Capítulo 14

O mundo no qual vivemos é formado por terra, água e principalmente ilusões ou como os esperançosos gostam de chamar ... sonhos .... sonhos são formas de fugir da realidade cruel e atordoante da qual fazemos parte, neles conhecemos coisas como alegria, felicidade ... que são simples substantivos que criamos para nomear algo ilusório, algo que sentimos em um extremo momento de êxtase ... sentimentos? ... é só mais um rótulo, sentimos sempre a necessidade de rotular as coisas....o que tira o valor delas ... e  sonhos ruins? ... sim, eles existem ...mas não fazem parte do rótulo sonho, faz parte do rótulo ... realidade ... pois são neles que vivemos, são neles que aprendemos a diferença das coisas mais naturais do mundo e são neles que aprendemos do que devemos nos esconder...  o mundo em que vivo ... no “meu mundo”  eu aprendi algo importante ... raiva  é o que me faz sorrir, tristeza é o que me faz nostálgico, angústia é o que me dá sono, dor é o que quero compartilhar ... e medo ... é o que me faz querer viver ...desconheço outros sentimentos ... desconheço ... entendeu? Vivemos em um imenso globo do qual estamos rodeados de ilusões e rótulos falsos ... abra seus olhos. Alice sonhava relembrando trechos do diário, trechos que só ela havia lido.

Algumas poucas ou muitas horas depois.

Quando acordou ainda naquele dia, sua cabeça doía intensamente e olhando ao seu redor perceberá um ambiente não muito familiar, paredes de madeira e uma cama mal arrumada junto com algumas estantes com livros antigos, que logo foram identificados, Alice se levantou ainda meio tonta e caminhou até a porta que estava trancada, ela percebeu quando suas mãos apenas faziam a maçaneta gira e gira e nada, ela sentia a necessidade de abri-la e suas emoções tomavam conta de si e ela tentava mais e mais abri a porta, até que algo bateu sobre a mesma, ouviu-se gritos vindo de trás dela e um intenso desespero corria por suas vozes. Lentamente a professora se afastou pouco por pouco até encostar na parede de madeira negra e áspera, o ar do ambiente ficou gélido, não era apenas uma mas muitas vozes, um alvoroço de batidas sobre a porta, quem estava do outro lado certamente fazia de tudo para entrar, as batidas se tornaram tão intensas que aquela porta de madeira  não ia aguentar mais e foi quando ela pensou isso, foi quando esse pensamento tomou conta de si, que uma mão varou sobre as fibras de madeira agora dilaceradas, sua aparência era decomposta e machucada e tentava constantemente avançar mais e mais e quando finalmente a fechadura da porta se rompeu, uma criatura deformada com pele esverdeada e gosmas escorrendo de seus machucados correu ferozmente em sua direção, quando faltava menos de um centímetro pra tocá-la um grito ecoou por todo o quarto e a mesma abriu os olhos, ela estava  suando em cima de uma cama de solteiro, ainda numa casa desconhecida ela passava a mão sobre o rosto limpando o suor, suas roupas tinham sido trocadas e agora ela vestia um vestido amarelo escuro, ao levanta meio tonta como se sua cabeça tivesse sido aberta ela caminhou em direção a porta também de madeira, ela hesitou, olhou ao redor, notou os mesmos e reconhecíveis livros,  e por segundo quando lembrará do que tinha acabado de acontecer suas mãos tremeram e ela se sentiu tonta a ponto de cair, mas se manteve em pé com o pensamento.

 

“ foi só um sonho… só um sonho … só um sonho “ 

Voltando a si ela tentou abrir a porta e ao abri-la se surpreendeu, ela estava diante de um corredor mal decorado tendo alguns quadros sobre a parede, ela se aproximou e olhou alguns, todos meio parecidos mostrando uma senhora sempre alegre, um senhor e uma criança. Até certo ponto os quadros os mostravam sorrindo, mas depois alguns só mostravam a criança e o velho meio sérios e sem graça, enquanto olhava um desses, passos no cômodo de baixo chamaram sua atenção e uma voz rouca veio do mesmo.

-  Então, o que fazem por essas bandas crianças?

- Essas bandas? Ainda estamos na nossa cidade. 

Ao ouvir tais palavras a professora se afastou evitando que as tábuas fizessem barulho e com passos leves voltou ao seu quarto, e ouviu mais uma vez.

-  Sofy esse é o seu nome?

