todos curiosos perante o seu ato - Se tiver algum deles, eles vão ser atraídos pelo barulho, é só esperar alguns minutos. 

-E como sabe disso em? - Liza a indagou.

-Dedução. 

Depois de 3 minutos resolveram começar a descer, Vicky foi a primeira por causa de sua mão que agora estava enfaixada com partes de uma blusa. Quando ela chegou ao chão no mesmo instante olhou pra todos os lados e deu sinal de que estava tudo bem. Liza desceu depois e seguiram-se Sofy, Ned, Sam, e a professora, que tinha ficado por último por escolha própria fazendo uma despedida da sala e dos alunos aos quais ficaram para trás, já não mais entre eles 

Quando todos enfim pisaram no chão, foram de instinto procurar o carro da professora indo em direção ao modelo mais moderno. 

-Esperem, não é esse… -ela sorriu mais animada ainda. 

-Vocês não imaginaram mesmo que eu ando por aí em qualquer coisa né  - a professora se aproximou desfilando e  tirando do seu bolso um molho de chaves pretas  … - ... eu ando com estilo...

Depois de darem uma boa olhada no local eles viraram os olhos pro carro, um Volkswagen Karmann Ghia Typ 34 Cabriolet 1968 na cor Vermelha com um teto solar deslizante de aço.

A imagem do carro os deixou aliviados e um tanto surpresos. 

-Uouu Legal- Sam e Ned falaram ao mesmo tempo enquanto olhavam pro carro e sorriam.

- Ainda fabricam desses, e como conseguiu um desses?!- Vicky falou passando a mão sobre aquele metal vermelho reluzente.

- Em que época acha que estamos? Ele não é tão velho ok, ele tá na familia a um bom tempo – a professora falou descontraída.

- Éhh isso vai ser legal. - Liza afirmou abrindo a porta do carro. 

-Para onde vamos? - Sofy falou ainda parada a porta. 

A professora olhou pra todos ainda trajando apenas roupas de baixo e falou dando ênfase às palavras e um olhar irônico. 

-Vamos fazer umas compras. 

Depois de todos já estarem no carro a professora se ajeitou,ligou o carro, sintonizou a rádio e uma música começou a tocar, de início instrumental mas quando ela acelerou e passou pelo portão com tudo sem um destino ou futuro sensato a música começou de verdade. 

Liza relaxando ao som da música recostou a cabeça no vidro e deixou a visão das casas passarem por ela. 

O gramado das casas, verde, agora ao redor estava manchado de um tom de vermelho bordô e por todos os lados contendo vestígios de morte, as casas da vizinhança, construções e lojas estavam todas arrombadas, uma brisa leve caminhava pelas ruas carregando os papéis e lixos, um furacão parecia ter passado por ali deixando tudo de cabeça para baixo, o que mais surpreendeu a todos eles foi que não havia nenhum sinal de vida por ali, animais, pessoas, nenhum deles... ninguém… todas as criaturas será que estavam na escola?

Em contrapartida, ela se cansou da visão e tentando se desfazer dos pensamentos que a tomavam virou os olhos para o outro lado e foi nesse momento que eles passaram pelas árvores, pelo caminho coberto de árvores. Liza recostando a cabeça no vidro e se perdendo enquanto olhava sorriu.

Como eu disse:

Talvez tenha sido ainda no mês de novembro, em pleno outono, pra todo lugar que olhávamos víamos as árvores que se estendiam por toda uma rua, por toda uma calçada, com as cores agora nos enganando, nos traindo e até nos impressionando, laranja, verde, marrom… agora tudo vermelho, manchado, melado, pungente, seco, seco e seco, evidenciando o tempo que passamos ali,… um verdadeiro horror, porém... não é assim que essa história termina … 

Quantas semanas teram passado?

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Comments

Unmei

Unmei

q mudança em professora ksksksksks

2022-10-08

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