Capítulo 18

No dia seguinte e assim como no próximo, não houve muitas descobertas, o clima estava gélido e o ar de fora da casa parecia não ser muito agradável, o que fez os próximos dias exigiram o calor e a cobertura da velha casa de madeira. 

Os dias apenas passavam descontroladamente como se o próprio tempo tivesse enlouquecido, não se tinha o conforto da terra sobre os pés nem o ar estonteante sobre a pele. Conforme a primeira semana passava o convívio com o velho e Mia tinha se tornado seguro e familiar, depois de um tempo tinha se estabelecido uma tarefa para cada um, Sofy cuidava das hortas e plantas da fazenda enquanto Vicky cuidava da arrumação da casa em conjunto com Mia e Liza, cada uma responsável por um cômodo, Alice ficará responsável pelas refeições e de vez em quando ajudava os outros com a comunicação com a Mia lhes ensinando o necessário daquela linguagem rubra, e Sam, Sam cuidava dos animais, ia raramente aos pasto e na maioria das vezes se mantinha isolado e calado, apenas esperando com calma o fim da primeira semana.

Sabia-se que cada momento de um puro sentimento positivo parecia simples e irreal, uma subjetividade estava tomando conta de tudo, começou no décimo dia, não sendo um dia especial nem importante aconteceu uma breve mas não desalegre noite de jogos depois do jantar. Sobre a mesa de madeira negra da sala foi se aberto um enorme e colorido tabuleiro de um jogo cujo nome era desconhecido, parecia ter sido feito a mão, com piões, cartas e até dados de papel, o objetivo era chegar ao fim de uma floresta atravessando perigos e desafios, até Alice se pôs sobre uma das cadeiras animadas e deixou que aquele momento a dominasse, exibindo competitividade e emoções ao longo do jogo Alice, Sam, Vicky e Mia, pareciam velhos conhecidos compartilhando de gargalhadas enquanto Liza lia um livro observando e opinando nas jogadas, foi uma não longa noite divertida, diversão que fazia tempo que eles não experimentavam, mas Sam, Sam ainda estava insatisfeito: As gargalhadas em suas feições despreocupadas ... do que riam? ... de um momento de descontração, das piadas soltadas por Vicky? Da competitividade exagerada e azarada de Alice ? ...  não ... se não ... então do que riam? Ainda estava em seus peitos aquele argo da estrada, aquele barulho e gritos da sala, se isso pudesse ser substituído pelo riso, por um momento alegre, pela excitação emocional, tudo bem, eles fariam isso ... não ... eles estavam fazendo ... disfarce ... essa é a palavra, eles estavam disfarçando os sentimentos ruins, usando os surperficiais, não chegavam a ser mesmo superciais, mas o fato de os usar como disfarce, como mascaras, os tornava.

Aconteceu outros eventos parecidos, como noites de contos onde todo se reuniam no segundo andar em um dos quartos e com uma mínima luz contavam entre si diversas histórias, foi se compartilhado pipoca, risos e até gritos das histórias de terror que Liza narrava, foi uma noite um pouco longa que passou rápido, nesse dia, a mascara racho, os gritos foram reais, o susto foi presente, e as historias, as historias foram inspiradas nos seus sofrimentos. Aos olhos de Alice a vida deles era alegre, todos os dias eles acordavam animados, mesmo no café da manhã tinha alegria em seus olhos, necessidade em seus movimentos, e interesse em suas vozes, mas a verdade é que a vida deles...eles não estavam sendo reais e tudo se resumiu a: Nos primeiros dias a maravilha de explora um ambiente desconhecido, no primeiro mês o desinteresse disfarçado e no dia combinado o caos.

Finalmente tinha chegado o dia prometido, o fim da segunda semana do primeiro mês. De manhã todos acordaram ao ressoar dos ventos de inverno sobre a janela, a professora já tinha preparado o café e o velho já tinha saído pra suas vigílias matinais, quando mais uma vez o vento balançou as janelas Sam levantou, levantou despreocupado e sereno como se fosse um dia comum e normal, foi até o quarto das garotas e as acordou, as chamou da porta ainda com cara de sono, quando elas enfim levantaram ele se retirou, mas como se estivesse esquecido alguma coisa ele voltou e disse palavras que foram identificadas como um sinal.

- Os mortos ... estão nos esperando – outros teriam estranhado suas palavras, mas pra elas foi como um tiro certeiro no escuro. 