Depois daquilo seu corpo involuntariamente quis descer até lá, sua respiração se tornou pesada e com força ela se apoiou nas paredes enquanto se acalmava, primeiro ela tinha que pensar e começou com ... "mas e se eles são mesmo pessoas ruins, vou precisar de alguma coisa…"  logo ela voltou ao quarto e olhou em algumas gavetas que faziam parte de um longo e espaçoso armário, revirando-às o conteúdo, em muitas dessas gavetas só tinham papéis e em alguns mapas, o que acabou chamando sua atenção, ela abriu alguns deles e notou de vermelho um enorme x em alguns lugares escrito.

“campos de concentração"

Esse mapa em específico ela pegou e o guardou, ao olhar mais uma vez na mesma gaveta embaixo de outros mapas um brilho enferrujado exibia uma pistola, ela pegou a arma olhou quantas balas tinham e fechou a gaveta, no fim na arma não tinha nem uma bala mas mesmo assim ela a empunhou e foi até as escadas sorrateiramente. Não se ouvia mais nada, apenas o barulho de uma chaleira fervendo, ela caminhou até a cozinha ignorando a sala e com passos leves chegou a porta, em frente ao fogão preparando o chá estava uma figura idosa com suéter e calças amarrotadas e um tanto velhas, Alice se aproximou por trás e destravou a arma apontando pra cabeça do velho, o barulho o fez pensar duas vezes antes de continuar a mexer na prateleira, suas mãos foram ao alto e com uma voz rouca ele disse.

-Vejo que estar de pé, que bom que acordou – falou com tom irônico e aquela voz engasgada e rouca.

- Bom, se não fosse por você eu nem teria desmaiado não é ou estou enganada.

- Não não, aquilo foi necessário - ele sorriu- Vejo que você também encontrou um de meus brinquedos.

- Isso ah..   foi muita idiotice sua deixar algo assim por aí …

O velho sorriu e por um momento o mesmo barulho de destrava preencheu a sala e agora o cano de uma espingarda tocava as costas de Alice.

— há  há … - gargalhadas - Devia prestar mais atenção nas coisas, ou achou que seria assim tão fácil.

Ela tentou olhar para trás mas a arma foi forçada sobre suas costas o que a fez levantar as mãos  em sinal de rendição, o senhor virou-a tomou a arma e olhou as balas curioso.

— haha ha, você tem coragem esqueci dessa belezinha lá em cima, tô ficando mesmo velho.

 

Depois de um sorriso descontraído o velho olhou para trás de Alice e fez sinais de mão, como se estivesse se comunicando com o outro que no mesmo instante largou a arma e se afastou.

 

- Desculpe a minha neta. E abaixa essas mãos vocês são convidados.

- Neta? - ela olhou pra traz – Convidados? 

-Éh... não te traríamos aqui, trocaríamos suas roupas, te ofereceria do meu melhor chá – ele lhe entregou uma caneca um pouco quente - e depois te mataríamos, se fôssemos te matar teríamos abandonado vocês onde estavam e agradeça a ela - ele disse apontando pra garota escorada na porta segurando a arma – ela me convenceu a ajudá-los, seu nome é Mia, e eu ... bom me chame como quiser.

- Não estou entendendo … 

- Primeiro, de nada, segundo, beba se não esfriará, e terceiro, seus amigos estão na sala, me acompanhe - o velho caminhou meio manco até a sala.

Antes de sair ele fez mais uma vez sinais de mão e a garota se pôs a terminar o que ele fazia. O senhor levou Alice até a sala e lá sobre uma mesa meio triste ela encontrou sofy, Sam, Vicky e Liza que rapidamente mudaram suas expressões quando a viram.

- Professora …digo Alice você está bem? -Vicky falou com a voz um tanto melosa.

 

-  Alice... o Ned … eles …-  Sofy contínuo evitando palavras desnecessárias. 

Sam se manteve calado e quando seu olhar encontrou o de Alice a única coisa que expressou foi um sorriso despreocupado e triste.

- Está tudo bem, eu entendo, que bom que estão bem … - ela falou olhando pra todos eles.

-  Você já conheceu o senhor Wiggins, foi ele que nos ajudou, e a Mia - Vicky falou vindo de fora da casa.

- Obrigado, vocês ... - ela agradeceu virando-se pra eles.

-  Não foi nada, que bom que estão bem, é bom ver esse momento de família.

- Ah não – ela sorriu - são só meus alunos.

-Alunos? - o velho perguntou enquanto coçava a cabeça.

-Sim … - ela afirmou com um sorriso de olhos fechados ... 

Depois da recepção, todos se sentaram à mesa e Alice começou a falar como tinham sido seus últimos dias desde o acontecido, foi uma conversa não muito longa e a cada minuto Mia servia chá para todos. ela começou contando sobre a escola, sobre o que aconteceu quando saíram e sobre como tinham sido seus dias na estrada. No fim, todos ainda estavam sentados a mesa com os olhos fixos as xícaras de chá ainda sem dar um único gole, e no meio disso a conversa voltou pra Miia que também tinha se sentado a mesa.

Alice segurou a xícara com as duas mãos e após assoprar algumas vezes levou-a até a boca e depois perguntou.

-Mia, o que aconteceu com você?

Ela ia começar a falar, mas o velho a interrompeu e falou em seu lugar.

-  Ah Mia, ela não era assim antes - o velho começou - era uma garota animada e falatória … sempre alegre … mas só até  … só até ...- Suas palavras saiam pausadamente e sua expressão demonstrava tristeza o que fez Alice muda de assunto.

 

- Vocês sabem alguma coisa sobre o que está acontecendo? Alice perguntou séria.

- Todas aquelas criaturas, aquelas mortes, não sabemos muita coisa – a expressão do velho mudou em um segundo e respondeu com sua voz rouca e engasgada.

           

- O que são as pessoas lá fora? o que aconteceu? Como ficaram assim? – Sofy exclamou com as perguntas que rodeavam a sua mente. 

No mesmo segundo Sam olhou pra Vicky e no mesmo instante voltou seu olhar pra xícara enquanto pensava.

"Não acho que seja uma boa ideia contar, não agora… " ele bebeu um pouco do chá.

-Pessoas?! Todos que vivem, que comem, que respiram daquele jeito, não merecem ser chamados de pessoasz eles são monstros!? Mia exclamou com uma voz cujas letras escapavam de sua língua e de seu controle.

Todos olharam pra ela e foram dela pro velho que parecia acalma-la.

-  Bom, não temos certeza do que sabemos, mas tudo que sabemos, ouvíamos pelo velho rádio, a velha estação da cidade, eles sempre dizem a mesma coisa, começou a um mês nas cidades grandes, disseram que algo se espalhou em Nova York e deixou muitas pessoas agressivas e fora de si, elas se atacavam como animais, a cidade foi fechada a tempo, mas isso já tinha se espalhado e estava acontecendo por todo o mundo, quando chegou na nossa cidade foi a mesma coisa, alguém era mordido e se transformava em um deles, a coisa mais estranha é que não falaram nada sobre aquela coisa verde e sobre eles levantaram duas vezes - ele parou, coçou mais uma vez a cabeça, e depois de também beber do chá ele continuou-  As transmissões pararam a álguns dias e quando íamos sair pra patrulhar encontramos a Sofy e a Liza na estrada pedindo ajuda e foi assim que chegamos até vocês, sinto muito pelos seus amigos, todos estão perdendo alguém.

Sam olhou mais uma vez pra Vicky, e voltou seu olhar pro velho e pra Mia, retornando mais uma vez ao chá e bebendo enquanto pensava.

"Não tem como ter se espalhado tão rápido pras outras cidades, e ...e ...e … e se for mesmo verdade, não faz nenhum sentido, e o laboratório?"

Ele bebeu mais uma pouco do chá e dessa vez percebeu que a xícara estava vazia. 

- Obrigado, o senhor ajudou bastante -Alice falou olhando pro velho.

- Se quiserem ficar, temos muitos quartos, e a Mia precisa de companhia, de gente da idade dela sabe.

-Não …obrigado - ela também bebeu mais um pouco do chá - vamos continuar na estrada, estamos procurando um lugar onde não precisamos nos esconder dessas coisas, se quiserem vir com a gente, o senhor e sua neta - Alice falou pousando a xícara na mesa.

 

- Não... não … não consigo andar muito bem e já to acostumado a aqui, não acredito que haja um lugar onde essas coisas não são essas coisas, mas boa sorte pra vocês.

- Podemos passar esse dia aqui? Vamos descansar primeiro antes de seguir viagem. E o senhor pode nos ajudar com gasolina? Nosso carro ficou lá no alto da estrada.

- Tudo bem, e como eu disse tem muitos quartos.

-Obrigada Mia- Alice a olhou e fazendo sinais de mão agradeceu - também conheço essa linguagem.

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Comments

Unmei

Unmei

eu não tenho QI o suficiente pra pensar nisso 😔

2022-10-30

1

Unmei

Unmei

análise 🧐

2022-10-30

1

Unmei

Unmei

porra me mata do coração não'-'

2022-10-30

1

Ver todos

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