Depois de prepararem as coisas elas descerão para o café, a expressão em seus rostos era serena e calma, como a de um dia comum sem a mínima importância.

- Professora ... – Sam começou interrompendo o pedaço de bolo que ela encaminhava até a boca - Estamos pensando em sair e ir atrás dos porcos de fugiram ontem à noite.

- Eles fugiram? – ela perguntou com expressão confusa.

- Sim ... – ele disse com confiança em suas palavras – eles não podem ter ido muito longe e eu chamei as garotas pra me ajudarem.

- Tudo bem.... – ela disse despreocupada enfim dando a primeira mordida no pedaço de bolo.

- Mesmo? – sofy estranhou

- Sim, contanto que não voltem muito tarde, parece que tem uma tempestade se aproximando.

- Ta, nós vamos depois do almoço – Sam confirmou.

 

E assim o café continuou, Sofy e Liza se manteram caladas até o fim do café da manhã e quando voltaram ao quarto chamaram a atenção de sam o abordando.

- Sam ...  – Sofy comecou tentando tomar cuidado com as palavras- não acha que devemos repensar, a professora parece estar tão bem ... podemos.

- o que Sofy?

- Podemos acabar estragando tudo.

- Sam, ela pode ter razão- Vicky falou com um olhar triste e afastado

- Voces ... não .. achei que voces entendiam.

- Nós entendemos ... entendemos mesmo....

-Então por que?

- Por que pode ser perigoso, não só pra nós mas pra todos. 

- Por que acham que estamos fazendo isso em? É por causa desse sentimento, desse medo, dessa angustia, dessa corrente de preocupação que nos aprisiona, não quero sentir mais isso, não quero que ninguém mais sinta isso.

Elas pararam por alguns vagos minutos, enquanto as outras chegavam a porta do quarto.

-E então? - ele perguntou demonstrando impaciência.

- Sam, não concordamos com essa ideia ... mas ... vamos com você - elas falaram, receando as palavras.

-E você Mia? - ele falou a fitando na porta.

- Não quero pensar em desistir agora, tive bastante tempo pra pensar e estou ciente do que vamos fazer, entao, vou segui até  que minhas pernas me traiam.

- Então todos nós, todas vocês estao comigo?

-Sim - Liza falou se aproximando dele- confesso se uma ideia idiota, um motivo idiota, escolhas idiotas, mas sei lá… tá tudo meio sem graça ultimamente… então sim.

Quando chegou o almoco todos se juntaram a mesa, até o velho que tinha acabado de chega da vigilia, não foi um almoço muito longo, não teve conversas no dercorrer e todos comeram concentrados em seus pratos, quando enfim terminou o velho sem muita cerimônia voltou a sair de carro e Alícia se pôs a arrumar a cozinha, os outros subiram aos quartos, pegaram suas bolsas e tendo tudo que precisavam desceram as escadas correndo, a professora que estava na cozinha ouviu os passos apressados e gritou confusa.

- Vocês já estão indo? – ela exclamou enquanto lavava as panelas

Sam que desceu as escadas por último parou e a respondeu - Sim, não vamos demorar, só vamos até os limites e caso não os encontramos nós vamos voltar.

- Estar tudo bem, estão levando algo pra comer caso demorem? 

- Sim ... – Sam respondeu já estando longe o suficiente pra ela não ouvi-lo.

Do lado de fora, alcançando a cerca, eles pararam, se entreolharam e Sam que liderava se virou e disse antes de começarem a pula-la.

-Vamos mudar de uma vez por todas isso. Essa será a última vez...a última. 

Depois de estarem distantes, eles começaram a andar normalmente, uns ainda duvidosos sobre fazer o que faziam, outros assustados e ao mesmo tempo confiantes, a caminhada que os levava até o alto monte era longa e perigosa mas Mia os guiou pelo melhor caminho e menos perigoso, eles atravessaram uma floresta de pequenas dimensões, passaram por um lago de pesca e quando finalmente avistaram as porteiras eles se assustaram, pararam e pensaram nesse único momento em voltar, ainda não era muito tarde mas as nuvens densas que cobriram o sol trouxeram consigo o ar da noite e aos poucos gotas e mais gotas de chuva começaram a cair, eles se aproximavam mais e mais, ignorando o solo escorregadio, as rochas no caminho e o medo que sentiam, quando enfim chegaram perto o suficiente pra sentir o odor da carne podre eles pararam.

- Não temam – ele tentava se convencer de que estava tudo bem – eles estão presos, preparem o que trouxeram.

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